Etanol: oferta de safra, gasolina competitiva e demanda menor por combustíveis de cereja do bolo
Safra entra com menor competitividade do etanol e preços baixos para o açúcar (Imagem: Reuters/Marcelo Teixeira)
As compras de combustíveis já caíram bastante antes mesmo de as restrições de circulação ficarem mais duras e, segundo o órgão regulador nacional (ANP) falando à Reuters, alguns postos relataram recuo de até 50% nas vendas. Abril e maio, no mínimo, deve piorar com o etanol de safra nova (início 1º de abril) entrando e gasolina tendendo a ficar mais barata pelo petróleo sem nenhuma sustentação.
Cai o consumo nas bombas para todos os combustíveis, mas para a cadeia do etanol o cenário fica mais complicado, avalia Martinho Ono, CEO da SCA Trading.
O biocombustível já vinha em queda de preços antes mesmo do início de safra – recuou mais de 13% na semana passada, com o litro a R$ 1,6 segundo o Cepea/Esalq & e se a Petrobras (PETR3; PETR4) mantiver sua política de cortar preços do hidrocarboneto em linha com a queda do barril do Brent, a competitividade ficará mais corroída.
Além da oferta de safra, haverá a concorrência adicional da gasolina e, como cereja do bolo, menor consumo. “O Ciclo Otto (motores a combustão) vai cair muito com a menor demanda, menos que o Ciclo Diesel”, avalia Ono.
“A hora que a chegar tudo na bomba, vai piorar junto com a procura baixa”, reforça.
A cotação do petróleo em Londres cai mais um pouco, em torno de 4,89%, e ao redor das 12h55 (Brasília) vinha a US$ 25,72. O WTI, referenciado nos Estados Unidos, igualmente anda para trás: -3%, US$21,94.
Quantificar o problema não há como pela própria instabilidade das próximas semanas e o tempo que isso pode levar. A contabilidade setorial é só de curto-prazo, como a própria BR Distribuidora (BRDT3) deixa transparecer em seu boletim concluindo pela redução do fluxo de combustíveis no País.
E jogar mais açúcar no mercado, transferindo matéria-prima que iria para etanol, também não deverá ajudar para a commodity que ainda não foi fixada da safra 20/21, entre 30% e 40%. A maior oferta brasileira já esperada pelo mercado, diante dos efeitos da pandemia, derretem os preços. Nesta abertura de semana vem tendo um moderado ajuste técnico de 0,82%, com a libra-peso em centavos de dólar a 11, 11, mas sem tendência de alta consistente.
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