Parceiros e campeões em 2023, carnavalescos Tarcísio e Marcus agora são ‘rivais’ na busca pelo título
Parceiros há sete anos, mas vivendo uma 'separação de escolas' Marcus Ferreira busca título do carnaval de 2023 pela Mocidade e Tarcísio Zanon, pela Viradouro — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 Rio
O que o carnaval uniu em 2016, não vai ser a disputa pelo título do Grupo Especial deste ano que vai separar. É o que garantem os carnavalescos 💥️Tarcísio Zanon, da Unidos do Viradouro, e 💥️Marcus Ferreira, que estreia carreira-solo na Mocidade Independente de Padre Miguel.
Dividindo o mesmo teto 💥️há sete anos, o casal afirma que a "separação de escolas", na verdade, duplica as chances de o título de 2023 ir para a casa deles.
Que ninguém pense que eles estão vivendo num ambiente do tipo "dormindo o inimigo". Mas depois de três anos e dois carnavais — por causa da pandemia, o desfile de 2023 foi suspenso — trabalhando juntos 24 horas por dia, era hora de dar um "respiro" e cortar os laços profissionais para que a harmonia no lar continuasse imperando.
Tarcísio permaneceu na Viradouro, enquanto Marcus foi em busca de novos desafios, na Mocidade.
"Não há conflitos nem rivalidade dentro de casa. Aliás, nem na Cidade do Samba, que é uma verdadeira irmandade. Todas as escolas são parceiras, se ajudam. A gente troca materiais, como blocos de isopor, latas de cola e de tintas, é uma grande cooperativa. Na verdade, só nos tornamos adversários quando entramos na Sapucaí. Aí, cada um quer apresentar o seu melhor", disse Marcus.
Tarcísio conta que a casa deles é território neutro, para o bem da parceria. Não tem nada de carnaval, a não ser quando um ou outro leva algum material para ser trabalhado. Aí, não importa se é vermelho e branco ou verde e branco.
"Aí, até a menina que nos ajuda a cuidar da casa põe a mão na massa, recorta placa de acetato, molda peças de tecido. Mas, de uma maneira geral, chegamos em casa tão cansados depois de um dia todo de trabalho nos barracões, que aproveitamos para conversar sobre o dia a dia da casa, brincar com os cachorros", revela Tarcísio, que já foi adversário de Marcus durante três carnavais na antiga Série A, de 2017 a 2023.
Fora isso, cada um segue seu rumo. Tarcísio, mais sonhador, gosta de pesquisar os enredos e sempre procura um tema místico. Seus croquis de fantasias e alegorias são basicamente feitos na mão.
2 de 6 Marcus Ferreira, que é arquiteto e designer gráfico, prefere desenhar seu carnaval no computador — Foto: Reprodução/Redes sociaisMarcus Ferreira, que é arquiteto e designer gráfico, prefere desenhar seu carnaval no computador — Foto: Reprodução/Redes sociais
Marcus, mais pé no chão, como ele mesmo diz, gosta de explorar a regionalidade do país, descobrir coisas sobre um Brasil pouco conhecido. E, como designer gráfico, também faz esboços na mão, mas prefere desenvolver seu carnaval no computador, em 3D.
Tarcísio é mais calmo, tranquilo, apaziguador, emocional, introspectivo. Marcus é mais agitado, expansivo, emotivo e até impulsivo às vezes. Mas ambos não escondem a paixão por desenhar, criar e desenvolver carnaval.
"Trabalhar juntos foi uma experiência muito válida, de referência, e que nos fortaleceu para que a gente pudesse dizer: vamos separar. Conversamos com a Viradouro e tivemos a liberdade para decidir quem ia ficar e quem ia sair. Recebemos até convites de outras escolas que nos queriam em dupla. Somos parceiros, mas respeitamos a nossa individualidade. Mas cada um precisava seguir seu próprio caminho, fazer um trabalho com a sua própria marcar, com identidade e fugir do desgaste pessoal", contou Marcus, que diz ter sido muito bem recebido e acolhido pela Mocidade.
