Associação indígena pede ao STF saída imediata de garimpeiros de terra ianomâmi após confronto
Um indígena foi atingido de raspão, disse ele em relatório à Funai, ao Exército Brasileiro, ao Ministério Público Federal e à polícia (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)
A Articulação dos Povos Indígenas do 💥️Brasil (Apib) apresentou nesta terça-feira um pedido ao 💥️Supremo Tribunal Federal (STF) para que determine a saída imediata de garimpeiros ilegais da terra indígena ianomâmi, após relatos de um ataque de homens armados no território ocorrido na véspera.
No pedido ao ministro do STF 💥️Luís Roberto Barroso, a associação apresenta uma carta em que afirma que ataque foi o terceiro este ano na localidade e pede que se cobre da União quais “medidas estão sendo tomadas para fiscalização da TI Ianomâmi” com o objetivo de impedir a presença dos garimpeiros ilegais e garantir a livre circulação e segurança dos indígenas.
Os indígenas querem a retirada dos invasores com urgência “ante a iminência de um genocídio e a escalada de disseminação de malária e 💥️Covid-19 na referida TI por garimpeiros ilegais”, segundo o documento.
“A situação na TI Ianomâmi é grave e tensa. Os indígenas estão sob permanente ameaça de garimpeiros. A realidade é o prenúncio de um genocídio. É preciso que o pedido de socorro dos ianomâmis seja ouvido”, disse a Apib.
O pedido foi encaminhado a Barroso por ele já relatar uma ação desde o ano passado a respeito de medidas que o governo federal tem tomado para enfrentar o coronavírus nas aldeias indígenas.
De acordo com os ianomâmis, garimpeiros ilegais abriram fogo dentro da reserva em Roraima com armas automáticas contra uma comunidade indígena que se opõe à sua entrada pelo rio.
Os ianomâmis responderam com arcos e flechas e espingardas, ferindo quatro dos agressores durante o confronto de 30 minutos na manhã de segunda-feira, afirmou Dario Kopenawa, chefe da Hutukara Associação Yanomami, nesta terça-feira.
Um indígena foi atingido de raspão, disse ele em relatório à Funai, ao Exército Brasileiro, ao Ministério Público Federal e à polícia.
Especialistas afirmam que os garimpeiros provavelmente estão tentando evitar que os ianomâmis bloqueiem seu acesso aos garimpos de ouro.
Os conflitos na maior reserva indígena da 💥️Amazônia têm se tornado cada vez mais violento nos últimos meses, à medida que os ianomâmis se opõem à invasão de mais de 20.000 garimpeiros ilegais em suas terras.
Kopenawa, filho do respeitado líder e xamã Davi Kopenawa, disse que os mineiros ameaçaram retornar para vingar seus feridos e pediu ação das autoridades para proteger a comunidade.
A Funai informou que está investigando o “suposto conflito” e criticou reportagens por se basearem em um relato unilateral, recusando-se a comentar mais.
Cerca de 26.800 ianomâmis vivem em uma reserva que é maior que 💥️Portugal e se estende por 96.650 quilômetros quadrados na fronteira com a 💥️Venezuela.
Os ianomâmis culpam os garimpeiros pela introdução da malária e, desde o ano passado, da Covid-19 que matou nove de seus habitantes. Os garimpeiros poluem rios com mercúrio usado para separar o ouro do minério.
O governo do presidente 💥️Jair Bolsonaro tem defendido a mineração comercial em terras indígenas e propôs uma legislação para legalizar os garimpeiros. Essa visão encoraja cada vez mais garimpeiros armados a invadir as terras ianomâmis.
Bolsonaro nomeou um delegado da 💥️Polícia Federal para chefiar a 💥️Funai e reduziu o financiamento para funcionários e sua capacidade de proteger as comunidades.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) da Igreja Católica criticou o mais recente ataque aos ianomâmis e disse que Bolsonaro não está fazendo o suficiente para afastar os garimpeiros.
“É no governo federal que o garimpo encontra hoje seu principal aliado. O presidente Bolsonaro tem manifestado abertamente em diversas ocasiões seu apoio e incentivo à atividade ilegal do garimpo dentro das terras indígenas”, disse o Cimi em nota.
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