Cresce número de mulheres candidatas e eleitas no pleito de 2023

Congresso

A participação feminina na política já caminha para além do cumprimento da cota obrigatória de 30% reservada pelos partido (Imagem: Pedro França/ Agência Senado)

Além do registro recorde de candidaturas femininas em 2023 na disputa pelas prefeituras e câmaras municipais, o total de mulheres eleitas, reeleitas ou que ainda concorrerão no segundo turno também cresceu.

Os resultados finais serão consolidados pelo Tribunal Superior Eleitoral (💥️TSE) até sexta-feira (20). Até o momento, dados oficiais mostram que 12,2% das candidatas foram eleitas no primeiro turno para assumir o cargo de prefeitas. Na eleição de 2016 esse número foi de 11,57%.

— Tivemos um aumento ainda não suficientemente expressivo, mas no 💥️Brasil há uma curva ascendente na participação feminina nos processos eleitorais.

No Congresso Nacional, esse número, que ainda é insuficiente, aumentou para 15%. E nós fizemos uma grande campanha de atração de mulheres para a política — declarou o Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE.

De um modo geral, a participação feminina na política já caminha para além do cumprimento da cota obrigatória de 30% reservada pelos partidos. De acordo com a 💥️Justiça Eleitoral, no pleito deste ano as mulheres representam 33,6% do total de 557.389 candidaturas, superando o maior índice das três últimas eleições, que não passou de 32%.

Prefeitas

Nas capitais, Cinthia Ribeiro foi reeleita prefeita de Palmas (TO) com 36,22% dos votos. Em 2016, ela foi eleita vice-prefeita, na chapa encabeçada por Carlos Amastha (PSB), que renunciou em 2018, quando Cinthia assumiu o cargo.

Outras cinco mulheres disputam a prefeitura no segundo turno: Marília Arraes (PT), em Recife; Danielle Garcia (Cidadania), em Aracaju; Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre; Cristiane Lopes (PP), em Porto Velho; e Socorro Neri (PSB), em Rio Branco.

E mais uma mulher ainda concorrerá no primeiro turno em Macapá. Patrícia Ferraz (Podemos) é candidata a prefeita da capital do Amapá, onde a eleição foi adiada para os dias 13 e 27 de dezembro em razão do apagão que atinge o estado desde o começo deste mês.

Na lista das cidades do interior que elegeram mulheres para a prefeitura estão: Ubatuba (SP) com Flávia Pascoal (PL), São Domingos do Norte (ES) com Ana Izabel Malacarne (DEM), Manhuaçu (MG) com Imaculada (PSB), Alto Taquari (MT) com Marilda Sperandio (DEM), Santa Cruz do Sul (RS) com Helena Hermany (PP), e Surubim (PE) com Ana Célia (PSB), entre outras.

Várias prefeitas seguem para o segundo mandato, como é o caso em Caruaru (PE), onde Raquel Lyra (PSDB) foi reeleita com 114.466 votos no primeiro turno. Ela foi a primeira mulher a assumir a gestão do município em 2016.

Simone Marquetto (MDB) continuará a governar a cidade de Itapetininga (SP). Ela recebeu 41.913 votos, que correspondem a 61,91% do total de votos válidos.

Também em São Paulo, Maria José Gonzaga (PSDB), de 74 anos, foi reeleita à prefeitura de Tatuí, com 58,29% dos votos válidos, um total de 31.861 votos.

A atual prefeita de Ipojuca (PE), Célia Sales (PTB), segue no cargo por mais quatro anos. Ela obteve 46,04% dos votos válidos.

Vereadoras

Pela internet, a senadora licenciada Daniella Ribeiro, comemorou os resultados na segunda maior cidade da Paraíba.“Eleição histórica para a representação feminina no Legislativo de Campina Grande. Sete mulheres na Câmara Municipal! Seis a mais do que no pleito de 2016. Os três primeiros lugares em número de votos também foram de mulheres. Estou muito feliz! Que mais espaços sejam conquistados”, registrou.

