Falta de contêineres pode afetar embarques de carne e celulose para a China
O Brasil normalmente envia carne e celulose em contêineres para a China, entre outros produtos, em uma rota que dura cerca de um mês em cada sentido (Imagem: Reuters/Fabian Bimmer)
As exportações do 💥️Brasil para a 💥️China, seu principal parceiro comercial, podem ser afetadas nas próximas semanas devido ao acúmulo de contêineres nos portos do país asiático em meio à epidemia de 💥️coronavírus.
Armadores podem enfrentar uma escassez momentânea de contêineres no final de março em meio ao grande número de equipamentos retidos em portos chineses e consequente atraso no retorno das embarcações, de acordo com o Centro de Navegação Transatlântica (Centronave), associação que reúne 19 armadores com presença no país.
O Brasil normalmente envia carne e celulose em contêineres para a China, entre outros produtos, em uma rota que dura cerca de um mês em cada sentido.
“Muitos navios não foram descarregados na Ásia e podem demorar a serem reposicionados para novos embarques”, disse o Centronave em comunicado.
No caso de contêineres refrigerados, que transportam produtos como carnes, o congestionamento ainda é “crítico” nos portos chineses como em Xangai, Xingang e Ningbo. Com isso, os armadores buscam alternativas para limitar o impacto no comércio exterior brasileiro, informou o grupo.
Devido à longa duração das viagens, os atrasos no comércio ainda não apareceram nos dados do governo.
“Vimos alguns relatos de impactos em setores específicos sobre dificuldades no recebimento de importações e mudança de rota de navios que iriam para a China”, disse Herlon Brandão, diretor de estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior. “Talvez mais para frente tenhamos algum dado que evidencie essa situação.”
O comércio global de contêineres tem sido mais fraco do que o habitual no primeiro trimestre de 2023 depois das medidas tomadas por autoridades chinesas para impedir a propagação do novo coronavírus.
Fábricas foram fechadas e trabalhadores portuários obrigados a ficar em casa, o que atrasou o carregamento de contêineres.
O número de navios programados para sair da China em direção ao Brasil desde o fim de janeiro caiu para 19 em relação às 28 viagens planejadas, de acordo com a consultoria de inteligência naval Solve Shipping.
Segundo a empresa, as embarcações têm deixado os portos chineses com capacidade ociosa de até 30% devido às consequências da epidemia na segunda maior economia do mundo.
Isso deve resultar em queda de cerca de 40% das importações brasileiras de produtos chineses em março e abril, segundo Leandro Barreto, sócio da Solve Shipping.
Embarques como os de carne e celulose podem ser impactados com a falta de contêineres até o fim de abril, disse. A soja, principal exportação brasileira para o país asiático, geralmente é embarcada em navios graneleiros e não deve ser impactada pela falta de contêineres.
“O nó logístico da China agora está se espalhando pelo mundo”, disse Barreto.
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