Pequim reafirma que política de Covid Zero é 'um sucesso', apesar de protestos
O governo chinês reage aos protestos do fim de semana contra a política de Covid Zero no país e reafirma que a "luta contra a epidemia será um sucesso", declarou nesta segunda-feira (28) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian. Apesar da audácia demonstrada por alguns manifestantes, ao criticar publicamente o presidente Xi Jinping e o Partido Comunista Chinês (PCC), as manifestações são quantitativamente marginais em um país de 1,4 bilhão de habitantes.
As imagens de manifestantes revoltados contra a política draconiana do governo chinês estão sendo censuradas pelas autoridades e desaparecem pouco a pouco da internet. Com folhas de papel em branco nas mãos, centenas de chineses protestaram ao longo do fim de semana em mais de uma dezena de cidades, entre elas Pequim e Xangai. Exasperados com os sucessivos lockdows, alguns cidadãos criticaram o PCC, pediram a demissão de Xi Jinping e clamaram por "liberdade em vez de testes e confinamentos".
O policiamento é ostensivo nesta segunda-feira em Pequim e Xangai, onde duas pessoas foram detidas. Essa mobilização popular já é a maior na China desde os protestos pró-democracia na praça da Paz Celestial (Tiananmen), em 1989.
1 de 1 Em Xangai, policiais observaram os manifestantes sem reprimir o protesto deste domingo, 27 de novembro de 2022 — Foto: REUTERS - STAFFEm Xangai, policiais observaram os manifestantes sem reprimir o protesto deste domingo, 27 de novembro de 2022 — Foto: REUTERS - STAFF
A revolta não deve ceder nas próximas semanas, já que o país segue registrando aumento de casos de Covid-19: 40 mil novas infecções nas últimas 24 horas, um nível recorde pelo quinto dia consecutivo. As cidades de Guangzhou e Chongqing são particularmente afetadas pela propagação da doença.
Investidores temem consequências das restrições para a economiaAs principais bolsas de valores da Ásia iniciaram a semana em queda, devido ao clima de incerteza na segunda maior economia do mundo. Os preços do barril de petróleo e das principais commodities recuam, enquanto Pequim continua a endurecer as restrições de circulação para conter a pandemia.
Segundo o diário econômico francês Les Echos, "muitos investidores ficaram espantados com a audácia demonstrada por alguns manifestantes" e temem as consquências das medidas de restrição. "Slogans que não eram ouvidos publicamente na China há décadas estão abalando a imagem de estabilidade cultivada por Pequim", observa o diário.
Diante da intransigência das autoridades, que reafirmam que a política de Covid Zero será bem-sucedida, e prevendo prejuízos para as empresas nos próximos meses, com o alastramento da pandemia, muitos investidores vendem as ações de maior risco, escreve o Les Echos.
Os chineses estão fartos das campanhas de testagem em massa e de lockdowns, ainda mais quando observam que o resto do mundo já passou para uma fase pós-pandemia. Em praticamente todos os países, as restrições contra a Covid-19 foram flexibilizadas, à medida que surgiram variantes menos virulentas e as campanhas de vacinação demonstraram sua eficácia.
Daí a irritação de um morador de Chongqing, sublinha Le Monde. O homem se tornou um herói nas redes sociais, depois de dizer que havia apenas uma doença no mundo: a falta de liberdade e a pobreza. "Estamos sendo torturados por um resfriado", disse ele.
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