Etanol só ficará barato com o ICMS onde tem etanol. E por causa da gasolina
Estados com produção de etanol são os que mais sofrerão competitividade da gasolina (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)
Os estados nos quais o etanol hidratado é ‘mosca branca’ no consumo (a maioria), por falta de produção (nas suas fronteiras ou próxima) e exagero da cobrança do ICMS, o novo teto determinado dos combustíveis vai tirar pouco dos preços já muito altos. O impacto positivo será para os consumidores dos entes federativos de peso nesse negócio, que já cobravam menos imposto, e que vão ganhar com a gasolina mais barata.
O derivado do petróleo, sim, é que fará o biocombustível ficar mais barato com medida do governo, de 17%, aprovada no Congresso. “A equalização entre os estados deverá derrubar o preço em torno de R$ 1, já que a gasolina vem com ICMS entre 25% e 34%”, diz Martinho Ono, da SCA Trading.
As usinas vão ter que cortar na carne para o renovável ficar atrativo.
Os quatro maiores estados consumidores, São Paulo (51%), Minas, Paraná e Goiás, que representam 80% do comércio do hidratado nacional, já estavam acomodados na taxação, e o setor produtivo vai ter que encarar a concorrência mais pesada, ainda que sejam os maiores produtores.
O primeiro em pouco mais de 13%, o segundo em 16%, Paraná em 18%, enquanto Goiás estava acima, porém oferecendo crédito presumido para as indústrias, como no Nordeste.
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Centro-Oeste (exceto Mato Grosso) e Norte baixarão na marra suas alíquotas – de 20% a 32%, como na praça carioca -, e não representará quase nada para o consumidor.
O etanol chega de longe, muito caro, e vai seguir sem competitividade, enquanto a gasolina tem refino mais pulverizado e distribuição maior. Tem lugares nessas regiões que nunca nem chega etanol, mesmo nas baixas das grandes safras.
O Mato Grosso tem a menor alíquota do País, em 12,36%, com incentivo ao produto derivado do milho, porém com uma frota irrelevante, que cabe num bairro de Campinas. Mais ou menos como Mato Grosso do Sul, que também tem base produtiva de etanol de cana.
“O etanol hidratado [nos estados mais competitivos] terá que ficar dentro da paridade [com a gasolina], não tem para onde correr”, complementa Martinho Ono.
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