Tradings de café exportam em sacas em meio a caos de contêineres

Café

O navio é parte de um experimento crescente no setor, onde produtores, torrefadoras e tradings buscam superar a escassez global de contêineres (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

No mundo do comércio de 💥️café, uma embarcação em rota pelo Oceano Atlântico tem chamado muita atenção.

O Eagle, um navio de carga geral conhecido como “break-bulk”, saiu de Lampung, Sumatra, através do Mediterrâneo e agora segue para Nova Orleans.

O transporte de sacas de café robusta empilhadas no porão do navio para os Estados Unidos & onde torrefadoras estão desabastecidas & é um dos primeiros embarques desse tipo em mais de 20 anos.

O navio é parte de um experimento crescente no setor, onde produtores, torrefadoras e tradings buscam superar a escassez global de contêineres que tem causado um atraso sem precedentes dos embarques.

“Quando vimos os embarques atrasando, clientes realmente com dificuldade para conseguir suprimentos a tempo e acesso ao café, começamos a considerar isso”, disse💥️ Manish Dhawan, vice-presidente sênior de café da trading Olam International, que fretou o Eagle.

“Se você falar com algumas das tradings mais antigas, foi no final dos anos 80, ou talvez no início dos anos 90, quando fizeram isso pela última vez, então é realmente um novo tipo de fronteira para nós também.”

A reabertura instável das economias durante a pandemia e expansão das compras online criaram uma 💥️disputa por frete.

Na melhor das hipóteses, exportadores de café tinham de pagar altas taxas por contêineres, isso quando estavam disponíveis. Essa tendência impulsionou ainda mais os preços, que atingiram o maior nível das últimas décadas em meio à queda na produção brasileira este ano.

A Olam espera que torrefadoras comecem a utilizar mais o transporte sem contêineres no futuro. Em outro embarque do Eagle, grãos arábica do Brasil foram descarregados recentemente em Bremen.

Outras embarcações break-bulk também partem do Porto de Santos, onde a Cooxupé, maior cooperativa de arábica do mundo, embarcou 108 mil sacas de café para a Europa em um navio alugado por um cliente no início de dezembro, de acordo com o diretor comercial, Lucio Dias. A cooperativa movimentará mais duas cargas de sacas de café sem contêineres em janeiro.

“Fizemos uma experiência. Alguns clientes estão se ajustando a essa nova modalidade de embarque para solucionar gargalos”, disse Dias em entrevista por telefone. “Mas é uma operação complexa.”

Tudo é mais difícil na exportação utilizando sacas em comparação com os contêineres, desde o transporte terrestre na origem até o recebimento no destino, já que apenas alguns portos possuem equipamentos adequados para retirar as sacas do porão de um navio, disse.

Normalmente, o café é despejado a granel em contêineres especiais ou as sacas são empilhadas dentro dos contêineres para facilitar o transporte marítimo e ferroviário.

A Cooxupé esperava carregar seu primeiro navio break-bulk com sacas em dois dias, mas demorou mais de cinco porque a operação foi interrompida pela chuva, disse Dias. Os custos também foram maiores do que o estimado inicialmente, levando a cooperativa a renegociar os valores de novos embarques com o cliente.

Dias espera que os gargalos logísticos continuem no primeiro semestre de 2022, à medida que novas medidas de isolamento são adotadas por diferentes países para combater a propagação da variante ômicron.

“A logística mundial emperrou inteira e vai demorar um bom tempo para desmanchar esse nó”, disse Dias.

Nem todos poderão optar por esse tipo de transporte, que exige grande quantidade de café e muito capital. Mas participantes do mercado já falam do break-bulk como uma forma de aliviar um gargalo que resultou no acúmulo de café no Vietnã, o maior produtor mundial de robusta.

“Tenho certeza de que as pessoas vão considerar isso, ouvimos falar de algumas embarcações sendo planejadas e estamos avaliando nossas opções”, disse Dhawan, da Olam.

Isso também poderia impactar os preços, disse Carlos Mera, chefe de pesquisa de commodities agrícolas do Rabobank.

“As safras de robusta do Vietnã e do Brasil são potencialmente recordes, então, se os embarques se movimentarem com um pouco mais de normalidade, isso pode derrubar os preços”, afirmou.

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