Dois meses antes de eleição, Lira busca apoio de partidos para seguir no comando da Câmara
Arthur Lira em reunião com Lula, no início do mês — Foto: FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Faltando pouco mais de dois meses para a eleição da Mesa Diretora da Câmara, no início de fevereiro, o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), intensificou a movimentação em busca de apoio para uma reeleição.
Nesta semana, Lira recebeu apoio público de mais partidos – incluindo duas das maiores bancadas que tomarão posse no próximo ano, União Brasil e Republicanos.
Até agora, 💥️oito partidos formalizaram apoio a Lira:
As legendas, juntas, terão 187 deputados no início do próximo ano.
Apesar de já ter confirmado apoio a Lira, o PDT deve realizar uma reunião no próximo dia 6 com a Executiva Nacional e a bancada para ratificar a decisão, segundo o líder do partido na Câmara, André Figueiredo (CE).
O presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), anunciou o apoio do partido ao lado de Lira, durante coletiva de imprensa convocada nesta quarta-feira (23).
"Nós confiamos na sua imparcialidade, na sua defesa do nosso poder Legislativo, na defesa das nossas instituições e, por consequência, no estado de Direito", disse Bivar na ocasião.
Outros dois partidos com grandes bancadas formadas para a próxima legislatura, 💥️PL (99 deputados) e PSD (42), ainda não oficializaram apoio à recondução do deputado – mas já sinalizaram nos bastidores que também podem apoiar Lira.
No início de novembro, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, disse em uma coletiva de imprensa que a sigla iria apoiar a candidatura de Lira, desde que o presidente da Câmara trabalhasse para garantir um nome do PL na presidência do Senado. O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, elegeu as maiores bancadas nas duas Casas.
Aliado de primeira hora de Bolsonaro, Lira também já abriu diálogo com o presidente eleito pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois se reuniram na primeira semana de novembro em Brasília, na residência oficial da Câmara.
Após o encontro, Lula disse a jornalistas que o Executivo não irá interferir na eleição para presidência da Câmara – o que foi considerado por deputados petistas como um aceno para que o PT não tenha candidato próprio e até apoie formalmente Lira.
O partido carrega um trauma desde 2015, quando a então presidente Dilma Rousseff apoiou a eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara, mas o petista foi derrotado pelo deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), que meses depois decidiu abrir um processo de impeachment contra Dilma.
Se o presidente da Câmara receber também o apoio de parlamentares do PL, do PSD e do PT, 💥️poderá chegar a uma aliança de quase 400 deputados.
Lira foi eleito com 302 votos em fevereiro de 2023 para comandar a Casa por dois anos, após derrotar seu principal concorrente, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que tinha o apoio do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PSDB-RJ).
Como a 💥️eleição para a Mesa Diretora da Câmara é secreta, o apoio de um partido não necessariamente significa que a sigla levará o voto de todos os parlamentares da bancada. Contudo, até o momento nenhum outro deputado despontou como forte concorrente a Lira.
Segundo o regimento da Casa, para que um candidato vença a presidência da Câmara no primeiro turno, é necessário ter o apoio da maioria absoluta dos votantes, desde que haja um quórum mínimo de 257 deputados. Ou seja, se tiver 500 votantes, bastam 251 votos para eleger um candidato no primeiro turno.
Se houver segundo turno de votação, vence a presidência da Câmara o candidato que obtiver maioria simples dos votos, desde que haja quórum de 257 deputados.
A costura do acordo para a eleição para a presidência da Câmara passa pela formação de um grande bloco parlamentar, que deve unir os partidos que apoiarão Lira.
O tamanho dos blocos e dos partidos são levados em conta para a distribuição das vagas na Mesa Diretora, responsável pela condução dos trabalhos legislativos e a administração da Casa.
Além da presidência da Câmara, estão em disputa outras dez cadeiras na Mesa: duas vice-presidências e quatro secretarias (com quatro vagas titulares e quatro suplentes).
A formação de blocos também é importante para que as maiores bancadas possam definir suas preferências para o comando das comissões temáticas, além do número de cadeiras nos colegiados. As duas comissões mais cobiçadas são a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e a Comissão Mista de Orçamento (CMO).
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