Definir 2023 como limite para conversão do Cerrado em soja é inviável, diz Abiove
A legislação brasileira permite que os proprietários de terras desmatem até 80% da vegetação nativa no Cerrado (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)
Definir 2023 como uma data limite para a proibição de novos desmatamentos e conversões de terras para áreas de soja no Cerrado não é algo viável, disse nesta terça-feira o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (💥️Abiove), André Nassar.
Ele fez o comentário em resposta a uma carta de um grupo de empresas internacionais, que pediu que grandes tradings de commodities deixem de comprar soja associada ao desmatamento do bioma.
Companhias do setor discutiram por anos, com ONGs e clientes europeus, formas para garantir desmatamento zero nas cadeias de oferta, segundo Nassar.
Mas esse debate sempre colocou os grupos em “lados opostos”, afirmou ele em entrevista à Reuters, à medida que operadores se recusam a impor uma moratória vista como injusta aos agricultores.
“Impor uma data limite significaria excluir produtores mesmo quando eles ampliam as áreas legalmente”, disse Nassar. “Nós sempre dissemos que não faríamos isso.”
A legislação brasileira permite que os proprietários de terras desmatem até 80% da vegetação nativa no Cerrado.
A Abiove e seus membros propuseram aos signatários da Declaração de Apoio ao Manifesto do Cerrado que fossem introduzidos incentivos financeiros para que os agricultores recebessem uma compensação por não desmatarem novas áreas.
Pelo plano, os produtores não cultivariam as áreas em troca de pagamentos. O esquema duraria cinco anos e poderia provocar uma mudança cultural gradual, disse Nassar.
Segundo ele, apenas três 💥️empresas participantes do Manifesto do Cerrado afirmaram publicamente que investiriam dinheiro em uma iniciativa como essa.
Individualmente, as tradings possuem suas próprias metas para erradicar o desmatamento. A carta desta terça-feira, porém, foi vista como uma tentativa de acelerar o processo.
“É uma forma de fazer pressão”, disse Nassar. “É uma forma de dizer à opinião pública e às ONGs… na Europa, ‘fizemos o que tínhamos que fazer’.”
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