Justiça adia leilão de fábricas Imcopa, do óleo Leve, após Bunge ver “inconsistências”

Imcopa

Além da Bunge, a CJ Selecta, de propriedade da sul-coreana CJ Cheiljedang, e a unidade local da russa Sodrugestvo, também têm interesse na compra (Imagem: Imcopa/Site)

Uma juíza da primeira vara de falências de Curitiba adiou o leilão de duas processadoras de 💥️soja no Paraná, depois que a comerciante de grãos norte-americana 💥️Bunge alegou que o vendedor forneceu informações insuficientes sobre os ativos, de acordo com documentos vistos pela Reuters na sexta-feira.

O leilão dos ativos das duas unidades do grupo Imcopa, que estava previsto para 4 de dezembro e faz parte do plano de recuperação judicial do vendedor, foi remarcado para 17 de fevereiro.

A Imcopa e o administrador judicial concordaram com o cancelamento do leilão das unidades, que ficam no Paraná e são consideradas estratégicas. No estado, é processado 19% do volume de oleaginosas do País, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Mas a Bunge alegou em uma petição que encontrou informações desatualizadas ou incompletas no “data room” da Imcopa, o que dificultaria a análise dos riscos do potencial investimento.

Imcopa Leve

A Imcopa, que produz óleo de soja e proteína de soja concentrada (SPC) para uso como ração animal, é uma das maiores processadoras da oleaginosa não-transgênica do Brasil (Imagem: Imcopa/Site)

Maior processadora de oleaginosas do Brasil por número de plantas (12), a Bunge disse em juízo não ser possível saber se os ativos da Imcopa possuem licenças ambientais, licenças de funcionamento e demais autorizações necessárias para sua operação.

Ainda assim, demonstra grande interesse no negócio.

“A Bunge não só pretende adquirir as duas plantas industriais, garantindo recursos relevantes para o processo de soerguimento das recuperandas… como pretende contratar parte expressiva dos atuais colaboradores alocados nas plantas de Araucária e Cambé (…),” de acordo com a petição de 26 de novembro.

A unidade brasileira da trading também citou “inconsistências” entre o plano de recuperação aprovado pelos credores da Imcopa em 2017 e o edital de venda, publicado em outubro.

A unidade brasileira da Bunge citou “inconsistências” entre o plano de recuperação aprovado pelos credores da Imcopa em 2017 e o edital de venda (Imagem: Bloomberg)

As inconsistências seriam principalmente relacionadas à possibilidade de as plantas serem vendidas separadamente pela Imcopa.

De acordo com a interpretação que Bunge faz do plano de recuperação da Imcopa, as duas plantas devem ser vendidas em conjunto, como parte de uma mesma “Unidade Produtiva Isolada”, ou UPI.

Concordando em parte com os argumentos da Bunge, a juíza Mariana Gusso ordenou que a Imcopa atualize o “data room”, de acordo com uma decisão de 3 de dezembro vista pela Reuters, embora tenha declarado que o plano de recuperação da Imcopa permite “a constituição de até duas UPI’s”. A Bunge recusou-se a comentar.

Entretanto, na petição a companhia discorre sobre as sinergias da operação de ambas as plantas por uma mesma empresa: vendidas separadamente, as unidades da Imcopa perderiam competitividade, disse.

A oferta mínima para cada uma das plantas é de 25 milhões de reais. A dívida combinada vinculada às duas plantas, que os compradores terão de assumir, é de 1,043 bilhão de reais, de acordo com informações públicas de dezembro de 2018.

A Imcopa, que produz óleo de soja e proteína de soja concentrada (SPC) para uso como ração animal, é uma das maiores processadoras da oleaginosa não-transgênica do Brasil. A Imcopa também se recusou a comentar.

Além da Bunge, a Reuters identificou pelo menos outros dois potenciais compradores para as fábricas da Imcopa no Paraná, incluindo a CJ Selecta, de propriedade da sul-coreana CJ Cheiljedang, e a unidade local da russa Sodrugestvo. Nenhuma delas respondeu a pedidos por comentários.

Em agosto, enquanto se preparava para vender os ativos, a Imcopa rescindiu unilateralmente um contrato de arrendamento das duas plantas com o Grupo Petrópolis, alegando quebra de contrato.

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