Novo líder em negociação de cobre vê demanda ainda mais forte

Cobre

O coronavírus também paralisou minas e adiou novos projetos, prejudicando a oferta atual e futura (Imagem: Pixabay)

Como responsável pela negociação de cobre na Trafigura Group, Kostas Bintas normalmente roda o mundo e assina acordos que, no ano passado, ajudaram a fazer da Trafigura a maior comerciante de um metal indispensável.

Em março deste ano, ele se viu isolado em casa em Genebra, limitado a videoconferências com clientes e colegas. Com o mundo em lockdown, as perspectivas para a maioria dos metais industriais pareciam sombrias.

Mesmo assim, Bintas já via sinais de que o cobre poderia sair da crise ainda mais forte.

Hoje ele está até mais otimista. A demanda está se recuperando na China e os pacotes de estímulo no mundo desenvolvido prometem transformar o cenário de longo prazo, particularmente com gastos em fontes ecológicas de energia, que usam intensivamente o cobre.

O coronavírus também paralisou minas e adiou novos projetos, prejudicando a oferta atual e futura.

“O cobre está saindo desta crise de maneira diferente”, disse Bintas em conversa por telefone de Genebra. “Quando o isolamento foi flexibilizado e as pessoas começaram a voltar ao trabalho, ficamos surpresos ao ver nossos clientes não apenas recebendo volumes que tinham comprado, mas solicitando mais volumes por precaução contra mais interrupções no fornecimento.”

Esse entendimento da Trafigura reforça previsões de que o metal visto como um indicador da economia global caminha para uma recuperação em forma de V.

Nem todos estão tão otimistas. Alguns analistas acham que a retomada do cobre pode ficar sem fôlego. Porém, Bintas tem uma vantagem importante: a ampla rede de operadores da Trafigura, que coletam inteligência diretamente no mercado de cobre.

A empresa comprou e vendeu 4,35 milhões de toneladas de cobre no ano passado, segundo Bintas, superando a rival Glencore como líder mundial na negociação do metal. Um porta-voz da Glencore se recusou a comentar.

O vírus forçou a paralisação de diversas minas, particularmente grandes operações na América do Sul, e atrasou o trabalho em projetos futuros. Os pacotes do estímulo têm como alvo setores com uso intensivo de cobre, como energias renováveis e veículos elétricos.

A mudança climática também aumenta a procura mundial por sistemas de aquecimento e resfriamento, que usam cobre. A demanda deve subir 3,4% ao ano na próxima década, o que empurraria o mercado para um grande déficit, a menos que novas fontes de suprimento sejam descobertas.

Considerando os custos elevados de desenvolvimento, a tonelada de cobre precisa custar acima de US$ 7.600 para incentivar investimentos de longo prazo em novos projetos de mineração. Apesar da crise da demanda, os estoques globais visíveis diminuíram em 412.000 toneladas entre março e junho.

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