Esqueça o Copom e a Selic: Ativos atrelados à inflação são a melhor aposta agora, dizem analistas
A “licença para gastar” do ministro Paulo Guedes agravou o quadro de 💥️deterioração fiscal, levando investidores e especialistas do mercado a aprofundarem a percepção de que o momento é de buscar proteção contra a inflação.
Ao longo dos últimos dias, os contratos DIs, que servem de referência para as expectativas sobre juros, 💥️dispararam, em um reflexo da expectativa dos investidores de que o risco sobre as contas públicas provoque uma fuga de capital estrangeiro.
A saída de dólares tende a agravar a alta dos preços, o que obrigaria o Banco Central a aumentar o ritmo da alta da taxa de juros, a Selic — e, com isso, a remuneração sobre o dinheiro. O risco fiscal aparece em todo comunicado recente do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC.
A autoridade monetária decide, nesta quarta-feira (27), a nova taxa básica de juros, com as apostas do mercado concentradas em uma elevação de 💥️1,25 ponto percentual a 1,5 pp — o que levaria a Selic, hoje em 6,25%, para 7,50% ou 7,75%.
A volta da renda fixa
O investidor que, até poucos meses atrás, ouvia que o melhor era diversificar os recursos com o mercado de ações, agora tem um cenário em que mesmo o investimento em bolsa deve levar o componente da inflação mais a fundo — com empresas que têm contratos atrelados ao 💥️IPCA ou que conseguem repassar a alta dos preços, por exemplo.
“É o renascimento, com muita força, da renda fixa”, resume o analista e consultor Beto Assad, da plataforma de investimentos Kinvo.
Assad destaca que todos os Títulos💥️ Tesouro IPCA+ já têm um rendimento real acima de 5%, em um cenário em que a inflação em 12 meses chega a 10,15%. “Prefiro no momento ser mais conservador e me proteger, porque a gente ainda não sabe onde os preços vão parar”, comenta.
💥️Veja como as taxas para o Tesouro IPCA+ apareciam no site do Tesouro Direto nesta terça:
Por que o IPCA
O Tesouro IPCA+2026, o prazo mais curto, estava nesta terça-feira (26) com a rentabilidade anual de o índice oficial de inflação somado a uma taxa de 5,18%.
O prefixado 2024 oferecia um rendimento de 11,69% e o Tesouro Selic 2024 de taxa básica de juros mais 0,1208%.
O investidor pode ganhar dinheiro no curto prazo com o pré-fixado, aproveitando a alta da curva de juros — os💥️ DIs são negociados a cerca de 8,5% e 11,50% para janeiro de 2022 e janeiro de 2023, respectivamente.
A questão é que, a depender da decisão do Copom nesta quarta, a alta pode desacelerar novamente, diminuindo o spread entre a Selic real e a expectativa futura.
💥️Veja como as taxas para o Tesouro prefixado e Selic nesta terça:
O planejador financeiro e consultor de valores imobiliários Helio Fugagnoli Neto recomenda que o investidor com perfil mais agressivo acompanhe o IPCA e aos poucos comece a direcionar os recursos a um pré-fixado de dois anos.
Títulos atrelados ao IPCA podem apanhar no curto prazo com o nervosismo dos investidores, em um efeito conhecido como marcação a mercado: as taxas embutidas nos ativos cobradas pelo mercado aumentam, derrubando o preços dos papéis para quem quer vender o ativo antes do vencimento.
É o que acontece neste ano com o Tesouro IPCA+ 2045, por exemplo, que acumula uma queda de cerca de 30%. Quem decidir vender agora, perde dinheiro. “O ideal é manter aplicado o investimento até o vencimento e deixar para os profissionais a operação no curto prazo”, diz Fugagnoli.
O especialista recomenda não tirar dinheiro do que já está investido, mas balancear a carteira com os próximos aportes.
CDBs, LCIs e LCAs também podem surfar com a inflação
A dinâmica sobre o IPCA é valida para qualquer remuneração pós-fixada, incluindo os 💥️CDBs, lembra o economista e sócio da BRA Investimentos, João Beck.
O especialista recomenda buscar por certificados de bancos disponíveis em grandes plataformas, mas respeitando o limite de R$ 250 mil que é coberto pelo FGC (💥️Fundo Garantidor de Crédito).
Beck cita o CDB de grandes bancos – Bradesco, Banco do Brasil, Itaú – cujo risco de crédito é muito baixo, mas também diz para notar o ✅rating de classificação de risco de instituições menores – que são aquelas que tendem a oferecer CDBs com rendimentos mais parrudos.
A dica valeria para LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio), já que os emissores são os mesmos. O que muda é o setor para o qual os recursos são direcionados.
LCI e LCA ainda têm isenção da cobrança de 💥️Imposto de Renda, ao contrário dos CDBs (22,5% a 15% sobre a valorização) & o que não garante que os LCIs e LCAs sejam sempre a melhor opção: deve-se levar em conta o vencimento e tipo de remuneração.
CDB e LCI estão sujeitos à cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras, para investimentos resgatados a um período menor que o de 30 dias.
E as ações?
Em meio a uma queda acentuada do 💥️Ibovespa e a volatilidade dos últimos dias, é natural esperar que fundos multimercados tenham uma performance ruim, diz Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.
Ele lembra que em um cenário de alta da taxa de juros, empresas como seguradoras, bancos e companhias de transmissão/distribuição/geração de energia tendem a se beneficiar. As duas primeiras com o encarecimento do crédito e a terceira com o repasse de preços.
“São companhias que não terão grande impacto na receita”, diz Costa.
💥️Na outra ponta, ficam empresas que dependem de crédito, como construtoras, e companhias cuja expectativa de crescimento está mais distante – notadamente as✅ techs. Mas o especialista defende a necessidade de se ter ações. “São um ativo real e se valorizam”, comenta.
Costa também lembra a necessidade de se alocar recursos no exterior, que não está suscetível ao risco-Brasil e tem uma base maior de companhias listadas.
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