Ex-número 2 da segurança do DF diz que PM errou na execução de plano para garantir segurança da Esplanada
Salão térreo do Palácio do Planalto após atos de vandalismo — Foto: Adriano Machado/Reuters
O delegado 💥️Fernando de Souza Oliveira, ex-número 2 da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que acredita ter havido erro de execução da Polícia Militar no plano de segurança para a Esplanada dos Ministérios, nos atos terroristas de 8 de janeiro.
Na data, ele chefiava a pasta interinamente, já que o titular da pasta, Anderson Torres, tinha viajado de férias para os Estados Unidos. Segundo Oliveira, o então secretário aprovou um plano operacional para garantir a segurança da Esplanada, no entanto, não apresentou Fernando aos comandantes das forças da capital. Além disso, o ex-secretário-executivo afirmou não ter recebido nenhuma diretriz de Torres e reforçou que não foi apresentado aos comandantes das forças policiais do DF.
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O ex-secretário-executivo prestou depoimento à Polícia Federal no âmbito do inquérito em que, além dele, figuram como investigados Torres e o governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB-DF). Foi Fernando quem enviou um áudio a Ibaneis, horas antes dos ataques, dizendo que a situação estava "tranquila" (💥️ouça abaixo).
Oliveira colocou o celular à disposição dos investigadores, para acesso ao conteúdo das conversas tidas com Torres, Ibaneis, com o ex-comandante da PM-DF Fabio Augusto Vieira, com a subsecretária de Ações Integradas, coronel Cintia, além de outros grupos que cuidavam do monitoramento da Esplanada no final de semana do dia 8 de janeiro.
"QUE o declarante neste momento coloca seu aparelho celular a disposição da Polícia Federal e autoriza o acesso ao conteúdo das conversas tidas com os contatos: ANDERSON MINISTRO, GOVERNADOR IBANES, FABIO AUGUSTO PMDF, GOVERNADOR IBANES, CEL CEVTIA PMDF e grupos DIFUSÃO e perímetros SEGURANÇA".
2 de 2 Anderson Torres em foto de 15 de junho de 2022, quando ainda era ministro da Justiça do governo Bolsonaro. — Foto: REUTERS/Adriano Machado/File Photo
Anderson Torres em foto de 15 de junho de 2022, quando ainda era ministro da Justiça do governo Bolsonaro. — Foto: REUTERS/Adriano Machado/File Photo
Segundo ele, Torres, então secretário de Segurança Pública, avisou que iria viajar no fim de semana e deixaria uma planejamento aprovado referente às manifestações dos dias 06, 07 e 08 de janeiro.
O "Planejamento de Ação Integrada" foi elaborado em 6 de janeiro e aprovado no mesmo dia por Torres, após uma reunião envolvendo a PM/DF, PC/DF, CBM/DF, DETRAN/DF, DFLEGAL, Polícia do Senado, Polícia Legislativa, Supremo Tribunal Federal, Ministério das Relações Exteriores e outros. O objetivo era a definição das matrizes de responsabilidade de cada órgão
Segundo Oliveira o planejamento ostensivo e preventivo era de responsabilidade da PM/DF e, nele, deveria constar quantitativo do efetivo policial, equipamentos, viaturas e tropas especializadas a serem utilizadas na operação. O delegado esclareceu que não tomou conhecimento do plano operacional da instituição.
Em relação à inteligência, Oliveira afirmou à PF que recebeu a maior parte a maior parte dos informes de inteligência por meio dos grupos formados no Whatsapp, chamados "DIFUSÃO" e "PERÍMETRO", do quais participavam algumas autoridades como Torres e Fabio Augusto.
Os grupos eram responsáveis por subsidiar e difundir as informações de inteligência referentes as manifestações em tempo real, mas recebeu poucas informações sobre radicais.
Segundo Oliveira, a grande maioria dos informes veio das redes sociais e não de acompanhamento in loco realizado por policiais de inteligência.
"QUE em linhas gerais, as informações de campo apontavam para um ambiente controlado", afirmou no depoimento.
Como exemplo, o ex-secretário executivo disse que as informações recebidas apontavam para um ambiente "controlado e "tranquilo" nos seguintes termos: "ÂNIMOS PACÍFICOS", "SITUAÇÃO TRANQUILA E SEM ALTERAÇÃO", "NORMALIDADE", "TUDO NORMAL", "POLICIAMENTO REFORÇADO"
O delegado disse ainda que, no monitoramento de inteligência da madrugada do dia 7 para 8 de janeiro, "as forças de segurança não reportaram nenhum movimento atípico até as 13h do domingo (8), data dos atos de terror.
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