Vale (VALE3): Queda do minério de ferro torna ação menos atrativa?
Papéis da Vale encerraram mais um pregão em queda (Imagem: REUTERS/Yusuf Ahmad)
A pressão baixista nos preços do 💥️minério de ferro nos últimas dias está afetando o desempenho das ações das 💥️mineradoras brasileiras, inclusive 💥️Vale (💥️VALE3).
O contrato de minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian, para entrega em setembro, despencou 11% nesta segunda-feira (20), a 746 yuanes (ou US$ 111,60) a tonelada, estendendo a perda de 6% na sexta (17).
Na Bolsa de Cingapura, o contrato de julho para o ingrediente siderúrgico recuou 8% hoje, para US$ 110,40 a toneladas.
Refletindo o recuo da commodity, os papéis da Vale operaram no vermelho. A mineradora caiu 2,47% na Bolsa, cotada a R$ 75,50. A nova queda chega após a desvalorização de mais de 5% na última sexta.
Outras empresas do setor seguiram a mesma trajetória negativa. 💥️CSN (💥️CSNA3) e a controlada 💥️CSN Mineração (💥️CMIN3) perderam 1% e 3,98%, respectivamente, enquanto 💥️Usiminas (💥️USIM5) e 💥️Gerdau (💥️GGBR4) marcaram ganhos de 2,74% e 0,17%.
Entendendo a queda do minério
O principal motivo da queda do minério de ferro é a 💥️China, que ainda tenta conter os 💥️surtos de Covid-19 no país. A imposição da política de “Covid Zero” tem colocado diversos distritos sob ✅lockdown, elevando as incertezas sobre a normalização da atividade chinesa em um futuro próximo.
Segundo Ilan Arbetman, analista da 💥️Ativa Investimentos, a evolução do 💥️coronavírus no país asiático não é novidade por si só.
“Esse ponto é focal nas discussões quanto às expectativas da commodity desde meados de 2023”, destaca.
O que tem deixado investidores ainda mais temerosos é a postura que o governo chinês pode adotar para seguir com sua política de Covid Zero & ou seja, as novas medidas que podem ser feitas para que se tenha um controle maior sobre a disseminação do vírus.
Os ✅lockdowns colocam em xeque as expectativas de crescimento da segunda maior potência econômica mundial. As restrições nas principais cidades da China afetaram diversas cadeias do país, em especial a indústria, que não está rodando em plena capacidade.
Com isso, cresce a preocupação quanto a um potencial colapso do consumo de 💥️aço no mercado chinês, visto que a recuperação da demanda (o setor de construção civil continua capengando) não está acompanhando a oferta.
Além da China, outro fator que tem empurrado as commodities para baixo é a crescente 💥️inflação nos Estados Unidos.
Charo Alves, especialista de renda variável da 💥️Valor Investimentos, aponta a pressão inflacionária norte-americana como principal fator para a queda do minério de ferro nos últimos dias.
Após a divulgação de dados de 💥️inflação dos EUA acima do esperado, o 💥️Federal Reserve (Fed) anunciou um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros do país, a 1,5-1,75%. Alves diz que isso foi o bastante para os mercados começarem a ‘entrar em pânico’, visto que juros elevados implicam em “trava de crescimento global” e um potencial cenário de recessão, causando impactos nas commodities.
“O cenário de aperto de juros global indica um receio grande de que o mundo entre em recessão e o consumo caia por conta disso”, afirma o especialista da Valor.
Curto prazo pressionado
Arbetman, da Ativa, destaca que o curto prazo de mineradoras e siderúrgicas é de pressão nas margens.
“De forma global, existe uma pressão muito forte no custo caixa e nas margens, tanto de mineradoras quanto de siderúrgicas”, afirma o analista.
De acordo com Arbetman, a alta da inflação e dos juros nos EUA está alimentando o medo dos mercados quanto aos desdobramentos de atividades mais cíclicas, como indústrias básicas (metalurgia, siderurgia e extração de minerais).
“O que o mundo vai fazer para combater a inflação é o que está sobre a mesa neste momento. Quanto os BCs vão tirar de circulação é uma variável que vai se mostrar chave para termos uma noção da força deste movimento”, completa.
Hora de esquecer as commodities?
É cedo para falar que o boom das commodities chegou ao fim, dizem especialistas (Imagem: REUTERS/Muyu Xu)
Algumas commodities atingiram níveis recordes no início do ano, com grande parte do movimento vindo em decorrência da guerra na 💥️Ucrânia.
O boom fez com que especialistas do mercado começassem a projetar um ciclo altista mais prolongado para os preços & visão que não muda com a recente queda do 💥️petróleo e do minério de ferro.
Para Arbetman e Alves, é cedo para falar que o boom chegou ao fim. Alves concorda, no entanto, que os patamares com que as commodities estavam sendo negociadas eram “insustentáveis”.
De acordo com o especialista da Valor, o mercado deve começar a ver um declínio maior dos preços das commodities se os juros continuarem aumentando & o que, no cenário projetado para os EUA, parece o mais provável de acontecer.
Isso não quer dizer que o investidor deve esquecer as commodities. Gestores estão reduzindo suas exposições, mas Arbetman e Alves ainda veem teses de investimento interessantes no setor.
A Ativa tem recomendação de compra para a Vale, por exemplo. Arbetman defende que, mesmo com uma produção mais baixa, a companhia está preparada para enfrentar os momentos mais conturbados, tanto operacional quanto financeiramente.
“Mesmo diante de uma conjuntura mais nebulosa, vemos atratividade para Vale neste momento”, afirma o analista.
Arbetman e Alves citam como ponto positivo a aprovação do novo programa de recompra de até 500 milhões de ações da mineradora. Nos patamares atuais, a ação também está barata, avaliam.
Em relação à Gerdau, os dois especialistas reforçam a elevada exposição da companhia ao mercado norte-americano, o que, em um cenário de juros altos, pode afetar as operações da siderúrgica.
Na avaliação de Alves, as empresas lá fora tendem a sofrer mais, uma vez que não há perspectiva de fechamento de juros nos EUA.
Arbetman lembra que a Gerdau conseguiu apresentar resultados positivos no primeiro trimestre do ano. Ainda, a baixa alavancagem da companhia abre possibilidade para um aumento de distribuição de proventos, diz o analista.
“Atualmente, [a Gerdau] paga 30% do lucro líquido, mas com folga no caixa. Com o nível de atividade do primeiro trimestre, isso poderia ganhar tração ao longo dos próximos meses”, avalia. Por ora, a Ativa tem recomendação de compra para o nome.
Sobre CSN e Usiminas, a dinâmica é diferente, até porque as duas empresas estão mais expostas ao mercado doméstico.
O cenário de inflação e juros elevados acaba impactando de maneira mais forte a Usiminas e a CSN, diz Arbetman. Além disso, as empresas têm enfrentado maior concorrência com os produtos importados.
Para os dois papéis, a Ativa tem recomendação ‘neutro’. Por outro lado, o analista da casa destaca que as ações sofreram bastante e estão muito descontadas.
Na opinião de Alves, com a perspectiva do fim do ciclo de aperto monetário no Brasil, a Usiminas e a CSN podem “pegar o retorno de aquecimento” e aumentar suas vendas a partir do ano que vem.
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