A capital mineira também alcançou a maior participação feminina da história da Câmara de Municipal de Belo Horizonte com 11 mulheres, quase três vezes mais que as quatro atuais. E a presidente Nely Aquino (Podemos) foi reeleita.

A pedagoga e ativista feminista Lola Aronovich celebrou a votação em Florianópolis (SC) pela conquista inédita nas eleições de 2023.

“Importante: em 300 anos de história de Floripa, apenas sete mulheres foram eleitas. Mas agora em 2023, cinco vereadoras foram eleitas! Histórico! Duas são assumidamente feministas, anticapitalistas e antirracistas. A Coletiva Bemviver (Psol), com negra e indígena, se elegeu!”, destacou.

Em Cuiabá (MT), duas mulheres foram eleitas entre os 25 vereadores que irão compor a Câmara nos próximos quatro anos: Edna Sampaio (PT), com 2.902 votos, e Michelly Alencar (DEM), com 2.841 votos. Na eleição anterior, nenhuma mulher foi eleita.

Curitiba elegeu a primeira vereadora negra da história da cidade, com 8.407 votos. Carol Dartora (PT) foi a terceira candidata mais votada da capital do Paraná.

“Elegemos a primeira vereadora negra em Curitiba, uma cidade que rejeita sua negritude e que agora irá escurecer sua Câmara!”, ressaltou Carol nas redes sociais.

Na cidade de São Paulo, a mulher mais votada para a Câmara de vereadores é transexual. Erika Hilton (PSOL) obteve 50.447 votos. No Twitter, ela comemorou o sexto lugar entre os dez primeiros colocados da capital paulista.

“Mulher preta e trans eleita a vereadora mais votada da cidade! Feminista, antirracista, LGBT e do PSOL. A primeira da história! Com mais de 50 mil votos. Obrigada!”, agradeceu Érika na internet.

Aos 19 anos, Nayara Oliveira foi eleita ao cargo de vereadora em Buritis (RO), pelo Republicanos. Em 2023, ela também foi uma das participantes do Programa Jovem Senador, voltado a alunos do ensino médio das escolas públicas estaduais, que permite conhecer a estrutura e do funcionamento do Poder Legislativo no Brasil.

— Enxerguei na iniciativa uma grande oportunidade que nós temos de opinar a respeito da política, cidadania e a busca por melhorias que almejamos, além de tudo, através de um tema proposto de redação, exercermos a nossa voz. No mais, é uma chance maravilhosa de nos aprofundarmos na história do país e presenciarmos, na prática, as funções destinadas aos representantes eleitos por nós cidadãos — avaliou a jovem ao final da experiência no Senado.

Participação

Além da cota de 30% de candidaturas femininas, nesta eleição municipal foi a primeira vez que entraram em vigor as novas regras da reserva de, no mínimo, 30% dos fundos eleitoral e partidário e a aplicação do mesmo percentual ao tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão para as mulheres, com a obrigatoriedade dos partidos de fazer a divulgação dessas candidaturas.

Ainda assim, nas eleições deste ano foram 2,5 mais homens que mulheres candidatas para os cargos de prefeito, vice e vereador no Brasil, somando 370 mil candidaturas masculinas contra 187 mil postulantes do sexo feminino.

Elas ainda são minoria entre os nomes lançados para concorrer ao Executivo municipal. Só uma a cada dez candidaturas a prefeito é de mulher. Nas câmaras de vereadores, esse percentual é de 34%.

É o que constatou na prática, no Tocantins, a senadora Kátia Abreu (PP-TO), com a divulgação dos resultados no estado que tem 139 municípios.

“No Tocantins apenas 15 mulheres se elegeram prefeitas das quais apoiei sete das eleitas. Lutei muito por outras que não conseguiram chegar. Resultado muito baixo para as mulheres. Infelizmente”, lamentou.

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