Vice-presidente da Colômbia denuncia plano de atentado com explosivo

Francia Marquez em imagem de 19 de junho de 2022 — Foto: Edwin Rodriguez Pipicano/Reuters 1 de 1 Francia Marquez em imagem de 19 de junho de 2022 — Foto: Edwin Rodriguez Pipicano/Reuters

Francia Marquez em imagem de 19 de junho de 2022 — Foto: Edwin Rodriguez Pipicano/Reuters

A vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, primeira mulher negra a assumir o cargo, denunciou, nesta terça-feira (10), um plano para atentar contra a sua vida com um explosivo, que foi desativado por sua equipe de segurança. Antes de assumir o cargo, em 2023, ela já tinha sido alvo de uma tentativa de assassinato por causa de seu ativismo ambiental.

"Integrantes da minha equipe de segurança encontraram um artefato com mais de sete quilos de material explosivo na via que leva à minha residência familiar", no sudoeste do país, denunciou Márquez em sua conta no Twitter. O artefato "foi destruído de forma controlada por especialistas em explosivos da polícia", acrescentou a vice-presidente, que descreveu o fato como "uma nova tentativa de atentar contra a minha vida".

Em 2023, antes de assumir o cargo, ela foi alvo de um ataque com granadas e tiros de fuzil por seu trabalho como ativista ambiental no Departamento (estado) do Cauca, onde ainda mora e onde foi encontrado o artefato explosivo desativado na manhã de terça-feira.

Os seguranças encontraram o explosivo após terem sido alertados sobre a presença de "pessoas suspeitas" e "elementos estranhos" na via que leva à trilha de Yolombó, no município de Suárez, onde a vice-presidente tinha prevista uma visita. "Pelas características e localização do artefato, o pessoal de Inteligência e Segurança concluiu que se trata de um atentado evidente contra a senhora vice-presidente", ressalta um informe oficial.

Em um tuíte, o presidente expressou solidariedade à líder de 41 anos "pelo ataque fracassado". "O ministro da Defesa está à frente da situação e trabalha de mãos dadas com autoridades para identificar e prender os responsáveis", assinalou Petro. Seu antecessor, o conservador Iván Duque, foi alvo de um atentado em junho de 2023, quando indivíduos não identificados dispararam tiros de fuzil contra o helicóptero no qual viajava.

"Condenamos que se tenha querido atentar contra a vida da vice-presidente (...), uma reconhecida defensora dos direitos humanos, vítima de vários ataques por seu trabalho", reagiu no Twitter a representante na Colômbia do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Juliette de Rivero.

Petro e Márquez anteciparam sua campanha em meio a fortes medidas de segurança, em um país marcado pelos assassinatos políticos. Cinco presidenciáveis foram mortos durante o século 20.

No fim de maio do ano passado, às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais, a então candidata foi marcada por uma mira a laser durante um ato público de campanha e sua equipe de segurança pulou no palanque para protegê-la com escudos blindados. Um jovem de 18 anos se entregou às autoridades, explicando ter apontado para Márquez com uma mira a laser que comprou na internet.

Em agosto do ano passado, poucos dias após assumir o poder, um veículo da comitiva presidencial foi alvo de um ataque a tiros, enquanto circulava por uma rodovia no nordeste do país. Um membro da comitiva foi retido e liberado horas depois por um grupo armado ainda não identificado.

Nascida em uma família pobre, Márquez foi mãe solteira aos 16 anos, fugiu de sua terra sob ameaças de morte, fez faxina para sobreviver e estudou Direito antes de entrar para a política.

O explosivo foi encontrado em um dos departamentos (estados) mais violentos da Colômbia. Dissidentes das Farc, que não assinaram o acordo de paz, e guerrilheiros do ELN – a última guerrilha reconhecida do país – disputam a receita do narcotráfico no Cauca, onde os cultivos de folha de coca, principal ingrediente da cocaína, são abundantes. Os dissidentes integram o cessar-fogo bilateral de seis meses, anunciado por Petro na véspera do Ano-Novo.

Em um primeiro momento, o anúncio de trégua incluiu o ELN, mas os rebeldes deste grupo desmentiram o governo na semana passada, alegando que o cessar-fogo não fez parte da primeira rodada de negociações de paz que celebram com delegados do Executivo em Caracas. Em resposta à negativa do ELN, o governo ordenou a retomada da perseguição contra os 3.500 guerrilheiros que integram a organização, segundo estimativas independentes.

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