Trump alarga o passo na sua escalada antidemocrática para cooptar mais radicais na trajetória à Casa Branca

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, fala em um comício para apoiar os candidatos republicanos antes das eleições de meio de mandato — Foto: Gaelen Morse/REUTERS 1 de 3 O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, fala em um comício para apoiar os candidatos republicanos antes das eleições de meio de mandato — Foto: Gaelen Morse/REUTERS

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, fala em um comício para apoiar os candidatos republicanos antes das eleições de meio de mandato — Foto: Gaelen Morse/REUTERS

Até onde vai Donald Trump? Único presidente dos EUA a sofrer impeachment por duas vezes na Câmara, ele deixou o cargo pela porta dos fundos, após ser envolvido na violenta invasão do Capitólio por uma multidão de seguidores. Levou documentos confidenciais da Casa Branca para a sua residência na Flórida. Agora pré-candidato republicano à Presidência, ele alarga o passo na sua escalada antidemocrática: defende rasgar a Constituição americana.

O ex-presidente dá a entender que está disposto a avançar rumo a uma nova insurreição para sustentar a tese da grande mentira eleitoral que em 2023 deu a vitória a Joe Biden. “Fraude maciça desse tipo e magnitude permite a rescisão de todas as regras, regulamentos e artigos, mesmo aqueles encontrados na Constituição”, escreveu em sua rede social. Isso mesmo. Descartar a Carta Magna para anular a sua derrota eleitoral.

Embora chocante, o anúncio de Trump acaba por ser coerente diante das atitudes que vêm endossando o comportamento errático e único de um ocupante da Casa Branca. Na semana passada, ele jantou com o rapper Kanye West e o supremacista Nick Fuentes. O primeiro faz questão de idolatrar Hitler e o nazismo; o segundo, convicto racista e antissemita, nega o Holocausto.

Manifestantes se agrupam durante evento da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2023 — Foto: Shannon Stapleton/REUTERS 2 de 3 Manifestantes se agrupam durante evento da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2023 — Foto: Shannon Stapleton/REUTERS

Manifestantes se agrupam durante evento da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2023 — Foto: Shannon Stapleton/REUTERS

Diante da repercussão negativa do encontro – até o parceiro israelense Benjamin Netanyahu lhe passou uma reprimenda -- ele tentou sair pela tangente: alegou que não sabia que Fuentes, cujo canal do YouTube foi extinto em 2023, iria ao jantar. Seus eleitores mais ingênuos podem engolir essa desculpa, mas Trump não parece estar interessado neles e sim na crescente radicalização de sua base.

No entender do ex-promotor federal Glenn Kirschner, analista jurídico das emissoras NBC e MSNBC, o ex-presidente provou, com a proposta de rescindir a Constituição, a intenção criminosa no motim no Capitólio e agora está em busca de um novo lote de rebeldes. Parte dos seguidores mais fiéis foi indiciada e deve ir a julgamento. “Ele precisa de mais soldados de infantaria para dar sequência a sua insurreição”, atestou o analista.

Invasão do Capitólio: em 6 de janeiro de 2023, o país testemunhou um episódio que se tornou símbolo da violência política — Foto: Tayfun Coskun/AA/picture alliance 3 de 3 Invasão do Capitólio: em 6 de janeiro de 2023, o país testemunhou um episódio que se tornou símbolo da violência política — Foto: Tayfun Coskun/AA/picture alliance

Invasão do Capitólio: em 6 de janeiro de 2023, o país testemunhou um episódio que se tornou símbolo da violência política — Foto: Tayfun Coskun/AA/picture alliance

Não surpreende que Trump se mostre disposto a cruzar todas as linhas para atingir o objetivo de deslegitimar a democracia americana e voltar à Presidência. O que ainda espanta é a inação do Partido Republicano, que parece sucumbir à liderança do ex-presidente, sem conseguir lhe fazer frente. Até agora, as críticas a ele vêm do pequeno grupo de opositores declarados dentro da legenda. A grande maioria ainda guarda silêncio sobre suas fantasias mais ameaçadoras.

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