Keynes contra os austríacos na explicação das bolhas financeiras
Segundo Paulo Gala, as obras de John Maynard Keynes deixam claro que existe a necessidade de um estado regulador, capaz de suprir as deficiências do mercado (Imagem: Pixabay/@stevepb)
Keynes destacou ao longo de sua obra três pilares teóricos sem os quais fica difícil entender o funcionamento do sistema capitalista:
i) A ideia de que o comportamento dos agentes financeiros tende a ser instabilizador. Como viria a mostrar de maneira mais detalhada H. Minsky, seguindo Keynes, os agentes financeiros tendem a se comportar de maneira pró-cíclica tomando risco nos momentos de boom e euforia e entrando em pânico nos momentos de crise. Esse tipo de comportamento acaba criando mais instabilidade e volatilidade no sistema.
ii) Um desdobramento dessa ideia aparece na noção de racionalidade limitada diante de um futuro incerto. Na ausência de bolas de cristais para prever o que ocorrerá os mercados constroem expectativas e convenções, com forte influencia psicológica. Essas avaliações subjetivas acabam por influenciar o preço dos principais ativos no mundo e, por conseqüência, decisões de produção, gasto, 💥️investimento, 💥️emprego etc…
iii) Keynes também chamava a atenção para a incapacidade de um sistema econômico gerar automaticamente pleno emprego. O sistema de preços de uma economia não é capaz de restabelecer sozinho o pleno emprego de seus meios de produção. Vale dizer, se sobram trabalhadores num país os salários não caem até o ponto em que estes possam ser novamente reempregados.
Diante desses três problemas, fica clara a necessidade de um estado regulador, capaz de suprir as deficiências do mercado. Importante registrar aqui também que Keynes era um reformista e não um revolucionário. Queria consertar o sistema e não trocá-lo por outro.
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