Por que a bolsa não despencou depois de atos golpistas contra os Três Poderes da República?

Bolsonaristas radicais durante a invasão do Congresso, em Brasília — Foto: REUTERS/Adriano Machado 1 de 2 Bolsonaristas radicais durante a invasão do Congresso, em Brasília — Foto: REUTERS/Adriano Machado

Bolsonaristas radicais durante a invasão do Congresso, em Brasília — Foto: REUTERS/Adriano Machado

Um dia após os atos terroristas de bolsonaristas radicais, com as invasões ao Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF), não houve pânico no mercado financeiro. Apesar de uma alta do dólar contra moedas emergentes, o principal índice da bolsa de valores de São Paulo, o Ibovespa, subiu nesta segunda-feira (9).

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Para analistas ouvidos pelo 💥️g1, o movimento tem explicação. Ainda que as cenas de destruição nas sedes dos Três Poderes tenham levado os olhos de investidores do Brasil e do mundo de volta para a política brasileira, a rápida resposta dada pelas lideranças das instituições do país tranquilizou a reação dos mercados.

A próxima dúvida é saber se o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), terá a força necessária para promover um apaziguamento na sociedade, de forma que novos atos golpistas não voltem a acontecer e não causem instabilidade política no Brasil.

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Daniel Moura, especialista em mercado de capitais, explica que o alinhamento dos Três Poderes para combater os atos golpistas deste domingo (8) foi visto de forma positiva, uma vez que essa união traz uma sinalização de segurança política.

Para ele, independentemente do posicionamento político de cada um dos agentes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário estão trabalhando juntos para a manutenção da ordem.

O professor de Economia do Ibmec, Alexandre Pires, destaca que a nota em defesa da democracia — divulgada em conjunto pelos líderes dos Três Poderes na manhã desta segunda — reforça um fundamento essencial para o mercado: as instituições estão empenhadas em fazer com que o país volte à normalidade.

Nota em defesa da democracia — Foto: Reprodução/Twitter 2 de 2 Nota em defesa da democracia — Foto: Reprodução/Twitter

Nota em defesa da democracia — Foto: Reprodução/Twitter

Já Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, afirma que o mercado não teve uma reação tão negativa porque a resolução do governo foi acertada.

Neste contexto e favorecido por um dia positivo no mercado internacional, o dia para os ativos brasileiros foi melhor do que o esperado. O Ibovespa acompanha os índices internacionais, apoiado em notícias de reabertura econômica da China, que favorecem empresas exportadoras de commodities.

O dólar chegou próximo aos R$ 5,30 no começo do dia, mas diminuiu seus ganhos e voltou à casa dos R$ 5,25. A moeda americana também vive um dia de valorização frente a outras divisas emergentes.

De acordo com Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, passado o momento de maior conflito, o que é determinante para o investidor estrangeiro trazer o dinheiro para o Brasil é saber como o governo vai lidar com os grupos opositores ao longo do tempo — e se vai conseguir formar maiorias no Congresso e promover uma reaproximação com parte dos opositores.

Pires, do Ibmec, pontua que, o estrangeiro vai passar a olhar com atenção para a legitimidade popular de Lula após a eleição — ou seja, se a população vai viver em harmonia com o novo governo ou se haverá um crescimento no número de manifestações contrárias ao presidente.

"(Antes dos atos) o mercado estava preocupado com o cenário macroeconômico, atento a como ficará a questão fiscal e as reformas neste começo de governo. Mas o governo está sendo atropelado pela questão política", pontua Pires.

Por fim, o professor destaca que as forças de segurança serão um novo foco de atenção, já que a ação dos policiais neste domingo foi amplamente contestada por especialistas. Durante a invasão, a GloboNews flagrou diversos agentes de segurança de braços cruzados, 💥️confome mostra o vídeo abaixo.

Do ponto de vista econômico, em prazo mais longo, os especialistas afirmam que o Brasil ainda precisa dar sinais de confiança para o investidor estrangeiro, para continuar recebendo investimentos no país. Para Felipe Izac, as palavras-chave são estabilidade, segurança e retorno.

Para Daniel Moura, o governo ainda precisa "se provar" em relação aos gargalos macroeconômicos, com destaque para a política fiscal e para reformas importantes, como a tributária.

Carla Argenta, da CM, destaca ainda que as prioridades do investidor interno não são as mesmas que do investidor externo, e que o estrangeiro olha para aspectos que o brasileiro ainda não está atento.

"Um exemplo é a importância que os investidores europeus e americanos dão para as questões climáticas. As empresas lá devem seguir regras de compliance que têm relação com a sustentabilidade e, para receber esses recursos, os outros países também precisam cumprir alguns requisitos", diz a economista.

Ela explica ainda que há políticas características do governo Lula que podem ser benéficas para atrair investimentos para o país, como foi indicado na semana seguinte ao resultado da eleição.

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