Ivan Sant’Anna: Para quem nunca aplicou em Bolsa
Para encorajar quem vive de renda fixa a aplicar pelo menos metade de seus investimentos em boas ações da B3, vou relembrar três bull markets dos últimos 50 anos
💥️Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite
Caro leitor,
Esta crônica está sendo escrita para quem nunca pôs um centavo na 💥️Bolsa. Não, não se trata de uma raridade. Estou falando da grande maioria dos brasileiros. Apenas um milhão e meio de CPFs estão registrados na 💥️B3.
Enquanto isso, aproximadamente seis em cada dez investidores têm dinheiro aplicado na caderneta de poupança. Por outro lado, e esse lado é importantíssimo, comparando-se o rendimento da caderneta com o da inflação, quem põe dinheiro lá está perdendo.
💥️Tesouro Direto, 💥️fundos de investimento e 💥️CDBs são o destino de mais ou menos um quarto dos aplicadores. Esse pessoal está ganhando uma merreca e começando a entrar no vermelho.
Lógico que a turma da renda fixa está olhando para a Bolsa com uma tremenda vontade de entrar. Aí o cara dá uma olhada nos históricos do mercado, ou examina os gráficos, e vê que o 💥️Ibovespa subiu 182% nos últimos três anos e dez meses, contra uma inflação acumulada de 16% no mesmo período.
Ao invés de estimular a transferência do dinheiro para o mercado de ações, essa comparação dá medo. “Vai ser eu entrar e o mercado começa a cair. Perdi a vez.” Eles estão dizendo isso há um ano.
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Para encorajar quem vive de renda fixa a aplicar pelo menos metade de seus investimentos em boas ações da B3, vou relembrar três bull markets dos últimos 50 anos.
Entre fevereiro de 1967 e julho de 1971, o IBV, índice da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (então a mais representativa), praticamente decuplicou (sim, decuplicou), já descontada a inflação. Não houve crash naquela época. O mercado simplesmente virou rumo sul e caiu durante uma década.
A principal causa da queda de 1971 foi o excesso de lançamentos (ainda não se usava o termo 💥️IPO no Brasil), incluindo aí empresas sem o menor potencial de gerar lucros, a não ser para seus promotores. Isso sem contar a roubalheira que grassava no pregão da Bolsa e na gestão dos fundos de investimento em ações.
Outro bull market interessante foi o de 1986, do Plano Cruzado, que mudou a moeda e congelou salários e preços. A alta das ações durou só dois meses. Mas rendeu 150% para aqueles que pularam fora ao perceberem que a inflação oficial não representava a realidade, com o comércio praticando ágios cada vez maiores, e que o barco Brasil iria fazer água.
O terceiro foi o do governo 💥️Lula. Com o Tesouro apresentando superávit primário, herança de 💥️FHC, e as commodities em alta por causa do boom chinês, o Ibovespa subiu 500%. Em dólar, que não fazia outra coisa a não ser cair, a alta foi mais do que o dobro: 1.200%. Culminou com o Brasil recebendo investment grade das agências classificadoras de risco. Como toda festa tem um fim, essa acabou com a crise do subprime.
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