82,8% das Grandes Empresas portuguesas incorporam ODS nas suas estratégias



A Católica Lisbon School of Business & Economics lançou o terceiro relatório do Observatório dos ODS nas empresas portuguesas (Observatório), um trabalho realizado entre 2023 e 2024 que inclui a auscultação, através de questionários e entrevistas, das empresas a atuar na economia portuguesa selecionadas para o estudo: 58 Grandes Empresas e 132 Pequenas e Médias.

Tal como no ano anterior, os dados continuam a demonstrar uma adoção crescente da Agenda dos ODS por parte das Grandes Empresas, acompanhada por um envolvimento progressivo das PMEs.

De acordo com este Relatório, uma iniciativa do Center for Responsible Business & Leadership da CATÓLICA- LISBON em parceria com a Fundação BPI “la Caixa”, verifica-se uma evolução significativa na incorporação dos ODS nas estratégias empresariais das Grandes Empresas (de 67,2% para 82,8%), e cada vez mais estas empresas definem as suas estratégias de acordo com os ODS (26,2% no Ano 2 vs 34,5% no Ano 3).

Nas PMEs, verificou-se um aumento na incorporação dos ODS nas suas estratégias, passando de 30,6% para 40,1%. Além disso, um número crescente de empresas passou a definir as suas estratégias de acordo com os ODS (de 1,9% para 6,8%), embora a maioria (71,2%) ainda prefira selecionar como ODS estratégicos que estejam alinhados com a sua estratégia de negócio.

A maioria das Grandes Empresas (87,9%) e das PMEs (66,7%) vê os ODS como uma oportunidade de negócio (vs. 78,7% e 63,9% no Ano 2, respetivamente).

Aumentou também o número de empresas que consideram que os ODS mais estratégicos servem como suporte ao processo de tomada de decisão. (Para as Grandes Empresas o aumento foi de 73,8% no Ano 2 para 79,3% no Ano 3 e para as PMEs houve um aumento no número absoluto, de 74 para 88 empresas, embora tenha ocorrido uma redução percentual de 68,5 para 66,7%)

“É possível, portanto, reafirmar a conclusão do Ano 2 que indica um aumento geral do alinhamento estratégico das empresas com os ODS. Este aumento é particularmente evidente nas Grandes Empresas, resultando num aumento do gap em relação às PMEs”, sublinha o relatório.

O Gap entre a importância atribuída aos ODS e a sua implementação deixou de existir nas GEs – embora permaneça para as PMEs.

As Grandes Empresas continuam a atribuir maior importância aos ODS 8, 13, 5, 7, 12 e 9 e enquanto as PMEs destacam os ODS 8, 9, 7, 12, 4 e 3, atribuindo menor relevância ao ODS 5. Foi identificado, para as Grandes Empresas, um gap entre a importância e o contributo para os ODS 13 e 7, indicando que estas sentem estar a contribuir menos para dois dos ODS que consideram prioritários.

No caso das PMEs, observa-se o oposto, com um menor gap no contributo para os ODS 7 e 8. A falta de conhecimento sobre os ODS e sobre como os operacionalizar foram identificadas como as principais barreira pelas PMEs.

Além disso, a falta de recursos financeiros e humanos necessários para a plena implementação da Agenda 2030 também são barreiras relevantes. As duas principais barreiras são similares aos do Ano 2; já a a limitação de não ver os ODS como oportunidade de negócio, que aparecia em terceiro lugar no ano anterior, parece estar a reduzir.

💥️Linguagem da Agenda continua a ser a principal barreira para as grandes empresas

As Grandes Empresas identificam como maior desafio o facto de o framework dos ODS ser demasiado distante da linguagem empresarial. De acordo com as entrevistas realizadas, as empresas mostram uma preferência pelo framework ESG, por considerarem-no mais alinhado com a realidade corporativa.

Adicionalmente, a crescente carga legislativa em Sustentabilidade tem levado as empresas a priorizar as obrigações regulatórias, relegando a integração dos ODS para um plano secundário, uma tendência confirmada nas entrevistas.

A falta de conhecimento sobre os ODS é identificada como segunda maior barreira para as Grandes Empresas.

Em terceiro lugar encontram-se a falta de conhecimento sobre operacionalizar e a falta de recursos, embora ambas barreiras tenham reduzido de importância entre o Ano 2 e 3 (no Ano 2 estas eram as principais barreiras, junto com a falta de conhecimento sobre os ODS). Verifica-se, portanto, um aumento na barreira da linguagem dos ODS, como distante para as empresas.

As motivações para a adoção dos ODS permanecem semelhantes às do Ano 2. Para as Grandes Empresas, as principais razões incluem ter impacto na indústria como líder na Sustentabilidade, a resolução de problemas sociais e a geração de oportunidades de negócio. Cumprir a legislação passou a motivar mais as Grandes Empresas para a adoção dos ODS em comparação com os anos anteriores.

Embora não tenha diminuído em importância, “conseguir vantagem competitiva” deixou de ser uma das principais motivações (do Ano 2 para o Ano 3), devido ao aumento dado às outras opções.

Já nas PMEs, destaca-se a captação e retenção de talento, a oportunidade de crescimento do negócio e a vantagem competitiva. Houve também um aumento na motivação de ter impacto como líder na Sustentabilidade.

O grande destaque este Ano é a opção “captação e retenção de talento”, que anteriormente não existia. As outras duas principais motivações no Ano 2 (cumprir a legislação e ganhar reputação) continuam a ser importantes, mas em menor grau quando comparadas as restantes.

Por fim, constatou-se um aumento na percentagem de Grandes Empresas que incorporam os ODS nos seus Relatórios de Sustentabilidade (de 86% para 94%), bem como das que mencionam as metas específicas dos ODS (de 28% para 32%), embora essa percentagem ainda permaneça baixa.

Observou-se também um crescimento na percentagem de empresas que articulam a sua estratégia com os ODS (de 67% para 75%) e que explicam o processo de seleção dos ODS considerados estratégicos (de 38% par 47%).

Houve um pequeno decréscimo na percentagem de PMEs que publicam Relatórios, de 14,8 no Ano 2 para 13,6% no Ano 3.

No entanto, o número absoluto de empresas aumentou de 16 para 18.

Pela primeira vez, este Relatório compara diferentes indústrias da amostra, revelando um posicionamento geral semelhante em relação a Sustentabilidade e aos ODS, mas com oportunidades de melhoria, especialmente em setores como Vendas, Tecnologia & Telecomunicações, Produção e Construção & Imobiliário.

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