Rodolfo Amstalden: Café da Manhã dos Campeões
“Enquanto investidores, podemos ser deixados para trás ou podemos pegar uma belíssima carona exponencial”, diz o analista (Imagem: Murilo Constantino/Empiricus)
Rabo Karabekian é o protagonista de Bluebeard, um dos meus livros preferidos do Kurt Vonnegut.
O personagem é um pintor expressionista abstrato parcamente conhecido pelo grande público. Ele mesmo faz questão de se descrever, sem falsa modéstia, como “uma nota de rodapé na História da Arte”.
Karabekian percebe que nasceu para pintar, não tem dúvidas sobre isso. Assim como sabe, ao observar demais talentos, que outros à sua volta nasceram para correr maratonas, deduzir teoremas ou cantar ópera.
No entanto, a despeito de todas essas pessoas terem atendido aos seus chamamentos originais, seguindo estritamente as vocações que lhes foram determinadas, suas almas continuam vazias.
Nem sempre foi assim.
“Acho que tudo começou na época em que cada indivíduo tinha que viver em meio a pequenos grupos de parentes e amigos, talvez não mais do que 50 ou 100 pessoas se organizando conjuntamente” — contextualiza Karabekian.
“E a evolução darwinista ou o criacionismo divino acabaram moldando nossos parâmetros genéticos de forma a manter as famílias unidas, até mesmo eventualmente felizes, em um contexto no qual sempre haveria alguém do grupo para contar histórias nas noites de fogueira, e um outro alguém para desenhar figuras nas paredes das cavernas (…), e assim por diante.”
Mas, de repente, essa cena bucólica passou por uma reconfiguração radical.
“É claro que um esquema naqueles moldes não faz mais sentido, porque virtudes moderadas tornaram-se inúteis hoje em dia, graças às tecnologias de impressão gráfica, rádio, televisão, satélites, etc.”
“Uma pessoa de talentos moderados que seria um tesouro para sua comunidade mil anos atrás agora tem que desistir, tem que migrar para alguma outra linha de trabalho, já que o poder da comunicação a colocou para concorrer com ninguém menos do que os Campeões Mundiais.”
“O planeta inteiro agora fica extraordinariamente bem com alguns poucos talentos campeões em cada área das virtudes humanas.”
Em Bluebeard, Vonnegut captura brilhantemente o Zeitgeist da dinâmica paretiana (80/20) moderna.
Alguns raros competidores, extremamente virtuosos naquilo que fazem, são declarados campeões mundiais.
Como congratulação, a eles são oferecidas grandes fatias de mercado, de modo que o clássico debate sobre market share vai perdendo o sentido.
Conforme a constatação de Karabekian, tais campeões são ditados pelo domínio tecnológico, num caminho sem volta.
A tecnologia impõe ao mundo a estética do “winner takes all” — ao vencedor machadiano, as batatas.
Enquanto investidores, podemos ser deixados para trás ou podemos pegar uma belíssima carona exponencial, investindo nas Big Techs.
Se você, assim como eu, está entre aqueles que preferem a carona, saiba que a cesta das principais teses de tecnologia tem também uma versão de campeões nacionais, agora fácil de acessar.
E então talvez possamos dizer, num futuro de aposentadorias abastadas, que tudo começou na época em que o Tech Brasil foi lançado, à disposição do grande público de pessoas físicas brasileiras.
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