Sidnei Nehme: Fatores conjunturais internos e globais não permitem a ousadia do otimismo!
Colunista faz análise sobre economia global e câmbio
Herói é aquele que não teve tempo de correr!!!
Este é um conceito muito presente neste momento, que sugere a postura defensiva no cenário global, mas que está colocando à risco os avanços conquistados com a globalização da economia mundial.
E correm o risco, até já presente, de retorno de velhas práticas de protecionismos nefastos que perturbam e conturbam o cenário mundial, com disputas que sabidamente não consagram vencedores ao final, mas que deixam na sua trajetória marcas e danos expressivos e que determinam retrocessos não imaginados no século XXI.
Os países desenvolvidos e naturalmente seus investidores aplicam severa aversão ao risco e com isto, punem os países emergentes e subdesenvolvidos, que sofrem os impactos mais fortes e o retrocesso impactante e rápido dos avanços que, gradual e morosamente, vinham conquistando.
Estamos neste momento?
Se ainda não totalmente, parece que não estamos tão distantes, principalmente quando se observa as economias gigantes dos Estados Unidos, China, Alemanha e próximas dando sinais preocupantes de perda de dinamismo de crescimento, e então, há uma forte indução a postura defensiva que agride as “regras do jogo”, os valores relativos e acentua o risco de todos andarem para trás.
E o pior, não é tão fácil vislumbrar direcionamentos na medida em que estímulos clássicos denotam incapacidade de restabelecer a dinâmica das atividades.
Juro baixo já não estimula investimentos e produtividade, planos injetando recursos estimulantes não encontram as reações esperadas, pois com queda na atividade surge o desemprego, a queda de renda e a postura defensiva de contenção dos gastos, e a dinâmica da economia naufraga.
Surge então o desalento!
O mundo está num complexo imbróglio e ao que parece tem dificuldades em encontrar a “porta da saída”, visto que a globalização trouxe a dependência recíproca entre as nações e reagir com o protecionismo cria o isolamento que revela que mudar agora é muito mais difícil do que persistir e isto é perturbador.
O Brasil se encontra com este momento ruim em grande desvantagem, primeiro por ser emergente e segundo por ter contra si inúmeros fatores conjunturais adversos que corroeram suas forças nos, pelo menos, últimos 5 anos.
Tem problema severo de ordem fiscal, inércia na atividade econômica, alta taxa de desemprego, queda de renda e consumo, elevada capacidade ociosa em seu parque industrial que inibe a iniciativa de novos investimentos, etc. etc.., tudo que o levou a baixa atratividade ao capital estrangeiro que repercute no fluxo cambial fragilizado, fato atípico nos anos recentes, e que afeta a formação da taxa cambial, a despeito do país estar bem defendido nas suas contas externas com soberbo estoque de reservas cambiais.
As reformas em andamento e programas idealizados no Brasil visam restabelecer as condições mínimas para tentar o soerguimento do “status quo” atual, mas isto demandará tempo, assim como demandará o alcance de algum consenso que reconstrua a convergência no mercado global.
O Brasil na realidade é “um corpo com várias endemias graves” que o limitam, mas que sofre a dura reivindicação do “levanta-te rápido e sai correndo”, e como isto não ocorre atribuem a culpa ao governo, que pouco habilidoso confronta, e cria um ambiente negativo em que grande parte das correntes ideológicas, insanamente, conspira contra o próprio país.
Atingiu metas longamente perseguidas como inflação baixa, juro baixo e perspectivas de equacionamento da crise fiscal e conclui que somente isto não basta para retomar a atividade econômica e reverter desemprego relevante, queda de renda e consumo.
O governo está descapitalizado e seu programa de privatização precisaria ser muito dinâmico, mas certamente não o será principalmente pelas discussões nacionalistas e ideológicas, e a aversão ao risco presente no mundo diminui as possibilidades mais imediatas de sucesso com participação do capital estrangeiro.
Então, neste quadro como sedimentar o clima de otimismo!
Realisticamente no curto prazo não vemos “como?”, quem sabe no médio/longo prazo, mas durante este interregno como projetar Bovespa em crescimento com economia inerte? Dólar com preço bem abaixo de R$ 4,00, como previsto ao início do ano? Recuperação de fluxo cambial? Retomada da atividade econômica? Muito difícil!
A única vantagem do Brasil neste cenário conflituoso é que somos “o celeiro do mundo”, com o nosso agronegócio sendo destaque e podendo ser o carro chefe para obtermos um resultado no comércio exterior neste segmento.
Ocorre, lamentavelmente, a confluência de inúmeros fatores conjunturais que afetam as perspectivas mais imediatas projetando a recuperação da atividade econômica brasileira.
Manter o otimismo neste contexto será efetivamente um ato de ousadia!!!
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