ONS vê seca pressionar sistema elétrico do Brasil até 2022
O bom é que, com a temperatura mais baixa, a carga dá uma caída, mas estamos despachando o máximo de térmica que cabe (Imagem: REUTERS/Valentyn Ogirenko)
O sistema elétrico do 💥️Brasil deve seguir pressionado por maiores custos até 2022, em meio a impactos do pior período de chuvas já visto em duas décadas sobre a produção das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia no país, disse à Reuters o diretor-geral do 💥️Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A situação deve exigir um forte uso de usinas térmicas, que aumentam custos para os consumidores, segundo o chefe do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, embora ele tenha destacado que não vê riscos de falta de suprimento ou racionamento, até devido aos impactos da crise gerada pelo 💥️coronavírus.
“Se não tivesse uma pandemia e se a economia estivesse crescendo, talvez a gente tivesse tido problema (de abastecimento) já no ano passado”, afirmou.
Na semana passada, o Comitê de Monitoramento do 💥️Setor Elétrico (CMSE) formado por membros do governo e de órgãos técnicos incluindo o ONS aprovou a possibilidade de medidas adicionais para garantir o atendimento à demanda, incluindo maior acionamento de térmicas e importações de energia da 💥️Argentina e do 💥️Uruguai.
No período tradicionalmente marcado por mais precipitações, entre novembro e o final de março, as chuvas registradas foram as piores em 20 anos, disse Ciocchi, para quem a situação não deve ter melhoria significativa até a reta final deste ano, mesmo com um clima mais ameno nos próximos meses.
“O bom é que, com a temperatura mais baixa, a carga dá uma caída, mas estamos despachando o máximo de térmica que cabe”, destacou ele.
“O objetivo é preservar o máximo possível a água que ainda tem (nos reservatórios das hidrelétricas), depois de um período chuvoso ruim.”
A previsão do ONS é que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, que concentram a capacidade de armazenamento, cheguem a outubro em patamar de cerca de 20%, considerado baixo, mesmo com maior uso das térmicas e ajuda da geração eólica e solar, ante 33,8% atualmente.
“Chegar a 20% seria começar o período chuvoso com algo parecido com 2023. A ideia é usar mais térmica para igualar esse nível”, disse Ciocchi.
Com o uso das termelétricas após as chuvas fracas, especialistas projetam que as contas de luz no país devem se manter mais caras até o final do ano, com o acionamento das chamadas bandeiras tarifárias amarela e vermelha, que geram custos extras para os consumidores.
2022 Melhor
O diretor-geral do ONS afirmou que a situação de oferta de energia no Brasil deve ter um alívio a partir do ano que vem, com a ampliação da geração e a entrada em operação de novas linhas de transmissão.
Entre os empreendimentos de transmissão que ajudarão o sistema estão linhas cuja conclusão atrasou devido à recuperação judicial da elétrica espanhola Abengoa, disse Ciocchi.
“Mesmo que tenha um hidrologia ruim, a gente tem mais recursos e mais folga. Devem entrar 10 gigawatts em oferta e ainda teremos a solução da interligação Nordeste/Sudeste que era da Abengoa.”
“Isso dará mais margem de manobra para a gente”, finalizou o diretor-geral.
A projeção do ONS é que a carga de energia do Brasil deve crescer cerca de 3% neste ano, podendo avançar mais em 2022 caso seja confirmada uma recuperação da economia nacional.
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