Fuvest 2023: tema da redação é 'refugiados ambientais e vulnerabilidade social'
Candidatos chegam ao prédio da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), na Cidade Universitária, no Butantã, zona oeste da capital paulista, neste domingo (8), para o primeiro dia de provas da segunda fase da Fuvest. — Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
O tema da redação da segunda fase da Fuvest, que ocorre neste domingo (8), é “Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”.
O candidatos que concorrem ao vestibular de 2023 contaram com textos de apoio de Graciliano Ramos e Ailton Krenak, foto do livro Êxodos, de Sebastião Salgado, e reportagens com dados e informações sobre o assunto para a realização da redação.
Com a proposta, a Fuvest afirma que espera que os candidatos reflitam a respeito dos deslocamentos forçados por desastres ambientais, assim como aqueles causados pelas mudanças climáticas, que afetam principalmente grupos sociais mais vulneráveis e causam crises humanitárias.
A íntegra da prova deste domingo pode ser consultada no site da Fuvest.
Segundo Felipe Leal, professor de redação do Curso Anglo, o tema desta edição se diferencia do padrão seguido em anos anteriores. "A Fuvest, ela tem uma tradição maior de trazer temas de caráter mais abstrato e filosófico. Agora, você tem um tema que se assemelha mais a uma proposta redação do Enem, mas só nós no aspecto da escolha do tema, por ter uma abordagem mais de um problema social", analisa.
Para o coordenador de redação do Curso Etapa, Wellington Borges, o tema proposto tem amplitude global, com relevantes exemplos do Brasil, e aborda os eixos ambiental, social e econômico. "Impossível não lembrar certa relação que este tema guarda com o último do Enem, visto que uma das características dos povos tradicionais é justamente a parceria com a natureza para subsistência", avalia o professor. Em 2022, a redação do Enem teve como tema os "desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil".
Na visão da professora Vanessa Botasso, da Oficina do Estudante – Campinas, o tema da redação com a coletânea que foi apresentada desafiou os candidatos a saírem do senso comum e ousarem em estratégias argumentativas.
"Os textos apresentados pela coletânea não apresentaram grande densidade temática e conceitual, o que pode tornar difícil aprofundar a análise sobre a questão. Além disso, o trabalho com os dados numéricos apresentados em um dos excertos pode levar um candidato desavisado a redigir um texto mais expositivo do que argumentativo", analisa Vanessa.
Segundo o professor de português Laudemir Guedes Fragoso, do Curso e Colégio Objetivo, a Fuvest manteve sua tradição de ser uma prova bem exigente com os vestibulandos, cobrando deles competência linguística para interpretar textos e elaborar respostas.
Assim como o tema da redação, a prova de português abordou questões sociais e foi classificada como "diversificada" por Laudemir. Sua coletânea contou com charges, infográficos, textos de Paulo Freire e de Lilia Schwarcz, poema de Gregório de Matos e até um rap de Criolo. "Foi uma prova que exigiu que o candidato se mostrasse uma pessoa madura e com conhecimento", analisa.
Sérgio Paganim, diretor do Curso Anglo, considera que, na parte de gramática e texto, esta não foi uma prova de ruptura – as questões cobradas seguiram o modelo tradicional da Fuvest. Contudo, o vestibular teve um foco maior em aspectos técnicos do que o que vinha se observando nas últimas edições. "Cobraram-se questões mais conceituais, como o uso de vírgula, que pressupõe identificar funções sintáticas; só intuição não resolve esse tipo de questão", comenta.
Para os professores Liliane Negrão e Marcelo Maluf, da Oficina do Estudante – Campinas, a prova de literatura teve um grau de dificuldade elevado e exigiu do candidato uma leitura aprofundada dos livros obrigatórios. "As questões, de maneira geral, cobraram, além da leitura das obras, a capacidade do candidato de interpretar textos de maneira densa e crítica", analisaram.
De acordo com a Fuvest, a abstenção do primeiro dia foi de 💥️7,2%: dos 30,1 mil convocados, 2.184 não compareceram. Na segunda-feira (8), os estudantes realizam as provas de disciplinas específicas, de acordo com a carreira escolhida.
A primeira fase, em dezembro de 2022, teve 13,8% de abstenção entre os 💥️114 mil inscritos, percentual similar à da edição passada, no vestibular de 2022, quando 13,7% dos candidatos faltaram.
💥️Confira como é a segunda fase do exame:
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