Frigorífico se salva lastreando financiamento com recebíveis China e volta a pagar produtores
Frigorífico do MT e PA volta a pagar e a comprar boi depois de semanas com problemas de solvência
A habilitação da planta de Guarantã do Norte (MT) para exportar para a China está sendo a salvação do Frigorífico Redentor e, mais ainda, uma atenuante para os produtores que estavam sem receber. Aliás, também para os pecuaristas de Novo Progresso (PA), onde está a segunda unidade do Grupo Bihl. Com contratos com os chineses embaixo do braço, os bancos fizeram adiantamento de recebíveis.
Em nota exclusiva ao Money Times, a direção da empresa confirma a operação, sem mencionar o valor devido para os 284 pecuaristas. Mas segundo se comenta nessa região fronteiriça de Mato Grosso-Pará, gira em torno de R$ 10 milhões.
O acordo é para pagamento de 20% mensal em 6 parcelas para cada credor, sendo a primeira já depositada semana passada. Como acentua a nota, o adiantamento fornecido pelos bancos também é destinado à compra de bois China e garantir a volta normal dos abates e o começo das exportações, que, naturalmente, são o lastro para a tomada de recursos.
A crise do Redentor vem no embalo de indústrias médias e pequenas dependentes de mercado interno, em crise de consumo que se arrasta há mais de dois anos. De acordo com a informação passada pelo grupo, o fato de China ter habilitado praticamente só indústrias médias, ajudou a sustentar a atividade em várias regiões. O Redentor ficou 15 dias sem pagar e mais 10 a 15 dias parados, em setembro.
No caso de Guarantã do Norte, ainda há alguma concorrência perto, como o Frialto, de Matupa, e o JBS, de Alta Floresta. Só que enquanto o primeiro é pequeno, sem capacidade de absorver bois de outras praças, o JBS sozinho jogaria os preços lá para baixo. “Ainda bem que durou pouco essa crise e é muito importante para a nossa região”, informa um produtor que prefere não ter o nome divulgado. Ele embarca para o Redentor amanhã (21) 102 bois a R$ 148,00.
A mesma impressão de alívio tem o presidente do Sindicato Rural da Cidade, Alberto Cesário, apesar de lamentar que para muitos a demora na quitação da dívida é problemática, especialmente os pequenos. “Ainda mais numa região com 60% da economia dependendo do boi”, argumenta ele.
Para os lados de Novo Progresso, a situação tem um complicador adicional. Embora o acordo contemple a todos os produtores das duas regiões, a planta paraense não é habilitada para a China, de modo que os abates de lá, abaixo da capacidade instalada de 700 cabeças /dia, são para mercado interno.
Na nota explicativa da empresa, há a expectativa de que a planta de Novo Progresso entre em processo de requerimento de habilitação para a China também, além do que se leva em perspectiva a possibilidade de Guarantã do Norte – com capacidade para 1,6 mil animais/dia, mas ainda com muito espaço para alcançar a marca -, absorver bois da região paraense.
O presidente do Sindicato Rural de Novo Progresso, Agamenon Menezes, entende que o acordo oferecido pelo grupo poderia ser melhor. No entanto, como o Redentor está sozinho em muitos quilômetros, não há muita saída. O outro comprador mais próximo é pequeno e está em Santarém.
A ativação da planta, portanto, é importante para a cidade e para a região próxima, segundo também está otimista o vice-prefeito Gelson Dill.
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