Acidente em obra da Linha 6-Laranja do Metrô que abriu cratera na Marginal Tietê há quase 1 ano segue sem explicação oficial

Imagem aéreas de drone mostra a cratera aberta em uma das pista da Marginal do Rio Tietê no sentido da Rodovia Ayrton Senna em 1º de fevereiro de 2022, depois do rompimento de galeria de esgoto que fez ceder o asfalto no canteiro de obras — Foto: MARCELO D. SANTS/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO 1 de 1 Imagem aéreas de drone mostra a cratera aberta em uma das pista da Marginal do Rio Tietê no sentido da Rodovia Ayrton Senna em 1º de fevereiro de 2022, depois do rompimento de galeria de esgoto que fez ceder o asfalto no canteiro de obras — Foto: MARCELO D. SANTS/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Imagem aéreas de drone mostra a cratera aberta em uma das pista da Marginal do Rio Tietê no sentido da Rodovia Ayrton Senna em 1º de fevereiro de 2022, depois do rompimento de galeria de esgoto que fez ceder o asfalto no canteiro de obras — Foto: MARCELO D. SANTS/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

O acidente na obra da Linha 6-Laranja do Metrô, na Zona Norte, que abriu uma cratera em uma das pistas da Marginal Tietê, segue sem explicação oficial. Segundo o laudo produzido por especialistas contratados pela Acciona, empresa que toca a obra, obtido com exclusividade pela TV Globo, os engenheiros apontaram falhas na rede da Sabesp.

O relatório, de 96 páginas, está anexado ao inquérito civil aberto no ano passado pelo Ministério Público para apurar as responsabilidades pelo acidente.

Naquela manhã, dia 1º de fevereiro de 2022, o equipamento conhecido como “tatuzão” iria concluir mais um trecho do túnel da futura Linha 6-Laranja do Metrô.

O acidente provocou o rompimento de uma rede de esgoto da Sabesp, que passava 3 metros acima. Ninguém ficou ferido.

No documento, os especialistas contratados pela Acciona afirmam que a “escavação do túnel do Metrô, chamado aqui de NATM, não levou a deslocamentos suficientes do terreno para fazer com que o revestimento da galeria de esgoto, chamado de ITi-7, excedesse seu limite estrutural”. Ou seja, não houve movimentação de solo durante a escavação.

Em outro trecho, apontam “falha estrutural do túnel de esgoto”, que “o vazamento de esgoto foi uma consequência mais provável da fragilidade” da rede da Sabesp, “que provavelmente operava sob pressão”.

E concluem que o sistema da Sabesp “não foi construído como foi projetado, deixando uma junta fraca (...) que provavelmente não seria capaz de sustentar até modestos níveis de compressão”.

Os especialistas afirmam ainda que “o incidente não poderia ter sido previsto com antecedência”.

“Se a rede de esgoto da Sabesp estivesse operando com sobrecarga, como as análises parecem sugerir, isso seria um desvio de seus parâmetros operacionais. E uma condição fora dos critérios do projeto original”, relatam.

O relatório também aponta que, no dia 28 de janeiro do ano passado, três dias antes do acidente, representantes da Sabesp e da Acciona se reuniram para falar sobre a escavação do túnel do Metrô. E que a Sabesp não informou nenhuma restrição sobre a passagem do tatuzão abaixo da rede de esgoto.

A pedido do governo de São Paulo, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, o IPT, também fez um laudo sobre as causas do acidente. A TV Globo apurou que o documento foi entregue à Secretaria dos Transportes Metropolitanos em 1º de novembro do ano passado. A pasta confirmou o recebimento do laudo, mas informou que ele ainda está em análise.

No dia 18 de dezembro de 2022, o promotor Marcus Vinicius Monteiro dos Santos, que investiga o acidente, solicitou ao governo paulista uma cópia do relatório do IPT. O ofício chegou ao Palácio dos Bandeirantes em 13 de janeiro, e o prazo de 20 dias vence na primeira quinzena de fevereiro. A partir da chegada do laudo do IPT, os promotores poderão avançar com o inquérito e definir possíveis responsabilidades pelo acidente.

A Sabesp informou, por nota, que não teve acesso ao laudo da Acciona e por isso não vai comentar.

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos afirmou, também por nota, que "o relatório com as causas do acidente nas obras da L6-Laranja ainda não está finalizado e, assim como as demais ações foram dadas publicidade, será amplamente divulgado quando cumprir todos os trâmites necessários. Considerando a complexidade técnica envolvida, um Grupo de Trabalho analisa a documentação entregue pelo IPT, para que a STM possa acatar o documento e dar sequência ao processo administrativo. Ambas as empresas envolvidas no acidente, Sabesp e Acciona, são listadas em bolsas de valores e todas as divulgações oficiais devem ser feitas com conclusões finais, não preliminares".

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