Indústria de petróleo russa quer minerar cripto a partir da queima de gás desperdiçado
“Gás associado” é um gás natural que fica no topo de reservas petrolíferas e, geralmente, não fornece lucro para ser extraído ou transportado para outros locais (Imagem: Pixabay/IGORN)
Reguladoras russas estão considerando a pressão feita por empresas de petróleo e gás, que estão em busca de autorização para minerar criptomoedas usando gás natural desperdiçado na exploração de petróleo.
De acordo com um informe de ontem (20), do portal de notícias Kommersant, o Banco Central Russo, o Ministério da Indústria e do Comércio e o Ministério de Desenvolvimento Digital estão discutindo a autorização para participantes da indústria de petróleo que querem usar gás natural desperdiçado para alimentar centros de dados para mineração cripto.
“Gás associado” é um gás natural que fica no topo de reservas petrolíferas.
Geralmente, esse gás não fornece lucro para ser extraído ou transportado para outros locais, o que significa que a exploração de petróleo comumente queima esse gás – no processo conhecido como “flaring”, que resulta nas chamas contínuas em estações de petróleo.
Essas chamas produzem gases do efeito estufa, sem gerar qualquer energia produtiva.
Em seu informe, Kommersant refere-se a uma carta de 7 de setembro do vice-ministro da Indústria e do Comércio, Vasily Shpak, para colegas de outras duas agências.
O problema é que a mineração de criptomoedas não é regulamentada na Rússia, e não é totalmente legalizada. As criptomoedas, de modo semelhante, também estão aguardando a legalização.
Porém, a recente expulsão de mineradores da China resultou na migração dessas operações para o Cazaquistão e para a Rússia, os quais ocupam o segundo e o terceiro lugares, respectivamente, no ranking global de taxa de hashes, atrás somente dos Estados Unidos.
Essa nova onda de mineração no país pressiona as autoridades a aceitarem a indústria de mineração cripto.
O interesse da indústria de petróleo russa aumenta ainda mais essa pressão. Uma grande parte do orçamento do país vem da exportação de combustíveis fósseis. Muitas vezes, as barreiras entre grandes empresas do setor e o governo são porosas.
Jurica Bulovic, executivo da mineradora cripto americana Foundry Digital, disse ao The Block:
Visto que as operações de mineração de bitcoin (BTC) são móveis e podem ser realizadas em qualquer lugar do mundo onde haja energia barata e conexão à internet, uma tendência em crescimento é minerar bitcoin em poços de petróleo e gás, a partir do excesso de gás natural, que não pode ser monetizado e é, geralmente, queimado ou ventilado.
Nesses casos, a mineração do bitcoin pode ser vista como uma tecnologia para a redução das chamas.
Embora o redirecionamento de gás do “flaring” para mineração cripto não reduza as emissões de gases estufa, ele ao menos encontra um uso para as chamas a céu aberto, que não produzem nada.
Além disso, a mobilidade de mineradores e sua disposição de realocação para fontes de energia que não podem ser transportadas é um argumento favorável, comumente usado contra ataques frequentes ao uso energético da rede Bitcoin.
No entanto, a realocação de mineradores cripto para fontes de energia inutilizadas é uma prática polêmica, especialmente para ambientalistas.
Nos Estados Unidos, no norte do estado de Nova York, antigas usinas de energia foram reiniciadas e mineradores cripto se instalaram em instalações nucleares, gerando uma forte reação negativa de legisladores a nível estadual e federal.
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