Pré-Mercado: Os dados americanos entram em cena mais uma vez
Será que os investidores vão brigar hoje com os dados de gastos do consumidor? | Top Gun & Ases Indomáveis (1986)
💥️Bom dia, pessoal!
Lá fora, os mercados de ações asiáticos encerraram a sexta-feira (27) com altas em seus principais índices, seguindo o humor de ontem dos ativos ocidentais, em especial os americanos, que se recuperaram timidamente das quedas recentes. No entanto, permanecem as preocupações com a inflação persistente, as perspectivas de crescimento econômico e a guerra em andamento na Ucrânia.
Com exceção da Bolsa inglesa, que repercute a nova tributação indicada pelo governo, os demais mercados europeus amanhecem em alta hoje, pelo menos por enquanto. Os futuros americanos acompanham o movimento, no aguardo do PCE de abril, que avalia os gastos dos consumidores e que pode servir de fator importante para o Fed balizar sua política econômica — ontem (26), um PIB mais fraco do que o esperado ajudou os mercados, dando o entendimento de que um aperto monetário duro não seria necessário.
A ver…
No aguardo dos dados de emprego, podemos seguir o exterior
Tirando os dados da sondagem da indústria em maio, os investidores locais estarão entretidos com o noticiário internacional. Os números da economia doméstica, por incrível que pareça, têm surpreendido positivamente, dando espaço para revisões para cima das projeções de crescimento brasileiro. Assim, os números da indústria de hoje não devem ser diferentes.
A formação do ambiente político começa a chamar cada vez mais atenção para as pesquisas eleitorais. Sem uma terceira via, os dois candidatos favoritos para a disputa eleitoral são Bolsonaro e Lula. Ontem, a pesquisa eleitoral mostrou um pouco da consolidação desse cenário, abrindo a chance de um segundo turno entre os dois. Sobre o tema, vale acompanhar mais uma pesquisa sobre a sucessão presidencial a ser divulgada hoje.
E os gastos com consumo?
A economia dos EUA e o consumidor americano não estão fora de perigo. Para hoje, os dados de consumo e renda pessoal dos EUA são muito aguardados. Os padrões de consumo estão mudando, com a demanda por certos bens duráveis desacelerando significativamente. Isso importa para os exportadores asiáticos e para a inflação dos EUA — espera-se que os dados de hoje confirmem o pico da inflação em março.
As expectativas são de que a renda tenha aumentado 0,55% na comparação mensal, enquanto as despesas pessoais provavelmente subiram 0,6%. Isso se compara aos aumentos de 0,5% e 1,1%, respectivamente, em março. Para ter certeza, os dados divulgados nesta semana sugerem que a economia está desacelerando, e o Fed parece pronto para aumentar as taxas em 50 pontos-base nos próximos dois meses.
Mais sobre os temores de desaceleração chinesa
A economia da China tem crescido mais rápido do que a dos EUA a cada ano por mais de quatro décadas, mas 2022 pode ser diferente. A China pode ser superada pelo seu rival ocidental pela primeira vez desde 1976, muito por conta dos lockdowns contra a Covid. As estimativas da Bloomberg mostram que a segunda maior economia do mundo crescerá apenas 2% este ano, em comparação com 2,8% para os EUA.
Enquanto a economia da China está sendo afetada pela inflexível política “zero Covid” do presidente Xi Jinping, os EUA ainda estão sendo impulsionados por fortes contratações e gastos do consumidor, mesmo enquanto lutam com a alta inflação.
Há uma chance de que as estimativas da Bloomberg estejam erradas e a China cresça algo como 4,5%, como aponta a mediana dos economistas, mas, ainda assim, seria uma desaceleração frente aos 5,5% projetados pelo governo inicialmente.
Anote aí!
A agenda conta com fala de autoridade monetária nos EUA e na Europa, onde o economista-chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane, poderá dar mais pistas sobre os próximos passos do BCE. Por aqui, contamos com a definição da bandeira tarifária de energia elétrica de junho e com a sondagem da Indústria de maio. Nos EUA, temos o índice de preços dos gastos com consumo (PCE) de abril e o Índice de Sentimento do Consumidor final de maio.
Muda o que na minha vida?
O mercado britânico reage mal aos novos impostos “temporários” sobre lucros de empresas de óleo e gás — não há nada mais permanente do que uma política temporária do governo. A ideia é que a medida financie ajuda fiscal para famílias de baixa renda (e algumas famílias de alta renda) em face dos altos custos de energia. Novos impostos não são uma discussão nova neste mundo pós-pandêmico; afinal, sempre soubemos que a conta Covid chegaria mais cedo ou mais tarde.
Nos EUA, por exemplo, o presidente Biden estabeleceu um plano orçamentário de US$ 5,79 trilhões para o ano fiscal que começa em 1º de outubro, incluindo uma taxa mínima de imposto de 20% sobre as famílias americanas com valor superior a US$ 100 milhões, ou o 0,01% mais rico dos americanos. Adicionalmente, os executivos das empresas também seriam obrigados a reter as ações que recebem por vários anos após a recompra de ações, enquanto a alíquota do imposto corporativo seria aumentada dos atuais 21% para 28%.
Para os próximos anos, o mundo deverá ter uma ampla discussão sobre sua estrutura tributária, de modo a financiar as mudanças que estamos vivendo nas cadeias de suprimentos globais. O próprio Brasil precisa entrar nessa discussão, até de maneira mais profunda, uma vez que temos muito dever de casa para fazer internamente, ajustando e simplificando nossa matriz tributária.
Um abraço,
Jojo Wachsmann.
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