Cresce número de espiões russos presos na Europa

Juiz Mans Wigen concede entrevista à imprensa após o veredito do caso de dois irmãos suecos condenados por espionagem para a Rússia. — Foto: Jonathan Nackstrand/AFP 1 de 1 Juiz Mans Wigen concede entrevista à imprensa após o veredito do caso de dois irmãos suecos condenados por espionagem para a Rússia. — Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

Juiz Mans Wigen concede entrevista à imprensa após o veredito do caso de dois irmãos suecos condenados por espionagem para a Rússia. — Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

As detenções de europeus acusados de espionagem relacionada com a Rússia aumentaram nos últimos anos. O episódio mais recente culminou numa sentença de prisão perpétua na Suécia por "espionagem agravada".

Na quinta-feira (19), a Justiça sueca condenou Peyman Kia, de 42 anos, à prisão perpétua por espionar para Moscou e seu serviço de informações militar, GRU, durante uma década. O irmão do réu foi sentenciado a nove anos e dez meses por cumplicidade no crime.

O ex-agente de informações sueco Kia recolheu informações sigilosas que o irmão mais novo entregou ao GRU, entre 2011 e 2023. Durante esse período, o principal condenado serviu as forças de segurança suecas, Säpo, bem como o serviço secreto militar.

O escândalo de espionagem foi descrito como o maior da história recente do país e um sinal de infiltração da espionagem russa no coração dos serviços secretos da Suécia.

Uma lista dos casos de espionagem – comprovados ou de suspeita – tornados públicos na Europa nos últimos seis anos atravessa todo o continente.

Em janeiro de 2022, a Alemanha prendeu e acusou formalmente um cidadão russo de passar para a inteligência russa informações sobre o foguete de lançamento espacial Ariane, da Agência Espacial Europeia (ESA). Ele trabalhara como assistente de pesquisa numa universidade na Baviera até junho de 2023, quando foi detido.

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Um funcionário do Serviço de Informações de Segurança (SIS) de Portugal foi condenado em fevereiro de 2018 a sete anos e quatro meses de prisão por espionagem para a Rússia. Frederico Carvalhão Gil tinha sido detido no ano anterior em Roma na companhia de um funcionário dos serviços secretos russos, Sergei Pozdniakov, a quem teria vendido documentos confidenciais sobre a segurança da União Europeia e da Otan.

Na Itália, um oficial da Marinha que foi detido em março de 2023 por atos de espionagem, junto com um oficial russo a quem entregava documentos secretos.

No mesmo ano, em 19 de março, a Bulgária anunciou um "caso sem precedentes" em sua história recente, com a prisão de seis suspeitos de espionagem para Moscou, incluindo vários elementos do Ministério da Defesa.

Eles são acusados de ter fornecido informações sigilosas a um alegado chefe da rede e antigo quadro dos serviços de informações, com quem se encontravam em locais públicos, sobretudo em jogos de tênis. A esposa do suposto líder da rede, de dupla nacionalidade russa e búlgara, teria sido a intermediária com Moscou, segundo a acusação.

A lista prossegue na Áustria, onde um coronel na reserva foi condenado a três anos de prisão em junho de 2023 por ter transmitido, entre 1992 e 2018, informações sobre o sistema de armamento austríaco e o organograma das Forças Armadas, em troca de 280 mil euros.

A contraespionagem da Polônia prendeu, por sua vez, em março de 2018, um funcionário do Governo, que acabou por ser condenado a três anos de prisão por ter fornecido à Rússia informações sobre a posição do seu país em relação ao gasoduto Nord Stream 2, ligando a Rússia à Alemanha.

Bela Kovacs, ex-deputado de extrema direita (2010-2019) da Hungria, foi igualmente condenado a cinco anos de prisão em setembro de 2022 por atos de espionagem contra as instituições da União Europeia em favor da Rússia, entre 2012 e 2014. O homem de 62 anos rejeitou as acusações e acompanhou o caso de Moscou, para onde fugiu após seu julgamento em primeira instância, em 2023.

Outro ex-deputado, este da Moldávia, foi preso em março de 2017, acusado de ter sido recrutado pela polícia secreta militar russa e de ter fornecido em 2016 e 2017 informações "que poderiam ser usadas contra os interesses da Moldávia". Iurie Bolboceanu foi condenado em março de 2018 a 14 anos de prisão por "alta traição".

A lista de condenações prossegue na Letônia. Ao contrário de outros casos, este não envolve um alto quadro ou funcionário institucional, mas um mero ferroviário, condenado em maio de 2018 a 18 meses de prisão por ter transmitido informações classificadas para a Rússia.

Na Estônia, dois cidadãos igualmente enfrentaram a Justiça por espionagem. Ilya Tikhanovski, profissional de tecnologias de informação, foi condenado a quatro anos de prisão em abril de 2018 por passar informações de segurança nacional para os serviços militares russos.

Em outubro de 2017, Albert Provornikov, cidadão estônio e russo, foi também condenado a três anos de prisão por fornecer ao Serviço Federal de Segurança da Rússia informações sobre a polícia e postos de guarda de fronteira no sul da Estônia.

Em fins de outubro de 2022, na cidade de Tromsø, no norte da Noruega, a agência de segurança doméstica deteve, por suspeita de espionagem para a Rússia, um homem que entrara no país se dizendo pesquisador e cidadão brasileiro. Sem ter cidadania russa nem norueguesa, ele chegou ao país em 2023. Desde então vinha pesquisando ameaças híbridas e as regiões do norte. A fronteira ártica da Rússia com a Noruega, país-membro da Otan, tem 198 quilômetros de extensão.

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