Custos de frete da soja caem com pavimentação da BR-163
Os custos de frete já estão em queda, e o tempo de transporte de produtos agrícolas caiu de cinco dias para uma média de dois ou três dias (Imagem: REUTERS/Stringer)
As exportações de 💥️soja do Brasil, maior exportador mundial, devem ficar ainda mais competitivas nesta temporada com a conclusão da pavimentação de um importante corredor logístico.
A BR-163, uma rodovia chave para o transporte de grãos na qual caminhões costumavam ficar atolados, agora está pavimentada em todo seu trecho final de 1.000 quilômetros & de Sinop, no Mato Grosso, ao terminal de Miritituba, no Pará.
Boa notícia para exportadores e agricultores, que esperam há décadas por uma conexão confiável entre as principais áreas de cultivo do Centro-Oeste e terminais do Norte do país construídos por empresas como Bunge, Archer-Daniels-Midland e Cargill.
Os custos de frete já estão em queda, e o tempo de transporte de produtos agrícolas caiu de cinco dias para uma média de dois ou três dias, de acordo com a Esalq-Log, divisão de pesquisa em logística da Universidade de São Paulo.
“A BR-163 é uma rota importantíssima para que a gente consiga escoar a produção do Centro-Oeste pelo norte a um custo menor do que para os portos do arco sul”, disse Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (💥️Abiove).
“As exportações brasileiras devem ganhar competitividade em meio a preços mais baixos de frete e maior previsibilidade nas exportações.”
A construção da BR-163 começou na década de 1970. Foi um empreendimento desafiador, que atravessava a Amazônia, e os atrasos prolongaram o processo.
O tráfego costumava ser interrompido em meio às frequentes chuvas no verão, deixando veículos atolados na lama, às vezes durante vários dias. A situação era tão precária que alguns caminhoneiros evitavam completamente a rota.
A lama aumentou os custos para todos envolvidos, desde transportadoras a agricultores e caminhoneiros. A rota é o principal corredor para a soja colhida no Mato Grosso, estado que responde por cerca de 25% da produção do país, até os terminais privados de exportação no Norte.
Com a pavimentação concluída em novembro, os custos de transporte estão caindo. O preço do frete rodoviário entre Sinop, município produtor de soja no Mato Grosso, e o terminal de Miritituba, no Pará, caiu 15% em dezembro em relação ao mês anterior, para R$ 154,49 por tonelada, de acordo com a Esalq-Log.
Embora haja uma queda sazonal dos custos nessa época, o declínio de dezembro foi maior em rotas para portos do Norte em comparação com a média, disse Abner Matheus João, pesquisador da Esalq-Log, em entrevista por telefone. Em média, as taxas caíram 8% nos principais corredores do país.
Com as melhores condições das estradas e preços mais baixos de frete, as exportações pelos portos do Norte devem aumentar este ano, também impulsionadas por uma safra maior.
O volume de soja e milho que passa pelo terminal de Miritituba pode subir para 13 milhões de toneladas de 10 milhões de toneladas em 2023, disse Edeon Vaz Ferreira, diretor-executivo do Movimento Pró-Logística da Aprosoja. A capacidade do terminal fluvial é de 18 milhões de toneladas por ano.
“Temos espaço para expansão dos embarques, mas, se o atual ritmo de crescimento continuar, a capacidade total deve ser atingida em dois anos”, disse Ferreira.
Com as obras na estrada finalmente concluídas, todas as atenções se voltam agora para a Ferrogrão, que faz o mesmo trajeto da BR-163. O governo planeja licitar a ferrovia de US$ 3 bilhões este ano. Essa opção de transporte alternativo poderia reduzir ainda mais os custos de frete.
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