Bancos locais ganham preferência de empresas em processo de IPO
Das cinco instituições financeiras que lideram o ranking de coordenadores de IPO em volume de negócios, quatro são nacionais (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)
Os dias de grandes 💥️bancos de investimento globais sendo o destino certeiro de 💥️empresas interessadas em listar suas ações na 💥️bolsa de valores podem estar ficando para trás, pelo menos no 💥️Brasil.
O mercado brasileiro de 💥️ofertas públicas iniciais de ações está em alta este ano, apesar da pandemia. Ainda assim, entre as cinco instituições financeiras que lideram o ranking de coordenadores em volume de negócios, quatro são nacionais, segundo dados da 💥️Refinitiv: 💥️Itaú Unibanco (💥️ITUB4), 💥️Bradesco (💥️BBDC4), 💥️XP Inc. (💥️XP) e 💥️BTG Pactual (💥️BPAC11). O outro é o 💥️Bank of America.
Isso marca uma mudança acentuada em relação ao mesmo período do ano passado, quando quatro dos cinco principais eram grandes atores globais & Bank of America, 💥️Credit Suisse, 💥️Citi e 💥️HSBC & com apenas um brasileiro, 💥️Banco do Brasil (💥️BBAS3).
Ainda assim, especialistas do setor alertam que, apesar das tendências de mudança em 2023, é muito cedo para se decretar uma mudança estrutural no mercado de 💥️IPOs.
Os principais fatores por trás dessa recente tendência, de acordo com especialistas do setor, incluem a crescente participação dos investidores domésticos nos IPOs e também aos relacionamentos dos bancos locais com uma nova geração de empresas que acessa o mercado de capitais & incluindo os 💥️empréstimos que concedem a elas.
Os investidores brasileiros estão enchendo seus portfólios de ações recentemente, à medida que as taxas de juros caíram para níveis históricos, tornando os 💥️investimentos em renda fixa menos atraentes.
Os investidores estrangeiros responderam por 38% do dinheiro dos IPOs brasileiros neste ano, em comparação com 57% há dois anos e abaixo da média histórica de 60% desde 2007.
“Os investidores locais estão migrando para 💥️ações e os 💥️gestores de fundos estão tendo dificuldade em encontrar ações da empresa para comprar”, disse Pedro Mesquita, sócio da XP.
Quando a empresa de cashback Méliuz começou a planejar um IPO recentemente, por exemplo, poderia ter optado por bancos globais, como 💥️JPMorgan, 💥️Morgan Stanley (💥️MS) e 💥️Goldman Sachs (💥️GS), todos com escritórios no Brasil.
Mesmo assim, os fundadores e investidores de venture capital da Méliuz escolheram BTG Pactual, Bradesco, XP e Itaú Unibanco como os coordenadores de um IPO que deve ser lançado em breve.
Os bancos globais, porém, provavelmente ainda serão escolhidos como destino certeiro para IPOs de grande porte e devem obter mandatos importantes até o final do ano, dizem especialistas do setor.
IPOs multibilionários, como os da seguradora 💥️Caixa Seguridade, da rede de hospitais 💥️Rede D’Or e da varejista 💥️Havan, serão coordenados por bancos internacionais e locais, por exemplo.
“Os bancos locais costumam ter relacionamentos comerciais com empresas menores que crescem e atingem o porte necessário para um IPO, mas isso não significa que os bancos globais não liderarão em termos de volume até o final do ano”, disse Fabio Medeiros, managing director no Morgan Stanley, em São Paulo.
Crescimento de negócios no Brasil
Até agora, as empresas levantaram 3,1 bilhões de dólares, 113% a mais que no mesmo período do ano anterior (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)
IPOs no Brasil estão a caminho de seu maior ano desde 2007. Treze empresas já fizeram sua estreia e mais de 40 outras já entraram com pedido de ofertas junto ao regulador.
Até agora, as empresas levantaram 3,1 bilhões de dólares, 113% a mais que no mesmo período do ano anterior, nos 13 IPOs & superando os IPOs globais, que têm alta de 20%, segundo dados da Refinitiv.
Na 💥️Índia, em comparação, houve 21 IPOs, mas eles levantaram 1,7 bilhão de dólares, queda de 22,8% em relação ao ano anterior, enquanto na China 328 negócios levantaram 52,4 bilhões de dólares, mais que o dobro em relação ao ano anterior.
Os quatro bancos domésticos que lideram o ranking de IPOs de empresas brasileiras responderam por 54,3% do volume dessas ofertas iniciais. Muitas das empresas dessa nova onda de IPOs vêm de lugares distantes do tradicional corredor comercial São Paulo-Rio, onde bancos globais geralmente não têm escritórios.
“Por muito tempo, a bolsa brasileira girou em torno de commodities e bancos”, disse Alessandro Farkuh, chefe da área de banco de investimento do Bradesco. “Agora existem empresas de diferentes setores, do puro 💥️e-commerce a negócios de varejo mais regionais. Os bancos nacionais conhecem todas essas empresas.”
Competição aquece
Os bancos domésticos foram se posicionando para a recente mudança no cenário de IPOs (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)
Quando a construtora familiar 💥️Moura Dubeux (💥️MDNE3) contratou cinco bancos para seu IPO no início deste ano, quatro eram domésticos. A empresa era credora de três deles. O Credit Suisse, o único banco global escolhido, é o banco que gere os recursos da família proprietária da empresa.
“Percebi que a maioria dos meus investidores seriam brasileiros e acho que os bancos locais atingiram um padrão global para coordenar 💥️ofertas de ações“, disse Diego Villar, presidente da Moura Dubeux, com sede no Estado de 💥️Pernambuco.
Roderick Greenlees, diretor global de banco de investimentos do 💥️Itaú BBA, disse que os bancos domésticos foram se posicionando para a recente mudança no cenário de IPOs.
“Os bancos brasileiros perceberam que haveria uma demanda crescente por serviços de mercado de capitais e contrataram mais banqueiros nos últimos anos”, acrescentou.
Com tantos bancos locais e globais disputando negócios no Brasil, o país é um mercado cada vez mais competitivo. As comissões médias pagas para os bancos em IPOs no ano passado foram de 3,3%, em comparação com 4,4% nos 💥️Estados Unidos, de acordo com o provedor de dados Dealogic.
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