Após atos terroristas em Brasília, Lula se reúne com governadores no Palácio do Planalto
Lula faz reunião com governadores e vice-governadores das 27 unidades federativas do país, após atos terroristas em Brasília — Foto: Reprodução
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu presencialmente nesta segunda-feira (9) com governadores, vice-governadores e representantes das 27 unidades federativas do país. O encontro ocorreu no Palácio do Planalto, que foi alvo de depredação por bolsonaristas radicais no domingo (8).
Durante a reunião, alguns governadores representando as cinco regiões do país discursaram em solidariedade aos chefes dos três poderes e reafirmaram o compromisso com a democracia (💥️veja mais abaixo).
Até apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se colocaram à disposição para ajudar na pacificação do país.
Lula destacou a simbologia da reunião e agradeceu o compromisso dos aliados e não aliados na busca pelo fortalecimento da democracia do país.
O presidente também fez críticas contra os terroristas responsáveis pela destruição dos prédios públicos da capital federal.
"Essa gente não tem pauta de negociação. A única negociação que essa gente poderia ter e que se entrou com recurso tentando negar o resultado do processo eleitoral, tentando mostrar que havia tido falha na urna."
Além dos governadores, também participaram:
💥️Veja outros destaques do encontro:
Na abertura da reunião, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), fez um discurso em que afirmou o compromisso dos estados com a democracia e informou que as polícias militares das unidades federativas já iniciaram a desmobilização dos acampamentos golpistas.
"Entendemos a importância de não apenas emitirmos um manifesto, mas estarmos aqui presencialmente para reafirmar o compromisso dos 27 estados da federação com a democracia e nos colocar ao lado dos poderes constituídos deste país, neste momento sensível que a nação vive", disse.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, também destacou em sua fala o compromisso com a democracia e afirmou o regime é o único possível.
"Temos que apenas, neste momento, não só hipotecar a nossa solidariedade aos poderes constituídos, mas também declarar o nosso amor à democracia, única opção de regime político que temos. O único regime político do Brasil e que está na Constituição, mais nenhum", disse Aras.
Em seguida, a presidente do STF agradeceu a iniciativa dos governadores e disse que a destruição do plenário da Corte a "entristeceu de maneira enorme".
A governadora em exercício do Distrito Federal – palco dos ataques terroristas, Celina Leão (PP) disse que Ibaneis Rocha (MDB) recebeu informações "equivocadas" por "infelicidade" no "momento da crise".
Ele foi afastado do cargo por 90 dias por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.
"Primeiro, reafirmar que o governador eleito Ibaneis é um democrata, é um homem que exerceu a presidência da OAB, sabe o que significa os ataques aos poderes da República. Preciso trazer esse posicionamento do nosso governador que foi interinamente afastado que, por infelicidade, recebeu várias informações equivocadas no momento da crise", disse ela durante discurso, que representou os governadores da região Centro-Oeste.
Ex-ministro e aliado de Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também discursou.
Representando os governadores da região Sudeste, Tarcísio disse que estava "muito feliz" por participar da reunião e afirmou que a "pacificação demanda gestos do Legislativo, Executivo, Judiciário, e dos estados".
"Estou muito feliz de estar participando dessa reunião e enaltecer a capacidade de diálogo. Peço a Deus que nos proporcione sabedoria para que a gente construa a pacificação. Lembrando que a pacificação demanda gestos, gestos de todos, do Legislativo, Executivo, Judiciário, estados".
O presidente da Câmara, Arthur Lira, reforçou que as instituições não vão parar e destacou que os deputados federais participarão de uma sessão extraordinária ainda na noite desta segunda (9), para aprovar a intervenção federal na segurança do DF .
A intervenção já está em vigor, mas precisa do aval da Câmara e do Senado para continuar valendo. A medida foi decretada por Lula no domingo (8), depois das invasões e depredações às sedes dos três poderes.
Como foi destacado na fala de Helder Barbalho, governadores e vice-governadores das 27 unidades federativas foram presencialmente para o encontro.
O encontro foi acertado durante reunião do Fórum de Governadores, na noite do domingo.
"O Fórum dos Governadores se reuniu agora à noite e reafirma indignação e repúdio veementes diante dos atos golpistas, terroristas ocorridos em Brasília que afrontam a nossa Constituição" disse a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), pelo Twitter.
Ainda na reunião de emergência do domingo, os governadores decidiram oferecer o envio de forças policiais para ajudar na segurança da área central de Brasília.
No encontro, secretários de segurança pública dos estados avaliaram que é preciso proteger a capital federal e a democracia.
Agentes de alguns estados já foram mandados para Brasília. De acordo com o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), 500 policiais de outras unidades federativas vão ajudar nos trabalhos.
Pela manhã, Lula também se reuniu com os mesmos chefes dos poderes que estavam no encontro com os governadores.
Depois da reunião, eles divulgaram uma nota conjunta em que dizem "rejeitar" os atos terroristas de bolsonaristas radicais em Brasília e pedem à população a "defesa da paz e da democracia".
A nota é assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva; pelo presidente do Senado em exercício, Veneziano Vital do Rêgo; pelo presidente da Câmara, Arthur Lira; e pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber.
Bolsonaristas radicais, golpistas e criminosos invadiram e depredaram neste domingo (8) o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília.
O ataque às sedes dos três poderes e à democracia é sem precedentes na história do Brasil. Os terroristas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.
O prejuízo ao patrimônio público, de todos os brasileiros, ainda não foi calculado. Até o fim da noite deste domingo, pelo menos 300 pessoas tinham sido presas.
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