Motorista de ônibus do Rio é preso pela segunda vez, mesmo depois de ser considerado inocente pela polícia

Um motorista de ônibus do Rio foi preso pela segunda vez mesmo depois da Polícia Civil dizer que a inocência dele foi provada. Desde 2015, Rian dos Santos Moreira tenta provar que não tem envolvimento com o tráfico de drogas.

"Minha vida virou um inferno, foram 19 dias dormindo mal em uma cela com 190 pessoas. Ambiente úmido, mal cheiro insuportável, ratos, pessoas com doenças, tuberculose poderia pegar, pessoas com coceira de carrapato, cheio de feridas, ambiente totalmente desumano”, relata Rian.

O motorista de ônibus descobriu que era alvo da Operação Martelo em uma manhã de 2015, mas ele nunca teve nenhum antecedente criminal. A investigação era sobre uma organização ligada ao tráfico de drogas na Zona Oeste do Rio.

“Fiquei sabendo através da minha mãe, eu estava no meu trabalho, minha mãe me ligou desesperada dizendo que tinha policiais civis na minha casa. Depois eu voltei correndo pra casa ciente que tinha mandato de busca e apreensão contra a minha pessoa e com tráfico de drogas, coisas que eu não estava nem sabendo. Aí fui conduzido pra cidade da polícia, informei que estava trabalhando”, relembra o motorista.

Motorista de ônibus é preso pela segunda vez mesmo sendo inocente — Foto: Reprodução/TV Globo 1 de 3 Motorista de ônibus é preso pela segunda vez mesmo sendo inocente — Foto: Reprodução/TV Globo

Motorista de ônibus é preso pela segunda vez mesmo sendo inocente — Foto: Reprodução/TV Globo

“Não. Não conheço essas pessoas, nunca tive contato com o tráfico, nunca coloquei um cigarro ilícito na boca e fui acusado de ser traficante numa quadrilha que colocaram 24 pessoas num processo sem fundamento algum contra a minha pessoa”, completa ele.

O motorista foi incluído no inquérito porque interceptações telefônicas encontraram uma linha cadastrada no nome da mãe dele. O número era o mesmo usado por traficantes.

"Eu fiquei sabendo que era o meu CPF que estava cadastrado nesse chip, eu falei ‘gente, como que foi’, aí eu fiquei sabendo que como vendo Natura, Avon, alguém deve ter pegado no meio das minhas coisas, rapaz entrega em casa, não sei quem foi pegou meu CPF e cadastrou e começou a perturbação na vida do meu filho até os dias de hoje”, afirma a mãe.

Motorista é preso depois de ter número interceptado por criminosos — Foto: Reprodução/TV Globo 2 de 3 Motorista é preso depois de ter número interceptado por criminosos — Foto: Reprodução/TV Globo

Motorista é preso depois de ter número interceptado por criminosos — Foto: Reprodução/TV Globo

A polícia chegou a apreender o celular do Rian, mas devolveu sem encontrar nada suspeito.

Rian e a mãe começaram uma luta para provar que ele não era o traficante procurado pelos policiais e foram até a 41ºDP (Tanque), que investiga o caso, e esclareceram a situação. A Polícia Civil reconheceu que ele era o suspeito errado, até porque ele ajudou a identificar o verdadeiro criminoso.

Em um documento de 2016, a Polícia Civil pede a retirada do nome de Rian do rol dos envolvidos na investigação e o delegado pede que a conclusão seja enviada para a Justiça do Rio. No mês passado, seis anos depois de ter provado que não era traficante, ele foi preso em casa. Rian permaneceu preso por 19 dias.

Homem é preso pela segunda vez mesmo sendo inocente — Foto: Reprodução/TV Globo 3 de 3 Homem é preso pela segunda vez mesmo sendo inocente — Foto: Reprodução/TV Globo

Homem é preso pela segunda vez mesmo sendo inocente — Foto: Reprodução/TV Globo

"Eu me senti humilhado sair algemado de casa, vizinhos vendo, minha vida desmoronou. Eu quero continuar trabalhando, tenho investimento, sociedade de academia que está dando certo e vai ser dessa forma, vou conseguir seguir em frente e vida normal. Espero ser absolvido desse processo que não tem relação nenhuma com a minha pessoa", pede ele.

O advogado de Rian conseguiu um habeas corpus e ele foi liberado. Retornou à rotina e recuperou o emprego, mas ainda responde ao processo. A defesa avalia que houve erros no processo.

"Eu entendo que o processo era físico, tem mais de 6 mil páginas, não estamos tratando de um bem material de pouco valor, é da liberdade de uma pessoa. Tem que ter muita responsabilidade quando vai tratar da liberdade de alguém. Eu acho que tem faltado responsabilidade, analisar autos do processo porque tem diversas informações que provam que o Rian não foi envolvido e outras que não tem provas", afirma o advogado Deryk Renato.

Segundo o Tribunal de Justiça, os juízes não podem manifestar opinião sobre o processo em tramitação e que a prisão de Rian foi decretada pelo fato de ele estar foragido e foi revogada pelo próprio juízo em razão da apresentação do réu.

A defesa de Rian nega que ele estivesse foragido. Segundo o advogado, a Justiça deveria ter tentado notificar a empresa onde ele trabalha há mais de dez anos e que ele está à disposição para prestar todos os esclarecimentos.

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