Real tem pior desempenho do mundo mesmo depois de Banco Central atuar

Dólar recua ante real com alívio após novas medidas de estímulo nos EUA

Agentes financeiros têm refeito cálculos com a possibilidade de volta do auxílio (Imagem: REUTERS/ Yuriko Nakao)

O 💥️dólar deixou as máximas de mais cedo, mas ainda fechou em alta nesta terça-feira, com o mercado mostrando receios de mais despesas públicas sem contrapartidas fiscais, o que levou o real mais uma vez ao pior desempenho no mundo e o 💥️Banco Central a intervir com venda de 1 bilhão de dólares no mercado de derivativos.

O real não apenas liderou as perdas nos mercados de câmbio como foi apenas uma das três moedas dentre 33 pares do dólar a recuar.

Peso colombiano (-0,15%) e peso argentino (-0,11%) também caíam no dia em que o índice do dólar recuava 0,55%.

O mercado seguiu a pressionar o câmbio diante de temores fiscais, o que explicou a tomada de fôlego da moeda na véspera, quando o presidente do 💥️Congresso, 💥️Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que não se pode vincular um novo 💥️auxílio emergencial a PECs que poderiam compensar aumento de gastos.

Agentes financeiros têm refeito cálculos com a possibilidade de volta do auxílio, mas nos novos cenários consideram a aprovação de medidas que compensem o impacto fiscal.

Entre as mais citadas está a PEC Emergencial, que estabelece gatilhos para conter despesas públicas.

Falando sobre a política de reajuste de preços da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro disse na véspera que, conforme conversas com o presidente da Petrobras, o ideal seria o dólar baixar.

“Avalio que a depreciação cambial recente tinha fundamento, pois decorreu principalmente da pior percepção fiscal, amplificada pelo juro real muito fora do lugar. Assim, vender dólares nesse cenário contém um pouco a piora da moeda, mas vai ser ineficaz se o quadro fiscal piorar”, disse Sergio Goldenstein, consultor independente e estrategista na Omninvest Independent Insights e ex-chefe do Departamento de Operações de Mercado Aberto do Banco Central.

O dólar spot fechou esta terça-feira com ganho de 0,19%, a 5,3827 reais. Na máxima, a moeda foi a 5,4483 reais (+1,41%), antes de, na mínima, descer a 5,3546 reais (-0,33%).

O pico do dia foi alcançado por volta de 13h20, e a cotação manteve-se perto do topo até 14h11, quando o BC anunciou o primeiro leilão de swap cambial, com oferta de até 20 mil contratos (1 bilhão de dólares). Nessa operação, foram vendidos 14.300 contratos.

O BC, então, anunciou às 14h57 a segunda oferta do dia, disponibilizando os demais 5.700 contratos, que posteriormente foram colocados integralmente no mercado. O BC não fazia oferta líquida de swaps cambiais tradicionais desde 11 de janeiro, quando leiloou 10 mil contratos (500 milhões de dólares).

O swap cambial tradicional é um derivativo que estabelece trocas de rentabilidade. Quem vende os contratos (o BC) troca a variação da taxa de câmbio mais cupom cambial pela variação dos juros. Quem os compra & no caso, o mercado fica posicionado na variação cambial, o que proporciona hedge a riscos de desvalorização do real.

O primeiro leilão de swap desta terça, com lote de 20 mil papéis, foi o maior desde 14 de maio do ano passado, quando o BC disponibilizou a mesma quantia de contratos, num momento em que o mercado ainda tentava se estabilizar após o choque em março decorrente da pandemia.

Considerando a colocação diária, o montante de 1 bilhão de dólares desta terça é o maior desde 12 de agosto, quando, no somatório de dois leilões de swap, a autoridade monetária também colocou 1 bilhão de dólares no mercado.

“(Os leilões) parecem atender a disfuncionalidade no mercado futuro, que chegou a abrir (dólar subir) bem mais que o spot, o que pode afetar o cupom (cambial)”, disse o profissional de um banco estrangeiro. O cupom cambial funciona como uma taxa de juros em dólar e uma forte alta sua costuma ser associada a estresses nas condições de liquidez do mercado de câmbio.

“Como os bancos não estão vendendo dólar porque estão cheios de posições compradas (em real) do overhedge e (como) houve uma massiva compra (de dólar) pelo investidor estrangeiro semana passada, o BC achou por bem intervir”, acrescentou.

Além de riscos fiscais, o IPCA de janeiro abaixo do esperado ajudou a estimular compras de dólar mais cedo, uma vez que amparou apostas de que o Copom pode não subir os juros no curto prazo.

Em evento virtual nesta terça, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse entender a ansiedade do mercado com dados recentes de inflação, mas frisou que a política monetária precisa mirar o longo prazo e que muitos componentes da inflação são temporários.

Campos Neto voltou a alertar contra a adoção, pelo governo, de medidas de estímulo à atividade que gerem aumento líquido de despesas, ressaltando que um movimento nesse sentido poderia ter implicações para a política monetária.

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