Eleições: Evangélicos podem “abandonar” Bolsonaro em 2022?

Sergio Moro

Moro apresenta carta para lideranças religiosas na noite desta segunda-feira (7) (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O pré-candidato à presidência da República 💥️Sergio Moro (Podemos) apresenta nesta segunda-feira (7) uma “carta de princípios para os cristãos” durante evento com lideranças religiosas em Fortaleza (CE).

O aceno do candidato considerado a “terceira via” a uma parcela do eleitorado que votou majoritariamente em 💥️Jair Bolsonaro (PL) em 2018, no entanto, não é novidade.

O 💥️Partido dos Trabalhadores (PT) pretende lançar no mês de março um podcast com foco em “temas importantes para a comunidade evangélica”, a fim da capitanear mais votos para a 💥️eleição presidencial deste ano, que tem 💥️Lula como principal ameaça a uma possível reeleição de Bolsonaro.

Jilmar Tatto, secretário nacional de comunicação da legenda, declarou que a ideia é “abrir um espaço de diálogo do partido com os membros das igrejas sem necessariamente passar pela cúpula”.

O último levantamento que mapeou a população religiosa do país foi realizado pelo Datafolha no início de 2023 e mostrou que os evangélicos representam um terço da população da brasileira.

A maioria da população, contudo, segue sendo católica (50%).

Uma pesquisa divulgada nesta segunda pelo PoderData, empresa do grupo Poder 360 Jornalismo, mostrou que o atual presidente da República ainda é o escolhido de 42% dos eleitores desse grupo. Ou seja, se dependesse dos evangélicos, Bolsonaro venceria a eleição já no primeiro turno.

Já Lula fica em segundo lugar, com 35%. O dado aponta crescimento em relação ao mês de dezembro, quando o petista era preferência entre 26% dos fiéis.

Para Carlos Melo, cientista político do Insper, ainda que Bolsonaro lidere entre os religiosos, o voto dos evangélicos é um campo de disputa que não tem, necessariamente, um dono.

“As pesquisas mostram que esse campo não é necessariamente bolsonarista. Uma parte está com Bolsonaro, uma outra parte já está com Lula, e Moro está entrando [na disputa] agora, começando a fazer o discurso, com essa carta aos cristãos.”

Melo avalia que, dessa forma, a divisão do eleitorado é possível, mas ainda é difícil prever como ela se dará.

“Com relação ao Moro, vamos precisar ver como isso decanta, ele é noviço na política e está chegando agora, é um nome que não foi testado ainda, diferente do Bolsonaro e do Lula.”

Discurso conservador

Jair Bolsonaro

Situação econômica do país será o “calcanhar de Aquiles” de Bolsonaro na eleição, avalia cientista político (REUTERS/Ueslei Marcelino)

É esperado que Moro utilize a carta para aproximar seu discurso de opiniões que os evangélicos já possuem sobre alguns temas.

Segundo o jornal O Globo, que teve acesso ao material,  a “precoce erotização infantil” será um dos assuntos tratados.

Paulo Niccoli Ramirez, cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), avalia que a aproximação a um discurso mais conservador deve acontecer não apenas por parte de Moro, mas também deve ser o caminho seguido por seus concorrentes.

A provável formação de uma chapa Lula-💥️Alckmin não deixaria de ser um aceno a grupos mais conservadores, já que Alckmin sempre circulou bem nesse meio.

Ramirez lembra que 💥️Ciro Gomes (PDT), por exemplo, esteve na última semana em um culto em Fortaleza (CE) ao lado de Cabo Daciolo e do Apóstolo Luiz Henrique.

Para o cientista político, essa parcela do eleitorado pode ser essencial para decidir a eleição — inclusive no primeiro turno.

Ainda que o discurso ideológico seja um fator de peso, ele pondera que questões econômicas serão sempre mais relevantes para o eleitor.

“Entre o primeiro e o segundo mandato de Lula, o Brasil estava em ritmo de crescimento econômico, mesmo com as acusações de corrupção no governo [Mensalão]. Lula conseguiu um segundo mandato e eleger Dilma em seguida. O calcanhar de Aquiles de Bolsonaro será justamente a questão econômica, independente de ter uma pauta conservadora ou liberal. O eleitor está se divorciando de Bolsonaro exatamente porque seu discurso não coincide com a realidade econômica.”

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