Argentina tem US$ 15 bi em títulos distressed debaixo do tapete

Dolar

Os gestores de recursos correm para vender esses títulos em meio ao receio de que os governos locais aproveitem uma potencial reestruturação da dívida soberana para diminuir seus próprios custos de dívida

Uma pilha de US$ 15 bilhões em títulos de províncias está escondida sob o já significativo montante de dívida soberana da Argentina, tornando o mais recente fiasco fiscal único na história do país e ameaçando causar ainda mais perdas aos investidores estrangeiros.

As províncias argentinas estavam entre os emissores mais ativos quando o mercado internacional de capitais voltou a abrir as portas à Argentina, depois da eleição do presidente Mauricio Macri em 2015. Ao oferecer taxas de juros acima de 9%, as províncias conseguiram atrair investidores famintos por rendimentos para cantos pouco conhecidos e povoados do país & lugares como a fria Terra do Fogo no extremo sul e o deserto Jujuy ao norte.

Agora, gestores de recursos correm para vender esses títulos em meio ao receio de que os governos locais aproveitem uma potencial reestruturação da dívida soberana para diminuir seus próprios custos de dívida cada vez mais onerosos. O fato de muitas províncias dependerem quase totalmente dos desembolsos do governo federal para obter os dólares necessários para efetuar pagamentos de juros aumenta ainda mais o risco para os credores.

“Nós nos envolvemos com essas províncias menos financeiramente robustas porque nossa tese era que, no final das contas, elas estavam recebendo muitas transferências do governo federal”, disse Ian McCall, que administra US$ 190 milhões em ativos de mercados emergentes na First Geneva Capital Partners e que já vendeu a maior parte de seus títulos de províncias. Segundo ele, a ideia era de que não haveria default sob o comando de Macri, e que as províncias também pagariam as dívidas “porque permaneceriam assistidas pelo governo federal”.

Essa tese foi derrubada na semana passada, quando o governo anunciou que adiaria pagamentos em títulos locais de curto prazo como parte de um plano de rolagem de mais de US$ 100 bilhões em dívidas, uma medida que a S&P Global Ratings caracterizou como default seletivo. Os títulos do país se desvalorizaram, com muitos agora sendo negociados abaixo da metade do valor nominal.

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