3 de 6 Desenhos de Tarcísio Zanon, feitos à mão para o carnaval de 2022 da Viradouro — Foto: Reprodução/Redes sociaisDesenhos de Tarcísio Zanon, feitos à mão para o carnaval de 2022 da Viradouro — Foto: Reprodução/Redes sociais
As diferenças entre Viradouro e Mocidade são grandes: cada agremiação tem um método de trabalho, histórias, características e projetos de desfile diferentes. De acordo com Tarcísio, o ponto forte da Viradouro é o 💥️planejamento, enquanto a 💥️ousadia, segundo Marcus, é a marca do trabalho na Mocidade.
"Na Viradouro, apresentei três opções, e um colegiado estudou e escolheu enredo, samba. Tudo é planejado e decidido por uma comissão", disse Tarcísio.
"Já na Mocidade, apresentei um enredo que já tinha pensado em desenvolver, que foi abraçado de imediato. E antes mesmo de ver como vai ser o desfile deste ano, a direção já me pediu um enredo para 2024", contou Marcus.
4 de 6 Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira, no primeiro carnaval assinado pela dupla, na Viradouro, que ganhou o campeonato de 2023 — Foto: Reprodução/Redes sociaisTarcísio Zanon e Marcus Ferreira, no primeiro carnaval assinado pela dupla, na Viradouro, que ganhou o campeonato de 2023 — Foto: Reprodução/Redes sociais
A dupla diz que não costuma ter segredos. Mas por falta de tempo e em respeito às escolas que cada um representa, sequer tiveram tempo de ver ou dar palpite sobre o projeto do outro.
A Mocidade vai contar a história e as obras dos 💥️artesãos do Alto do Moura, discípulos de Mestre Vitalino. A Viradouro homenageará 💥️Rosa Maria Egipcíaca, a primeira mulher negra a publicar um livro no Brasil.
"Os caminhos, os projetos, as escolas são diferentes e quem vai vencer, a gente não sabe. Respeitamos todas as escolas e sabemos que temos grandes concorrentes. Estamos trabalhando separados, mas com o mesmo objetivo: conquistar o carnaval de 2023. Se a Mocidade vai ser ótimo. Se a Viradouro ganhar, também. O que importa é que o título vá para a nossa casa", brincou Marcus.
💥️TARCÍSIO ZANON
5 de 6 Tarcísio Zanon, canavalesco da Viradouro em 2023 — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 RioTarcísio Zanon, canavalesco da Viradouro em 2023 — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 Rio
💥️MARCUS FERREIRA
6 de 6 Marcus Ferreira, carnavalesco da Mocidade em 2023 — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 RioMarcus Ferreira, carnavalesco da Mocidade em 2023 — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 Rio
Além de Marcus e Tarcísio, os carnavalescos 💥️Márcia e Renato Lage também já viveram a experiência de dividir a mesma casa, sendo adversários na Avenida, no Grupo Especial. Trabalhando juntos desde 1995, eles tiveram de enfrentar uma "separação de escolas", em 2009.
No ano anterior, Renato e Márcia assinavam os carnavais do Império Serrano, no então Grupo A e da Acadêmicos do Salgueiro, no Grupo Especial. A escola de Madureira conquistou o primeiro lugar no desfile e o direito de, em 2009, desfilar no Grupo Especial.
Mas como, pelo regulamento, os dois não poderiam trabalhar juntos em duas escolas do mesmo grupo, eles tiveram que se separar profissionalmente. Renato seguiu no Salgueiro, onde conquistou o campeonato de 2009, enquanto Márcia, que ficou no Império, acabou rebaixada para o Grupo A.
Em 2010, a dupla continuaria por caminhos distintos, como Renato no Salgueiro e Márcia na Estação Primeira de Mangueira. Mas a carnavalesca acabou demitida da escola e não participou do carnaval daquele ano.
Renato e Márcia voltaram a trabalhar juntos em 2011 no Salgueiro. E não mais se separaram.
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