Pré-Mercado: Início de semana também volta a frustrar investidores
A arte está nos detalhes, seja na elaboração de pratos ou na alocação de recursos | Jiro Dreams of Sushi (2011)
💥️Bom dia, pessoal!
Lá fora, ainda que Xangai tenha anunciado uma reabertura gradual do comércio a partir de hoje, as ações asiáticas foram negociadas de forma mista nesta segunda-feira (16), com os investidores de olho nos dados econômicos decepcionantes da China, bem como no aumento dos custos de energia e nas perspectivas de aumento das taxas de juros nos EUA – pesa também a decisão do BC chinês, que manteve o juro no mesmo patamar apesar da desaceleração da economia provocada pelos lockdowns contra a Covid.
As Bolsas europeias acompanham a falta de direção com uma manhã mista entre os principais nomes da região. Os futuros americanos recuam timidamente, sem muita firmeza, mostrando cautela por parte dos investidores, que permanecem atentos aos comentários de autoridades monetárias sobre a condução da taxa de juros e da redução do balanço do Fed. Para o Brasil, os ADRs de nomes relevantes, como Vale e Petrobras, amanhecem perto da estabilidade, dando espaço para eventual alta hoje.
A ver…
Haverá alguma decisão política hoje?
Nesta semana, os partidos que ainda estão alinhados por uma terceira via (PSDB, MDB e Cidadania) voltam a se reunir para discutir uma pesquisa que vai definir os critérios de escolha do candidato do bloco – mais informações serão divulgadas no dia 18. Contudo, a cada semana que passa, menor é o espaço para uma terceira via nas eleições presidenciais de 2022, com Lula e Bolsonaro favoritos para disputar o segundo turno.
Ainda nesta semana, o processo de privatização da Eletrobras será novamente discutido no Tribunal de Contas da União (TCU). A Comissão de Legislação Participativa da Câmara deverá realizar hoje uma audiência pública sobre o tema com representantes do governo, entidades e sociedade civil. O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, se mostrou bastante confiante na continuidade da privatização da empresa, solicitando também estudos para a próxima joia da coroa a ser privatizada: a Petrobras.
Na agenda do dia, os servidores públicos federais seguem pressionando o governo por reajuste salarial, enquanto a questão dos preços dos combustíveis continuará repercutindo sobre os mercados, pressionando o novo presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho. Adicionalmente, contamos hoje com fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, no “Annual Brazil Macro Conference” do Goldman Sachs e divulgação de dois dados importantes: i) o IBC-Br (prévia do PIB) de março; e ii) a sondagem industrial.
Na expectativa de novas falas de membros do Fed
Nos EUA, os investidores aguardam ansiosamente pelos dados de varejo, a serem divulgados amanhã (17). Enquanto isso, entram no radar as falas de autoridades monetárias hoje. Teme-se que, se o Federal Reserve aumentar as taxas de juros rapidamente, ou levá-las a um patamar muito alto, uma recessão seria inevitável — uma desaceleração nos EUA prejudicaria o mundo inteiro.
Naturalmente, o Fed informou que continuará a aumentar as taxas de juros para conter a inflação crescente — por lá, a taxa de juros de curto prazo atingiu uma baixa recorde, quase chegando a zero durante a pandemia. Hoje, contamos com a fala do presidente do Fed de Nova York, John C. Williams, na expectativa pela entrevista de Jerome Powell, presidente do Fed, para o Wall Street Journal em 17 de maio.
Desaceleração chinesa
As restrições da Covid enfraqueceram os dados de produção industrial e vendas no varejo da China em abril. As vendas no varejo caíram 11,1% na comparação anual (previsão era de até -6,1%), e a produção industrial caiu 2,9% em relação ao ano anterior (esperava-se alta de 0,4%). Nos dois casos, tivemos não só uma forte frustração das expectativas, como também uma grande desaceleração frente a março.
Os dados de vendas no varejo refletem o viés das restrições para a atividade doméstica e o fato de que os consumidores estão contando com a poupança para fazer face às despesas de subsistência. Já para a produção, o maior empecilho foi o segmento de automóveis; enquanto a China exporta carros, esta é uma parte relativamente pequena do comércio.
Anote aí!
Para o dia, temos a continuidade da temporada de resultados. Nos EUA, chegou a vez de os nomes do setor de varejo dominarem o calendário com Walmart, Target, Home Depot, Lowe’s e Macy’s. Aqui no Brasil, contamos com Banco Inter, Eletrobras, Gafisa, Hapvida, IRB, Itaúsa, Magazine Luiza e Nubank.
Na Europa, enquanto a Comissão Europeia divulga projeções econômicas de primavera e os investidores aguardam os dados da balança comercial de março, o mercado acompanha a fala do economista-chefe do BCE, Philip Lane, que deverá indicar um possível aumento da taxa do BCE em julho. Entre os dados econômicos, temos a pesquisa de sentimento industrial do Fed de Nova York e, no Brasil, IPC-S da segunda quadrissemana de maio.
Muda o que na minha vida?
Sequer completamos cinco meses no ano e 2022 já nos deu mais de um ano de volatilidade. Para ilustrar, nos EUA, em um ano típico, o S&P 500 tem oito dias de negociação em que fecha com variação de pelo menos 2% (usando o número médio de movimentos desde 1928). Acontece que já tivemos mais de dez desses dias em 2022 — na verdade, até agora neste ano, mais de um em cada seis dias de negociação fechou com um ganho ou uma perda de 2% ou mais para o S&P 500.
Em 2023, para você ter uma ideia do nível de volatilidade, o S&P 500 registrou ganhos ou perdas diárias de mais de 2% apenas sete vezes. Em 2023, quando começou a pandemia, o índice teve 44 desses movimentos, ainda menos do que no auge da crise financeira de 2008, que contou com 72 dias de negociação com tal tipo de variação.
Olhando para trás, os anos mais voláteis do século 20 ocorreram na década de 1930, durante a Grande Depressão, em 1931, 1932 e 1933, quando o S&P 500 disparou mais de 2% em 90, 132 e 94 dias, respectivamente. Volatilidade chama volatilidade e, por isso, 2022 já se consolida entre os anos de maior volatilidade.
Um abraço,
Jojo Wachsmann
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