“Nada está escrito em pedra”, diz Campos Neto sobre nova alta de 0,75 na Selic

Campos Neto

“Mas nada está escrito em pedra, podemos enfrentar condições muito diferentes de agora em diante”, disse Campos Neto  (Imagem: Flickr/Banco Central)

O 💥️Banco Central do Brasil começou a apertar a política monetária no mês passado, depois que uma alta nos preços de commodities e energia passou a impactar o núcleo da inflação, disse o presidente da instituição monetária 💥️Roberto Campos Neto em entrevista.

“Entendemos que esse processo teve alguma contaminação nos números do núcleo da inflação”, disse Campos Neto, 51, em entrevista à TV Bloomberg na noite desta terça-feira. “Nós nos mantemos vigilantes sobre como esse processo está se desenvolvendo.”

O Banco Central está tentando conter o aumento da inflação sem sufocar a recuperação da maior economia da América Latina. É um equilíbrio especialmente delicado para atingir enquanto o país tem um dos maiores números de mortes pela doença. Ao mesmo tempo, os investidores estão preocupados com aumento de gastos e tendências populistas do presidente 💥️Jair Bolsonaro.

“Para nós, o importante não é o real, trabalhamos sob um sistema de câmbio flutuante. O importante é como o real contamina o canal de inflação para a inflação de curto prazo e para elevar expectativas. Estamos vigilantes quanto a isso e agiremos se necessário”, afirmou.

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O Banco Central está tentando conter o aumento da inflação sem sufocar a recuperação da maior economia da América Latina (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

A capacidade de Campos Neto de equilibrar os dois desafios pode definir sua carreira à frente da autoridade monetária. Desde que assumiu o cargo em 2023, o ex-executivo do Banco Santander foi responsável por cortes profundos nos custos de empréstimos com o objetivo de tirar o Brasil da crise causada pelo novo 💥️coronavírus.

Mas com a inflação anual atualmente em alta de 6,10%, bem acima da meta de 3,75% estabelecida para este ano e no maior nível em quatro anos, a preocupação mudou e agora versa sobre o poder de compra em erosão da população. Em março, a autoridade monetária subiu em 0,75 ponto percentual a taxa de juros, maior elevação em uma década, e sinalizou outro aumento da mesma magnitude em maio, o que levaria a Selic para 3,5%.

“Mas nada está escrito em pedra, podemos enfrentar condições muito diferentes de agora em diante. Não achamos que isso é o cenário mais provável, mas temos cenários alternativos e temos sido transparentes quanto a isso.”

Esse nível ainda está abaixo do que muitos investidores acreditam ser necessário para manter a inflação sob controle, especialmente após uma nova rodada de auxílio emergencial. Traders avaliam que o Banco Central levará a taxa básica de juros para mais de 6% até o final do ano, enquanto economistas consultados pelo BC preveem que os custos dos empréstimos ficarão em 5,25% em dezembro.

Enquanto isso, não há sinais de que uma nova e mais letal onda do vírus vai arrefecer em breve. O Brasil bateu recordes diários de mortes de Covid-19 duas vezes na semana passada, e os hospitais em todo o país estão lotados com pacientes contaminados pelo vírus.

(Com Bloomberg e Reuters)

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