Pré-Mercado: Hoje é dia de conversarmos sobre petróleo no mundo!
Encontro de quase amigos: reunião da Opep+ com a presença da Rússia | Corrente do Mal (2014)
💥️Bom dia, pessoal!
Lá fora, as ações asiáticas caíram nesta quinta-feira (2), ecoando a queda de ontem em Wall Street, à medida que os investidores se preocupam com as taxas de juros mais altas, que poderiam levar a economia à recessão, e com o aumento dos casos de Covid na Ásia. Outro ponto negativo foi que, na China, novas restrições foram impostas a Hong Kong à medida que as infecções aumentam por lá, enquanto uma parte do lockdown está sendo gradualmente suspensa em Xangai.
Ainda assim, em dia de feriado no Reino Unido, o que restringe a liquidez na região, as Bolsas europeias conseguem sustentar certo otimismo nesta manhã, não acompanhando o movimento asiático ruim e no aguardo da reunião da Opep+, marcada para hoje. Os futuros americanos também sobem, na expectativa dos dados de emprego a serem apresentados hoje. O Brasil vem se descolando do humor global e hoje, com dados de PIB e notícias do setor elétrico, não deve ser diferente.
A ver…
Vêm aí os dados de PIB
Na agenda do dia, o dado mais importante é a divulgação pelo IBGE do resultado do PIB do primeiro trimestre do ano, que deverá mostrar crescimento acima de 1%, em especial por conta do bom desempenho do setor de serviços nos primeiros meses do ano. Eventuais surpresas positivas neste número podem servir de gasolina para os ativos locais, enquanto esperamos a definição da reunião da Opep+.
Além disso, o Senado aprovou o projeto que trata sobre a devolução de valores de tributos recolhidos a mais pelas prestadoras do serviço público de distribuição de energia elétrica — mais de R$ 23 bilhões devem ser devolvidos. A ideia aqui é a redução no preço da energia e devolução de imposto recolhido a mais pelas operadoras energéticas. Hoje, a Câmara deve votar o texto. A Bolsa poderá repercutir negativamente o movimento diante da semelhança com a MP 579.
Digerindo o Livro Bege do Fed
Ontem, nos foi apresentado o Livro Bege do Federal Reserve, que constitui uma pesquisa com o sentimento da autoridade monetária americana sobre o desempenho da economia. No documento, nos foi dito que o crescimento econômico dos EUA parece ter diminuído nas últimas semanas diante de ventos contrários que incluem aumento das taxas de juros e inflação.
A moderação econômica deverá realmente acontecer; afinal, a demanda está se normalizando lentamente, assim como as pressões inflacionárias. Adicionalmente, algumas áreas estão começando a ver um arrefecimento do mercado de trabalho.
É aqui que o foco provavelmente estará no segundo semestre do ano, uma vez que eventual crescimento do desemprego impede o aumento das taxas de juros, o que ajuda a evitar uma desaceleração econômica mais severa.
No aguardo da reunião da Opep+
Teremos hoje, na Áustria, a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), que deverá divulgar a decisão sobre um aumento ou não da produção de petróleo, em meio à crise energética global. A Arábia Saudita sinalizou que aumentaria a produção de petróleo para compensar qualquer perda de produção russa como resultado das sanções sobre a Rússia, país membro da Opep+.
A aliança de 23 países, liderada pela Arábia Saudita e Rússia, deve terminar de restaurar a produção interrompida durante a pandemia até o final de setembro. Contudo, o grupo de produtores ainda parece pronto para rejeitar os pedidos ocidentais para acelerar agressivamente os aumentos em sua produção de petróleo.
Os mercados também estão tensos depois que a Marinha iraniana apreendeu dois navios-tanque gregos em retaliação ao confisco de petróleo iraniano pelos EUA de um navio-tanque mantido na costa grega, elevando a tensão no Estreito de Ormuz (um terço do comércio mundial). Eventual frustração no aumento da produção poderá jogar o preço do petróleo para cima e o contrário também é verdadeiro.
Anote aí!
Na agenda internacional, o grande destaque fica para a reunião da Opep+. Em paralelo, temos também o índice de preços ao produtor da Zona do Euro e os dados de emprego americanos, na véspera dos dados de payroll a serem divulgados amanhã (3). Hoje, o relatório americano de emprego para maio deverá apresentar um aumento de 350 mil empregos, acumulando 1,1 milhão de empregos líquidos adicionados desde o início da pandemia. No Brasil, avaliamos o projeto que altera o preço de energia, enquanto aguardamos os dados de PIB e o de emplacamentos de veículos em maio.
Muda o que na minha vida?
Finalmente, os EUA deram início ao aperto quantitativo. Ontem, o Federal Reserve começou oficialmente a encolher seu balanço de quase US$ 9 trilhões, permitindo que os títulos vencidos não fossem substituídos. Nos próximos três meses, o Fed deixará de reinvestir os recursos para reduzir o seu balanço patrimonial em US$ 47,5 bilhões a cada mês. A partir de setembro, o Fed intensificará o processo de aperto para uma taxa de redução de US$ 95 bilhões por mês.
É um grande passo para um banco central que realizou compras de títulos sem precedentes de março de 2023 a março de 2022, destinadas a atenuar as consequências econômicas da pandemia de coronavírus. Em outras palavras, esse processo reduzirá a liquidez removendo um grande comprador de títulos do Tesouro dos EUA e títulos lastreados em hipotecas, pesando nos preços e elevando os rendimentos. Isso se espalha para outros mercados e causa condições financeiras mais apertadas em toda a economia.
Uma dúvida, porém, gira em torno do impacto nas economias e mercados. O próprio presidente do Fed, Jerome Powell, disse que não tem certeza de qual será o impacto, argumentando que o plano de aperto quantitativo do Fed é o equivalente a um único aumento da taxa de juros de um quarto de ponto, o que não parece muito em comparação com os aumentos da taxa de meio ponto, preparados para cada uma das próximas duas reuniões.
Um abraço,
Jojo Wachsmann
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