Pré-Mercado: Semana Santa com digestão de inflação e temporada de resultados
Comentando sobre o susto com a inflação divulgada na sexta-feira | Jackie Brown (1997)
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💥️Bom dia, pessoal!
Mesmo em semana mais curta ao redor do mundo devido ao feriado de Sexta-Feira Santa, que fechará os mercados na Europa, nos EUA e no Brasil, a agenda não fica menos interessante, com reunião de bancos centrais relevantes e início da temporada de resultados nos EUA.
Começamos a semana com a inflação de preços ao consumidor em março na China, que subiu para 1,5% em resposta à desinflação mais lenta dos preços dos alimentos. Paralelamente, a inflação dos preços ao produtor desacelerou um pouco, apesar dos preços do petróleo bruto e dos metais, muito por conta das restrições pandêmicas.
Com isso, acompanhando um dia predominantemente ruim na Ásia, as Bolsas ocidentais têm um pouco de dificuldade nesta manhã. Os mercados europeus amanhecem em queda, seguidos pelos futuros americanos, que continuam a sentir a pressão dos rendimentos dos títulos subindo para novas máximas.
Em meio às preocupações persistentes com a inflação e à perspectiva de aumentos agressivos de juros pelos bancos centrais em todo o mundo, os investidores ainda têm que se preocupar com o provável impacto econômico da guerra em andamento na Ucrânia e o lockdown prolongado em Xangai.
A ver…
Refletindo sobre o IPCA da última sexta-feira
Depois de absorvermos o maior patamar para o IPCA de março desde 1994, com alta de 1,62% na comparação mensal, os investidores esperam ter maiores esclarecimentos por parte do BC brasileiro sobre os próximos passos da política monetária. Sabemos que teremos uma alta de 100 pontos-base em maio, mas seria necessário ir além disso?
É o que o mercado estará se perguntando hoje enquanto o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, realizará pela manhã uma palestra junto a grupo de investidores. Pelo menos, no dia 16, a bandeira da conta de luz passará de “escassez hídrica” para verde, devendo aliviar a inflação na margem.
Enquanto isso, em Brasília, o feriado da Semana Santa reduz as atividades legislativas, na esteira da desistência do Ministério da Economia de ampliar a redução do IPI a 33% (deve ser mantido, por ora, em 25%).
No Senado, por sua vez, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, deve decidir sobre criação de CPI para investigar denúncias envolvendo o Ministério da Educação, paralelamente ao envio por parte do Poder Executivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ao Congresso.
Semana de resultados corporativos
Nos EUA, a semana marcará o início da temporada de resultados do primeiro trimestre, com grandes bancos como JPMorgan Chase, Goldman Sachs e Wells Fargo entregando seus números a partir de quinta-feira (14). O setor de companhias aéreas também será acompanhado de perto, com a Delta Air Lines apresentando sua atualização das tendências de reservas do segundo ao terceiro trimestre.
Contudo, apesar de o início da temporada de resultados ser relevante, o que os investidores querem acompanhar mesmo é a movimentação do Federal Reserve. Hoje, por exemplo, cinco membros da autoridade monetária, inclusive presidentes regionais, deverão se pronunciar, o que deverá manter aceso o temor de um aperto mais agressivo por parte do Fed. Para complementar, amanhã (12) teremos o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que deverá subir 8,4% em relação ao ano anterior, uma aceleração do ritmo visto em fevereiro.
Resultado eleitoral francês e PIB britânico
Ontem (10), o primeiro turno da eleição presidencial francesa colocou o atual presidente Emmanuel Macron enfrentando Marine Le Pen no segundo turno — a margem foi mais apertada do que se esperava, de fato, com uma arrancada de Le Pen nas últimas semanas, mas Macron ainda é o favorito para levar o segundo turno. Não será um passeio no parque, no entanto, e o jogo deverá ser bem competitivo.
Enquanto isso, no Reino Unido, o mercado absorve o PIB mensal para fevereiro, que veio um pouco mais forte do que o esperado. Grosso modo, as taxas de produção industrial e manufatureira foram impulsionadas por revisões positivas nos últimos meses, o que deu um gás adicional ao dado.
Por outro prisma, a força contínua da oferta vem acompanhada de mais evidências de desaceleração da demanda do consumidor por bens, em linha com o que tem acontecido ao redor do mundo.
Anote aí!
Por aqui, a Câmara pode votar requerimento de urgência ao Projeto de Lei (PL) que amplia o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), adiando por três anos o início da devolução dos recursos ao Tesouro, o que poderá dar um alívio para a economia em 2022.
Enquanto isso, o Comitê de Elegibilidade da Petrobras se reúne para analisar a indicação de José Mauro Ferreira para a presidência da companhia, que não deve encontrar grandes problemas para sua aprovação.
Por fim, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se reúne com servidores do órgão para discutir demandas por reajuste salarial, as quais têm gerado impasse na divulgação de dados por parte da autoridade monetária.
Muda o que na minha vida?
Na semana passada, nos EUA, a curva de juros saiu de sua inversão de curta duração, com o Tesouro de dez anos mais uma vez rendendo mais do que o de dois anos. O movimento pode ser uma boa notícia, dependendo da sua visão de quanto tempo a inversão deve ser mantida para prever uma recessão.
Em outras palavras, ainda não é hora de entrar em pânico. Sabemos que a recessão virá em algum momento, mas não será necessariamente agora. Até mesmo porque, por enquanto, o Fed está apertando sua política monetária, de fato, mas o está fazendo em um ritmo muito mais modesto do que no passado.
Alguns investidores esperam que a taxa de desemprego nos EUA caia para mais perto de 3% em algum momento deste ano, ou até mesmo abaixo desse patamar pela primeira vez em cerca de sete décadas. Tal aquecimento econômico evita qualquer grande choque orgânico no curto prazo.
Um abraço,
Jojo Wachsmann
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