Invasão da Ucrânia aciona alerta sobre inflação; saiba se existe impacto sobre a Selic
Saiba se o Banco Central do Brasil (BCB) pode agir de maneira mais forte nas próximas reuniões com a escalada das tensões na Ucrânia (Imagem: Agência Brasil)
A invasão na 💥️Ucrânia aciona um sinal de alerta nos mercados quanto à possibilidade de uma mudança no posicionamento dos 💥️bancos centrais em relação à 💥️inflação.
O ataque do governo russo contra o país ucraniano tem a capacidade de pressionar ainda mais a inflação no mundo, segundo especialistas da assessoria de investimentos Blue3.
Isso já é visto nos preços das 💥️commodities, com o 💥️petróleo chegando a atingir acima dos US$ 105 o barril nesta quinta-feira (24), e deve pesar ainda mais na cadeia energética global.
“Os países já vêm sofrendo com pressão inflacionária da Covid. A gente vê todos os bancos centrais ainda brigando contra essa inflação, com vários tomando ações diferentes: aumento da taxa básica de juros, incentivos… Estamos brigando contra a inflação da Covid e entra no cenário esse problema de cadeia de suprimento mundial, principalmente energético, na Rússia, que vai pressionar ainda mais a inflação em todo o mundo”, comenta Fernando Bueno, da área internacional da Blue3.
A 💥️Rússia responde por aproximadamente 15% do balanço de carvão metalúrgico e térmico do mundo, sendo responsável por 30% e 60% das importações europeias.
Em relação à oferta de energia, o país é o terceiro maior produtor de petróleo e o segundo maior produtor de 💥️gás natural do mundo.
Na produção de metais, a Rússia é responsável por cerca de 5-10% da produção global de metais básicos, com destaque para 💥️alumínio e 💥️níquel.
Muda alguma coisa para a Selic?
De acordo com Victor Licariao, sócio e líder de produtos e alocação de renda varíavel da Blue3, o cenário global atual liga um sinal de alerta, principalmente para o Brasil, um país com forte ligação a commodities.
Na avaliação de Licariao, a “grande baliza” dos próximos dias são os preços dos commodities.
“O banco central brasileiro vai estar muito de olho nisso. Preço do petróleo, da 💥️soja, do 💥️milho, do 💥️boi… Porque, realmente, esse choque inflacionário pode perdurar mais tempo com os preços mais altos”, explica.
De acordo com o especialista, se o desarranjo na cadeia de suprimentos persistir, é possível que o 💥️Banco Central do Brasil (BCB) aja de maneira mais forte nas próximas reuniões.
Licariao afirma que é importante observar o tom da próxima reunião do 💥️Comitê de Política Monetária (Copom) para ver se as autoridades continuarão subindo os juros (na última reunião, a 💥️Selic teve uma revisão de alta de 1,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano) ou se a expectativa de corte de juros no fim do ano vai, de fato, se materializar.
“Acho bem difícil já no fim do ano ter uma materialização de corte, porque provavelmente a inflação vai demorar mais tempo para arrefecer”, opina.
De acordo com Alexsandro Nishimura, economista, chefe da área de conteúdo e sócio da BRA, o potencial impacto gerado pela cotação do petróleo pode ser mais um fator para pressionar o Copom a alongar o ciclo de aperto monetário.
Já João Beck, economista e sócio da BRA, acha pouco provável que o Copom suba ainda mais os juros do Brasil, visto que os impactos da alta da taxa de juros “já são muito presentes” na economia.
“A gente já está tratando a recessão, os salários não estão subindo muito. A geração de emprego não está subindo, a produção industrial, a atividade do setor de serviços… Ou seja, há vários elementos da economia brasileira que mostram que já estávamos em início de desaceleração & muita taxa de juros rolando aqui”, diz Beck.
Para alguns especialistas, o agravamento do conflito no Leste Europeu não afeta tanto a Selic.
Mauro Rached, chefe da área de investimentos do Daycoval, afirma que, em um cenário de resolução rápida & visto como o mais provável -, as tensões na Europa possuem pouca ou nenhuma influência. Já em um cenário em que o conflito pode se prolongar ou agravar, há a possibilidade de impacto no crescimento e inflação globais.
O Fed vai ter que ser muito contido no tom e na própria ação para não assustar o mercado, diz especialista (Imagem: REUTERS/Chris Wattie)
A incógnita Fed
No caso dos EUA, Beck afirma que a situação é mais complexa, uma vez que o país está atrasado na decisão de iniciar um ciclo de alta de juros.
“Muitos países subiram a taxa de juros também atrasados, mas de forma mais acentuada para compensar esse atraso. Os EUA não iniciaram o ciclo ainda”, destaca o economista.
A ata da última reunião do 💥️Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, indicou uma postura mais ✅hawkish (agressiva em relação à inflação) por parte das autoridades monetárias, que decidiram manter inalterada a taxa de juros do país entre 0-0,25% e sinalizaram a primeira elevação em março.
Na reunião, o Fed também sinalizou que espera dar início à redução do seu balanço patrimonial logo após a alta dos juros.
Na opinião de Beck, o Fed está em uma sinuca de bico. Segundo o especialista, se ele fizer um arrocho muito forte, ou seja, subir a taxa de juros de forma muito acentuada, poderá desestabilizar a economia do país, que está endividada (as empresas, principalmente).
Para Beck, o Fed vai ter que ser muito contido no tom e na própria ação para não assustar o mercado.
“Pode ser que o Fed, na prática, acabe entregando mais alta de juros, porque a inflação vai bater. Só que ele não pode subir muito o tom”, destaca o economista. “Se tiver arrocho, será algo muito pequeno, justamente para não causar um risco moral muito grande de uma fuga de investidores no país”.
✅Com colaboração de Kaype Abreu
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