BP mira etanol no Brasil, mas paga as contas com o açúcar
No mês passado, a BP prometeu reduzir a produção de petróleo e gás em 40% ao longo da próxima década e multiplicar por 20 a produção de energia renovável (Imagem: REUTERS/Carlos Jasso)
A 💥️BP anunciou recentemente uma meta ambiciosa de aumentar a produção de energia a partir de fontes renováveis. Mas enquanto a petrolífera britânica está apostando no 💥️etanol no 💥️Brasil, é a produção de açúcar que paga as contas.
A pandemia tirou os carros de circulação e vai reduzir a demanda de etanol em 10% este ano no Brasil, onde a empresa administra 11 usinas juntamente com a gigante americana do agronegócio Bunge, informou Mario Lyndenhayn, que comanda as operações da BP no Brasil.
Isso significa que a joint venture foi forçada a transformar mais cana em açúcar às custas da produção do biocombustível — e logo no primeiro ano de operação.
No mês passado, a BP prometeu reduzir a produção de 💥️petróleo e gás em 40% ao longo da próxima década e multiplicar por 20 a produção de energia renovável.
O etanol brasileiro é fundamental para alcançar essa meta. A BP Bunge Bioenergia focou em melhorar a eficiência e diminuir os custos de produção, mas a pandemia que derrubou os mercados de commodities fez com que o açúcar desse mais retorno do que o biocombustível.
“Os preços do açúcar em reais saltaram para um nível muito atraente para as usinas no Brasil”, disse Geovane Dilkin Consul, CEO da joint venture, em entrevista. Esse movimento permitiu que a indústria “não sofresse muito”.
As usinas podem destinar mais ou menos cana para fazer açúcar ou etanol, dependendo de qual produto oferece melhor retorno. Enquanto a maior parte do açúcar é exportada, o etanol abastece a frota doméstica de carros flex.
A queda de preços do etanol e a desvalorização da moeda brasileira, que elevou a dívida denominada em dólares da empresa, forçaram a Bunge a reduzir as perspectivas para sua joint venture em julho.
Os resultados da BP Bunge caíram no segundo trimestre, abalados por perdas cambiais de US$ 70 milhões relacionadas ao endividamento. Desde então, a perspectiva melhorou, disse Lyndenhayn durante a entrevista.
“O recuo na demanda de etanol não é bom, mas é certamente muito melhor do que a perspectiva que se via em março, abril”, disse ele.
Garantindo o lucro
Para garantir o lucro com o açúcar, a empresa fez contratos de hedge para toda a atual safra a preço quase recorde em reais.
Para a safra do ano que vem, os contratos garantidos foram a preço 10% maior. Cerca de um terço da produção da temporada seguinte está com preço fechado 8% superior a 2023, segundo Consul.
BP e Bunge fizeram suas primeiras incursões separadamente no mercado brasileiro de etanol há mais de uma década, quando a ascensão global dos biocombustíveis desencadeou uma onda de investimentos que não atingiram expectativas depois que a crise econômica de 2008 tirou o crescimento global dos trilhos.
No Brasil, o segundo maior produtor mundial de etanol depois dos EUA, o setor também foi atingido pela limitação do preço da gasolina durante sete anos, que prejudicou a demanda.
Quando compraram usinas, as multinacionais focaram demais em ativos industriais em vez da qualidade dos canaviais, o que Consul considera um erro.
No Brasil, o segundo maior produtor mundial de etanol depois dos EUA, o setor também foi atingido pela limitação do preço da gasolina durante sete anos, que prejudicou a demanda (Imagem REUTERS/Sergio Moraes)
“Nossa curva de aprendizado foi dolorosa”, acrescentou Lyndenhayn, que também atua como presidente executivo da BP Bunge Bioenergia.
Ainda assim, a BP está renovando a aposta no etanol brasileiro. A joint venture planeja gastar mais de R$ 1 bilhão nos canaviais e R$ 200 milhões adicionais em ativos industriais. A joint venture pretende economizar cerca de R$ 1 bilhão em três anos a partir da captura de sinergias.
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