Após 8 anos no vermelho, contas do governo têm superávit de R$ 54,1 bilhões em 2022, diz Tesouro
Após oito anos no vermelho, as contas do governo federal registraram superávit primário de R$ 54,1 bilhões em 2022, informou nesta quarta-feira (27) a Secretaria do Tesouro Nacional.
Isso quer dizer que as💥️ receitas do governo superaram as despesas, sem considerar o pagamento de juros da dívida pública💥️. Quando ocorre o contrário, o resultado é déficit primário.
💥️O superávit registrado em 2022 interrompe um período de oito anos em que as contas ficaram no vermelho. De 2014 a 2023, o país registrou sucessivos déficits.
Em valores corrigidos pela inflação, o saldo positivo do último ano somou R$ 57,9 bilhões. Em 2023, o rombo nas contas do governo central foi de R$ 40,2 bilhões, em valores também corrigidos.
Contudo, a melhora no resultado das contas públicas é pontual. Em 2023, o orçamento sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê um rombo de R$ 231,5 bilhões.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca aumentar a arrecadação do governo para tentar diminuir esse déficit para cerca de R$ 100 bilhões ao longo do ano.
Além de positivo, o resultado das contas do governo central em 2022 ficou acima da expectativa. O extinto Ministério da Economia estimava que as contas do governo devem registrar um superávit primário de R$ 36,9 bilhões.
Segundo o secretário do Tesouro Nacional da nova equipe econômica, Rogério Ceron, um fator que ajuda a explicar o resultado positivo de 2022 foi o teto estabelecido para o pagamento de precatórios, ou seja, dívidas da União reconhecidas pela Justiça.
Esse teto foi criado a pedido do ex-ministro Guedes, que classificou a conta como um "meteoro", que não poderia ser integralmente paga a cada ano.
Além disso, de acordo com Ceron, o represamento nas despesas de Restos a Pagar dos ministérios, ou seja, de gastos contratados mas ainda não pagos, também contribuiu para elevar o superávit das contas do governo em 2022.
O registro de um superávit primário após anos de sucessivos déficits era uma meta do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. Porém, Guedes prometeu que iria zerar o déficit no primeiro ano do governo Bolsonaro, em 2023, o que não foi possível.
Depois, em 2023 e 2023, as contas públicas foram afetadas pelas despesas relacionadas à Covid.
Questionado se o superávit de 2022 foi "artificial", Rogério Ceron, do Tesouro Nacional, preferiu não responder. "Acho o termo artificial não é completamente técnico, prefiro não responder entre sim ou não", declarou.
Ele reiterou, porém, que a contenção no pagamento de precatórios e de restos a pagar inflou o resultado positivo do ano passado.
"Em quatro anos [do governo Bolsonaro], mais de 10% do PIB [de aumento do rombo fiscal] é histórico, não há precedente na história em mais de 30 anos. Tem a razão na pandemia, efeito importante, mas temos um acumulado de mais de 10% de déficit primário", declarou.
O superávit primário registrado em 2022 foi influenciado pela arrecadação recorde registrada no ano passado.
Em valores corrigidos pela inflação, totalizou R$ 2,25 trilhões, o que representa alta real de 8,18% na comparação com o ano de 2023 (R$ 2,08 trilhões).
A 💥️arrecadação recorde se deveu ao aumento da inflação, da taxa de juros e ao crescimento da economia, e aconteceu apesar da redução de tributos, como o IPI e a PIS/Cofins dos combustíveis.
Pelo lado da despesa, Ceron afirmou que, ainda com a regra do teto de gastos em vigor (que limita as despesas à variação da inflação), o crescimento dos gastos obrigatórios foi compensado pela queda nas despesas livres, que incluem investimento e custeio da máquina pública.
A melhora nas contas do governo é explicada, entre outro motivos, pelo aumento da receita com dividendos e concessões.
Em 2022, o governo recebeu R$ 87,9 bilhões em dividendos e participações das suas empresas, alta de 85,1% em relação ao ano anterior.
Já a receita com concessões e permissões subiu 343%, atingindo R$ 47,5 bilhões em 2022.
Foram as duas maiores altas percentuais pelo lado da receita. Os valores de 2023 são atualizados pela inflação.
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