Polícia não esclarece mortes na guerra do PCC: pivô morreu no aeroporto

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, suspeito de envolvimento na morte de integrante do PCC, foi assassinado na sexta

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, suspeito de envolvimento na morte de integrante do PCC, foi assassinado na sexta Imagem: Divulgação

Até agora a Polícia Civil não conseguiu esclarecer as mortes das vítimas da guerra interna no PCC (Primeiro Comando da Capital), cujo pivô foi o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, assassinado com 10 tiros na sexta-feira (8), no aeroporto internacional de Guarulhos.

O conflito sangrento espalhou medo e pânico no Tatuapé, zona leste de São Paulo, e teve início com os assassinatos de Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, narcotraficante influente e conceituado no PCC, e o motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.

As vítimas foram mortas a tiros às 12h10 de 27 de dezembro de 2023 em frente ao número 110 da rua Armindo Guaraná, no Tatuapé. O crime chocou os moradores do bairro e só fez aumentar a sensação de insegurança na região.

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O PCC saiu na frente da Polícia Civil e em pouquíssimo tempo elucidou o duplo assassinato. Apurou que Cara Preta e Sem Sangue foram mortos por Noé Alves Schaum, 42, um criminoso da zona leste com passagens por roubo.

O "tribunal do crime" do PCC sequestrou Noé. Ele foi julgado e condenado à morte. O "réu" acabou decapitado e teve a cabeça jogada em uma praça no Tatuapé. Os membros inferiores e superiores foram decepados e encontrados em Suzano, na Grande São Paulo.

Sequestro, ameaças e crimes impunes

Vinícius foi acusado de ter contratado Noé para matar Cara Preta e Sem Sangue. O agente penitenciário Davi Moreira da Silva, 39, foi apontado como intermediador dessa contratação. O Tribunal do Júri da Capital apontou os dois como os responsáveis pelo duplo homicídio.

As ameaças contra Vinícius começaram poucas horas depois dessas duas mortes. Ele foi sequestrado pelo PCC, ameaçado de morte e levado para um imóvel no Tatuapé. No cativeiro estavam Cláudio Márcio de Almeida, 50, Django, e Rafael Maeda Pires, 31, o Japa.

Tanto Django quanto Japa eram sócios de Cara Preta no tráfico internacional de drogas. Além disso, Django e Cara Preta também eram acionistas da empresa de ônibus UPBus, alvo da operação Fim da Linha, deflagrada pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) em abril deste ano.

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Segundo o MP-SP, durante o interrogatório de Vinícius no cativeiro, Django defendeu o empresário e foi contra a morte dele. Por conta disso, ele acabou enforcado em 23 de janeiro de 2022. O corpo foi encontrado sob o Viaduto da Vila Matilde, na zona leste da capital.

Passados quase três anos, a Polícia Civil de São Paulo não identificou os autores do assassinato de Django. O inquérito que apurava a morte dele foi arquivado. O crime segue impune.

Japa foi encontrado morto com tiro na cabeça no dia 4 de maio de 2023, dentro de um Toyota Corolla preto, blindado, no subsolo do edifício comercial Castelhana Offices, no Tatuapé. Minutos antes, ele havia mandado pelo celular uma mensagem para a mulher dele: "Cuida bem da nenê. Eu te amo".

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar um possível caso de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. A suspeita das autoridades é a de que Japa tenha sido obrigado a se matar por ordem do "tribunal do crime" do PCC, caso contrário seria assassinado.

O caso ainda é investigado. Alguns fatos intrigam a polícia. O telefone celular de Japa, um Iphone 14, sumiu. No Corolla havia uma pistola Beretta, 9mm, com 16 cápsulas intactas e do lado de fora outra do mesmo calibre. O motor do veículo estava ligado e a porta do motorista aberta.

Batalhão da morte

Vinícius foi morto com 10 tiros de fuzis disparados por dois homens. Os atiradores fugiram em um Gol preto com outros comparsas. O carro foi abandonado nas imediações do aeroporto. As armas possivelmente usadas no crime foram encontradas e apreendidas.

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O empresário tinha contratado quatro PMs para cuidar da segurança dele. Há informações que os militares ou parte deles eram lotados no 18º Batalhão, na zona norte. A unidade é curiosamente chamada de "zona morte" por alguns policiais civis, devido ao envolvimento de PMs em grupo de extermínio.

Os militares responsáveis pela escolta de Vinícius não impediram a morte dele. Eles tiveram os telefones celulares apreendidos e vão permanecer afastados do serviço até que o IPM (Inquérito Policial Militar) instaurado para apurar a conduta dos quatro seja concluído.

A Polícia Federal anunciou que vai apurar também a morte de Vinícius. O caso é investigado pelo DHPP. O empresário, no entanto, delatou ao MP-SP vários policiais do departamento, envolvidos, segundo ele, em casos de corrupção.

Reportagem

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