Arroz: do boom de 2023 ao tombo de 2023, vai ‘sobrar’ para a produção de 2022 e para o consumidor
Produtor reclama dos preços e meio às exportações menores e custos de produção em alta para a nova safra (Imagem: Facebook/Camil)
O arroz está vivendo o caso clássico de uma empolgação de momento, quando se olha o boom de 2023 e as dificuldades neste final de ano. O resumo é produção menor para 2022 e desafios ao consumidor.
Por falta de análise mais profunda ou porque não tiveram tempo suficiente, os arrozeiros investiram em tecnologia e ganharam em produtividade, na safra 20/21, acreditando que o mercado externo seguiria comprador como foi até dezembro passado.
Mas sabiam que as vendas externas estavam sendo boas porque os grandes produtores mundiais, da Ásia, saíram do mercado para garantir o produto domesticamente, quando a pandemia avançava. Segurança alimentar era a ordem.
Na virada do ano, o cenário sanitário melhorou, os asiáticos folgaram as restrições, e os brasileiros – especialmente os gaúchos, 70% do cereal nacional -, já estavam com a safra cheia a caminho.
Colheram mais e até agora exportaram muito menos.
No ano comercial passado, marco a fevereiro, embarcaram mais de 1,8 milhão de toneladas. Não deve ultrapassar 1,250 milhão/t neste, baseados em projeções até novembro, a partir de dados da Secex.
Só a produção do Rio Grande do Sul, acima de 8,5 milhões/t, garantida com produtividade de 9 mil kg por hectare – pelos dados do Irga, instituto gaúcho setorial -, ajudou a fazer sobrar o arroz no mercado interno, que também se acomodou e, ainda, foi mais abarrotada com importações do Mercosul e de outros mercados.
Lembra-se da explosão de preços do arroz? O governo, então, conseguiu rebaixar a Tarifa Externa Comum (TEC).
Agora, os produtores estão mal conseguindo vender a saca a R$ 60, contra o mínimo de R$ 80 que a Fedearroz, do RS, calcula que seria o mínimo para cobrir os custos, e chegar ao varejo a R$ 5 o kg, que a entidade enxerga ser viável para o brasileiro.
E com os custos batendo firme na safra 21/22, plantada, e sem cara de mudanças, os arrozeiros gaúchos acreditam até em 200 mil/ha (na safra passada foram 950 mil/ha no total) a menos de área, com muitos migrando para outras culturas, especialmente a soja.
Fevereiro deverá ficar claro o tamanho das perdas, mas elas virão. Oferta mais curta e preços mais altos na ponta final.
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