Locutor acusa Uber de usar inteligência artificial para roubar voz

Igor Lott, locutor e dublador

Igor Lott, locutor e dublador Imagem: Reprodução

O locutor e dublador Igor Lott entrou na Justiça contra a Uber acusando a empresa de utilizar indevidamente sua voz em uma propaganda.

Lott, que já dublou personagens de anime como Uno (Grand Chase) e Deidara (Naruto), disse à Justiça que nunca fez qualquer locução para a Uber, mas que sua voz foi utilizada no comercial da empresa por meio de inteligência artificial.

Segundo ele, o uso de voz alheia por meio de I.A. tem sido cada vez mais recorrente no mundo virtual.

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"Houve uma incoteste violação da proteção ao direito de personalidade (imagem, voz e honra)", afirmou no processo o advogado Eduardo Salles Pimenta, que representa o locutor.

Na ação, Lott cobra uma indenização por danos morais estimada em R$ 30 mil, considerando os danos morais e os lucros que deixou de aferir.

Uber afirma que voz foi obtida através de plataforma

A Uber se defendeu no processo argumentando que, para viabilizar a obtenção da narração, contratou uma plataforma legítima que converte arquivos de textos em vozes sintéticas de dubladores credenciados.

"A Uber apenas contratou um serviço e se utilizou dele para realizar a gravação de sua publicidade, devendo o autor do processo direcionar seus pedidos indenizatórios à suposta causadora dos danos", afirmou na ação.

A empresa disse ainda que o locutor não provou no processo que a voz utilizada no comercial é a dele.

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"O que se tem no presente caso é uma completa distorção da realidade dos fatos em busca de ganho financeiro, pois nunca houve a constatação de que as vozes utilizadas no material apresentado se relacionam à mesma pessoa", afirmou a empresa no processo.

A ação ainda não foi julgada. A Justiça paulista determinou a realização de uma perícia técnica para verificar se a voz é do locutor ou não.

Além do processo conta a Uber, Igor Lott abriu outras três ações com base nas mesmas alegações contra o Banco do Brasil, o Shopping Anália Franco e o Bradesco.

O Banco do Brasil disse à Justiça que a agência contratada pelo banco para a propaganda não copiou a voz de qualquer pessoa conhecida. "Utilizou ferramenta da inteligência artificial para gerar uma voz neutra", declarou.

O Shopping Anália Franco afirmou no processo que a voz utilizada em seu vídeo promocional é "sintética, não humana". "A realidade é que a voz não pertence a nenhum indivíduo humano."

Já o Bradesco disse na ação que a voz foi adquirida de uma plataforma lícita que, "além de permitir o uso comercial, remunera seus atores". Segundo o banco, os direitos autorias foram respeitados.

Reportagem

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