É sempre melhor Banco Central não intervir no câmbio, mas voltamos a estar presentes, diz Serra

Bruno Serra Banco Central

Serra disse ainda que o BC tem estoque “bastante confortável” de reservas internacionais que ampara sua capacidade de intervenção no câmbio (Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)

Um mercado de 💥️câmbio sem intervenção do 💥️Banco Central é sempre melhor, mas a autoridade monetária voltou a marcar presença em meio à saída expressiva de dólares do país desde o fim do último mês, afirmou o💥️ diretor de Política Monetária da autarquia, Bruno Serra.

“O Banco Central está intervindo, a gente já vendeu 3,5 bilhões de dólares desde o último dia do mês de setembro. Foi período que teve saída concentrada grande, mercado claramente teve dificuldade de digerir esse risco cambial da saída e o Banco Central voltou a estar presente”, disse ele.

“É sempre melhor o mercado funcionar sozinho, sem precisar (do BC). Mas assim, até os volumes vendidos e inclusive os últimos dias mostram que a gente está atento, é função do Banco Central prezar pelo bom funcionamento do mercado de câmbio e assim temos feito”, complementou.

Em evento promovido pela gestora 💥️Upon Global, ele destacou que o BC esteve “bastante presente” no mercado em todo o ano de 2023 até março deste ano, mantendo o câmbio “sempre funcional”.

Serra disse ainda que o BC tem estoque “bastante confortável” de reservas internacionais que ampara sua capacidade de intervenção no câmbio. Desde a pandemia, o BC vendeu cerca de 75 bilhões de dólares, afirmou ele.

“Não importa muito a razão, se a gente identificar um mercado de câmbio com funcionamento não adequado, mau funcionamento, a gente tem que atuar, está no nosso mandato”, ressaltou o diretor.

Um movimento de venda de dólares ganhou força no mercado logo no começo das falas do diretor do BC sobre câmbio. A queda se intensificou rapidamente, e o dólar tocou a mínima do dia de 5,4344 reais (-1,48%) no fim da manhã, depois de superar 5,50 reais na máxima do pregão.

O 💥️real tem o melhor desempenho nesta sexta entre 33 pares do 💥️dólar. Às 11h44, o dólar caía 1,26%, a 5,44 reais.

Ainda sobre o câmbio, Serra reconheceu que o país trabalhou com nível de diferencial de juros “muito baixo” durante a pandemia, mas afirmou que o ajuste agora tem sido feito “muito rápido”, em referência ao ciclo de aperto da Selic, e que a expectativa é que o câmbio aos poucos reaja a esse processo.

Ele afirmou que o desafio fiscal que o 💥️Brasil tem pela frente tem influenciado o câmbio, mas que uma sinalização boa nesse front fará o dólar perder força frente ao real, com o câmbio voltando a responder ao diferencial de juros.

Segundo Serra, a redução do endividamento externo pelas empresas tem ocorrido nos últimos anos & outra variável a impactar o câmbio& , mas esse processo tem data para acabar. Ele pontuou que a indicação recebida pelo BC das empresas é que isso deve ser revertido no ano que vem.

Dólar, real

 Às 11:44, o dólar caía 1,26%, a 5,44 reais (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

“Esses dólares voltam a entrar para Brasil, irrigando mercado local”, disse ele, estimando que cerca de 20 bilhões de dólares ao ano deixaram de ingressar nos últimos dois anos.

Serra lembrou ainda que a demanda por dólares em função do desmonte do overhedge pelos bancos também terminará este ano, ajudando a sustentar a expectativa de um mercado de câmbio mais líquido em 2022.

“Isso é um ajuste que custa”, disse. “A gente tinha um sistema que tinha entre 40 e 50 bilhões de dólares, dependendo da data, de excesso de hedge por conta dessas assimetrias tributárias.”

O diretor afirmou que, na vigência dessas assimetrias, havia “problema grande” no sistema financeiro toda a vez que a volatilidade aumentava.

“O fato é que se ele (banco) limpar isso, a gente não tem problema para frente. Mas enquanto você está limpando isso, é uma demanda adicional num período que já não foi um período fácil, de 40, 50 bilhões de dólares. A limpeza disso termina agora no dia 31 de dezembro de 2023”, frisou.

Política Monetária

Ecoando falas recentes de outras autoridades do BC, Serra repetiu nesta manhã que o BC não tem compromisso com qualquer ritmo em seu ciclo de alta na 💥️Selic, mas que viu a elevação em 1 ponto como adequada para entregar a inflação na meta em 2022.

O BC tem dado indicações de que prosseguirá com este ritmo de alta nos juros em sua próxima reunião do 💥️Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece no fim deste mês. Desde março, quando iniciou o ciclo de aperto, o BC já subiu a Selic em 4,25 pontos, ao patamar atual de 6,25% ao ano.

A sinalização da autoridade monetária é de que será necessário levar a taxa de juros para patamar “significativamente contracionista” & que atua no sentido de desaquecer a economia& para domar as persistentes pressões inflacionárias.

“Não tem compromisso com qualquer ritmo de alta de juros, nem maior, nem menor”, disse Serra.

“O que o Banco Central enxergou na última reunião foi de que não era necessário aceleração de ritmo de alta de juros para entregar o centro da meta, levando em conta o balanço de riscos, em 2022 e 2023”, acrescentou.

Em relação à agenda do governo, Serra disse que o que faz mais diferença para a condução da política monetária é o controle dos gastos públicos, destacando ainda que a aprovação da regra do teto de gastos foi decisiva para que o Brasil deixasse de ser país com juros nominais de dois dígitos.

💥️(Atualizada às  12:26)

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