Primeiro turno teve recorde de abstenção em eleições municipais desde 1996

Coronavírus-Eleição

O índice de abstenção no pleito municipal é o maior desde 1996, ano em que as urnas eletrônicas começaram a ser utilizadas (Imagem: Pedro França/Agência Senado)

A pandemia da 💥️covid-19 explica em parte a taxa recorde de abstenção no primeiro turno das eleições municipais realizadas no domingo (15). Dados preliminares do 💥️Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 34,2 milhões dos mais de 147 milhões de brasileiros aptos a votar não compareceram às urnas, o que corresponde a 23,14%.

O índice de abstenção no pleito municipal é o maior desde 1996, ano em que as urnas eletrônicas começaram a ser utilizadas. O movimento já era esperado devido à pandemia e a consequente preocupação de eleitores em evitar aglomerações.

Mas cientistas políticos avaliam que o crescimento da abstenção é uma tendência desde antes da pandemia. Nas duas eleições municipais anteriores, a abstenção no primeiro turno foi de 17,58% em 2016 e de 16,41% em 2012.

O professor da Universidade de Brasília (UnB) e cientista político Ricardo Caldas aponta uma série de fatores para a queda na participação dos eleitores e avalia que a tendência parece ser irreversível.

— Para muitas pessoas não é importante votar. Há uma sensação por parte dessas pessoas que o voto delas não afetam o resultado geral, embora obviamente afete. A penalidade para o não comparecimento também é muito baixa. A pandemia acentuou essa tendência. Penso que ela é irreversível — apontou.

Segundo Gilberto Guerzoni, consultor legislativo do Senado, muitas vezes os eleitores não conseguem identificar políticos que correspondam às suas próprias ideias:

— Acho que isso [a abstenção] pode ter sido provocado por uma resistência à política. A ideia de que o nosso sistema representativo não consegue representar a população.

No Rio de Janeiro e em Porto Alegre, um terço dos eleitores não votou; Em São Paulo, o índice de abstenção foi de 29%. E em mais da metade das capitais foi superior a 25%.

Na eleição mais recente, a presidencial de 2018, a abstenção no primeiro turno ficou em 20,33%. O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, chegou a afirmar que a abstenção poderia chegar a 30% em 2023. Ele comemorou a participação dos brasileiros nas eleições deste ano.

— Os níveis de abstenções foram inferiores a 25%, portanto, em plena pandemia, nós tivemos um índice de abstenção pouca coisa superior a das eleições passadas — disse em entrevista coletiva no domingo.

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