Fim do Extra representa a despedida dos hipermercados?

De forma geral, os hipermercados vêm sumindo dos grandes centros (Imagem: divulgação)

A loja do hipermercado 💥️Carrefour do Shopping Iguatemi de Campinas & cidade de 1,2 milhão de habitantes do interior de São Paulo & não parou de encolher nos últimos anos.

Primeiro, parte do prédio passou a ser usada para abrigar uma loja da 💥️TokStok. Outra virou uma concessionária de motos.

“Só faço compras aqui porque eles abonam o estacionamento do shopping. Então vale a pena. Compra de casa, mesmo, eu faço em atacado”, diz a professora Laura Almeida, moradora da cidade, ao Estadão.

Hipermercados deixam grandes centros

O caso dessa loja não é isolado. De forma geral, os hipermercados vêm sumindo dos grandes centros. Na semana passada, o 💥️Grupo Pão de Açúcar anunciou que vai desativar a marca 💥️Extra Hiper & que tinha 103 lojas, das quais 71 vão virar atacarejos do 💥️Assaí e as demais vão ser transformadas em supermercados.

Das lojas a serem desativadas, mais da metade fica em municípios com mais de meio milhão de habitantes, enquanto 25 estão na capital paulista.

O consultor Olegário Araújo, da Inteligência 360, vê o movimento com clareza. “Nos grandes centros, os hípers não têm mais relevância.”

Segundo ele, porém, eles ainda são muito apreciados em cidades menores. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o número de hipermercados no País ainda cresce: em 2023, eram 91 unidades no Brasil, número que mais do que dobrou, para 188, neste ano.

Tempo e dinheiro

De acordo com especialistas, o hipermercado perdeu espaço nas grandes cidades porque não atende nem à busca por conveniência & já que fazer compra em um híper demanda tempo & nem por economia, já que os preços nessas lojas são de mais altos do que os dos atacarejos.

“Os preços nos atacarejos são de 10% a 15% menores (do que nos hípers). Por isso, o consumidor já estava dando preferência para eles. A ideia era gastar menos para sobrar dinheiro para outros gastos. Agora, com a inflação de volta, ele vai por necessidade mesmo”, diz o consultor Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer.

A Horus Inteligência de Mercado faz um raio x do varejo alimentar, analisando mensalmente mais de 40 milhões de notas fiscais emitidas nos caixas.

De janeiro a setembro deste ano, os consumidores passaram a comprar mais produtos nos 💥️atacarejos: a média foi de 26 itens, em janeiro, para 30, no mês passado. Nos 💥️hípers, essa média ficou estacionada na casa de 9 produtos, no mesmo período.

“As pessoas pagam mais barato nos atacarejos e acabam levando mais quantidade. Por isso, o gasto médio nesse canal de vendas subiu”, diz Luíza Zacharias, diretora de novos negócios da Hórus.

Origem

Criados nos 💥️EUA, os hipermercados tinham a missão de vender muito e barato. Ao contrário dos supermercados & que costumam ter à venda de 10 mil a 20 mil itens -, os hípers se concentravam em poucos produtos para negociar bons descontos com fornecedores.

Até hoje essa é a formula do gigante americano 💥️Cotsco, que se concentra em 3,5 mil mercadorias.

No Brasil, isso funcionou bem nos anos 1990, segundo Marcos Escudeiro, que durante 40 anos foi executivo de redes de varejo como Carrefour e GPA e hoje atua como conselheiro. “A gente sacrificava as margens para ganhar no volume”, explica o executivo.

O erro, segundo Escudeiro, foi a tentativa dos hípers de se sofisticarem, ampliando o mix. Passaram a oferecer eletrodomésticos, eletrônicos & e até móveis. E se tornaram uma espécie de loja de departamentos sem glamour.

O mix de produtos saltou para mais de 10 mil itens, e negociar descontos ficou mais difícil. Conclusão: o hipermercado foi gradativamente encarecendo. E o cliente, afastando-se.

O consumidor, então, procurou uma saída para achar preços mais baixos. Em meados de 2010, migrou para os atacarejos & que à época ainda atendiam, sobretudo, pequenos comerciantes.

Rumo ao interior

Empresas como a paranaense Irmãos Muffato, a quarta maior rede varejista alimentar do País, segundo a Abras, concentra 43 de suas 48 lojas Super Muffato em cidades com menos de 600 mil habitantes & à exceção de cinco unidades em Curitiba.

Com essa estratégia, o faturamento da rede cresceu 20,2%, para R$ 9 bilhões, em 2023. “São os heróis locais. Para as pequenas cidades, se não for no híper, ele não encontra o que quer comprar”, diz Araújo, ex-Carrefour e GPA.

Maior rede no segmento, o Carrefour tem 721 lojas & 100 no formato híper. Em março, a rede francesa comprou 387 lojas das marcas Big, anteriormente do Walmart.

O Carrefour ainda não divulgou a estratégia para essas unidades. Embora a rede não possa se manifestar sobre o tema, ainda em apreciação no 💥️Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a aposta do mercado é que essas lojas sejam usadas para expandir o Atacadão.

Os atacados e atacarejos ainda têm presença mais discreta no interior, onde a rentabilidade dos hipermercados é maior. “Mas isso vai durar pouco”, avisa Ricardo Roldão, dono da rede atacadista que leva seu sobrenome e tem 37 unidades, sendo a maior parte delas na Grande São Paulo.

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